Brasília – O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, avisou que vai presidir a sessão marcada para segunda-feira 12, que pede a cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha por quebra do decoro parlamentar, sem interferir na decisão de ninguém.
É o óbvio porque, na condição de presidente, ele tem a obrigação de ser isento.
Mas, é que muita gente anda dizendo que Maia trabalha a favor de Cunha, desde o momento em que aceitou marcar a sessão para uma segunda-feira.
Nas segundas-feiras o quórum na Câmara está no aeroporto, chegando dos seus estados. E num ano eleitoral, ainda que avisados com antecedência, será necessário um esforço hercúleo para juntar o quórum regimental para abrir a sessão.
Maia disse que só abrirá a sessão quando contar mais de 400 deputados presentes. Para cassar Cunha são necessários 257 votos e até agora os que querem a cassação de Cunha somam 216 votos.
Estão faltando 41 votos.
Cunha é um barril de dinamites caso decida fazer a delação premiada, ao mesmo tempo em que tem a reprovação da sociedade, e isso leva os que pensam em salvá-lo a temerem a delação dele.
Esses vivem o dilema de salvá-lo ao mesmo tempo em que refletem sobre a reação da sociedade.
Na segunda-feira a tropa que defende Cunha, entre eles a bancada evangélica com pouco mais de 100 deputados, vai propor o fatiamento do processo, igual ocorreu na votação do impeachment da presidente Dilma.
Se for aprovado, na pior das hipóteses o que pode acontecer com o Cunha é ele ser cassado, mas sem a perda dos direitos políticos, o que permitirá voltar à Câmara em 2018, conforme o que se decidiu para a Dilma.
Mas, para essa hipótese, é necessária também a garantia do Supremo Tribunal Federal de que não votará os dois processos contra ele antes da eleição de 2018.
A semana vai começar com duas expectativas:
1)Haverá quórum para julgar o Cunha na segunda-feira?
2)Havendo quórum, os 41 deputados que faltam para se atingir o número regimental à cassação votarão contra ele?
Eis a questão. O Cunha continua confiando no Temer, e para lembrar que pode detonar todo mundo, ele ameaça fazer delação premiada caso o governo não lhe salve da cassação.