Monthly Archives: setembro 2016

Afinal, quando o Temer vai assumir o governo e encarar a nação?
   14 de setembro de 2016   │     15:27  │  5

Brasília – O tempo é o senhor da razão porque conspira contra os que se adiantam porquanto açodados e contra aos que se atrasam quando se exige pressa.

O governo Michel Temer está cometendo concomitantemente os dois erros.

Açodou-se quando tentou ridicularizar as manifestações de ruas. E o açodamento implicou na retratação do ministro da Casa Civil, Elizeu Padilha, e isto depois da corrigenda pública do ministro da Fazenda, Henrique Meireles.

Há sim muita gente nas ruas; em São Paulo foram 100 mil na manifestação da semana passada.

Temer não pode mais alegar que é interino, porque a Dilma já foi oficialmente apeada do poder. E o que está faltando para o Temer finalmente governar?

A assessoria de comunicação e marketing do Temer tem sido um desastre. É inconcebível que uma assessoria de marketing venha propor ao governo adotar o slogan “fora, ladrão”, para se contrapor ao “fora, Temer”.

E não fica só nisso; a entrevista do Temer ao Estado de S. Paulo foi simplesmente desastrosa por dois detalhes:

1) Ele disse que não quer o retrato oficial dele nas repartições públicas porque isso lhe lembra defunto.

Conversa.

2)  Ele disse que só usará a faixa presidencial quando for passar o cargo ao presidente eleito em 2018.

Outra conversa fiada.

Ainda que fosse verdade, a ausência da foto oficial nas repartições públicos é o recibo da ilegitimidade e o reconhecimento tácito do golpe.

Agravando esse quadro tem o fato de que o Temer até agora não dialogou  com a sociedade no estilo olho no olho.  Nas imagens editadas nos estúdios de gravação hermeticamente fechados, a única  e real imagem que fica é da ilegitimidade.

Pior: imagem de medo; imagem de quem está fugindo.

Faltando pouco mais de três meses para terminar o ano, o que se está esperando? Um milagre?

Afinal, quando o Michel Temer vai assumir o governo e encarar a nação?

Quem é o patife da história? Cunha ou os que o consideram como “meu malvado favorito?”
   13 de setembro de 2016   │     20:06  │  15

Brasília – Os 450 votos que cassaram o deputado Eduardo Cunha por quebra do decoro parlamentar trouxeram algo além do desfecho do processo mais longo da história do Congresso Nacional brasileiro, para cassação de um parlamentar.

Os 450 votos, mais de 100 votos além da votação para admissibilidade do processo que derrubou a presidente Dilma, surpreenderam o Cunha – que não esperava perder por escore tão alto.

Cunha é pastor da Assembleia de Deus Madureira, que é dele, e contava com os votos dos 110 outros pastores da bancada evangélica na Câmara. Mas, esses também lhe faltaram.

Alguns não foram votar e outras votaram contra.

Mas, o que causa espanto são os traidores que se beneficiaram das vantagens que Cunha ofereceu, inclusive vantagens financeiras, e os que o veneravam como “o meu malvado favorito” – e o veneravam porque são igualmente canalhas e nessa condição os semelhantes se atraem.

Cunha tem o dom da mentira e o exerce com habilidade combinando a mentira e o cinismo com uma frieza própria dos psicopatas. Ele mente com tanta convicção que, ainda que não consiga convencer exceto aos incautos, deixa a todos estupefato com a capacidade de transformar o cinismo em arma de convencimento.

Mas, os que o consideraram como o seu “malvado favorito” também não valem nada. Aliás, são até piores que ele.

Cunha só deflagrou o processo de derrubada da presidente Dilma quando soube que os três deputados do PT que compõem o Conselho de Ética da Câmara não iriam votar favorável a ele. E somente por isso.

Tanto é assim, que ele acatou o pedido para o impeachment da Dilma no mesmo dia em que soube que não teria o apoio dos deputados do PT para se livrar do processo que pediu a sua cassação. Ele nega ter sido assim, mas o que o Cunha diz nada se deve escrever.

A verdade é que ele tentou barganhar e a Dilma não aceitou.

Cunha mente compulsivamente e isso ficou nítido. Mas, até agora está difícil distinguir quem exerce melhor o papel de patife na história, se ele ou os que o consideram como seu “malvado favorito”.

O sorriso do lagarto
     │     1:07  │  9

Brasília – O homem é um animal; o cachorro é um animal, logo, o homem é um cachorro.

Claro, essa é a Lógica Matemática do absurdo.

Mas, lembremo-nos que existe a Matemática Moderna, que tem Conjunto Vazio, logo, a Lógica do absurdo às vezes prega peça em nós.

O que era um conjunto de votos para o deputado Eduardo Cunha tornou-se vazio de somente 10. Sim, se na Matemática Moderna existe Conjunto Vazio, 10 foi o vazio do Cunha.

E o que o Cunha pode fazer? Resignar-se? Recolher-se?

Não sei se vocês prestaram atenção, mas na fala dele tem um quê de ameaçador. E o sorriso que esboçou ante o resultado fatal da derrota pode ser comparado ao sorriso do lagarto.

Nesse dia 12 de setembro dois fatos devem ficar marcados:

1) A cassação do Cunha com o sorriso de lagarto.

2) E a quebra do protocolo da presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, quando no seu discurso se referiu primeiramente ao povo e só depois ao Michel Temer. Claro, ela comunicou que quebraria o protocolo.

Há ainda o terceiro fato, mas não vamos enumerá-lo porque é repetitivo. Refiro-me ao ministro da Casa Civil, Elizeu Padilha, que mais uma vez vem a público afirmar que o governo não vai parar com a Operação Lava Jato.

Na condição de porta-voz do governo, o que o Padilha está fazendo é aguçar as suspeitas, porque a operação independe do governo. O máximo que o Padilha deveria dizer na primeira vez em que foi entrevistado é que a lava Jato é um assunto da justiça.

E não é só da justiça, porque despertou o monstro nacional.

Quem vaiou o Temer no desfile do dia 7 de setembro na capital federal e vem vaiando nas aberturas de eventos esportivos, são os mesmos que saíram às ruas contra a Dilma.

Na capital federal, os militantes favoráveis a Dilma não puderam passar além da catedral.

As denúncias contra o Cunha são irrebatíveis porque as provas são contundentes. Mas, o que ele tem para contar ameaça o governo.

E pelo sorriso do lagarto se lê que há muita mágoa.

Engraçado! Mas os senhores observaram que todo presidente da Câmara que comandou o processo de impeachment de um presidente se ferrou?

Pois é.

A questão é que, como diz o pensador, a história só se repete em forma de farsa ou tragédia. Tomara que não se repita como tragédia.

Amém.

 

 

Senador Renan diz que benefício à Dilma não pode ser estendido a Cunha
   12 de setembro de 2016   │     15:53  │  3

Brasília – O presidente do Senado, Renan Calheiros, negou a possibilidade de o deputado Eduardo Cunha ser beneficiado pelo fatiamento do processo que pede a cassação dele por quebrar do decoro parlamentar.

O processo de Cunha é totalmente diferente do processo da Dilma.

Dilma teve o mandato cassado, por 61 votos contra 20, mas 16 senadores que votaram favoravelmente à cassação dela votaram depois pelo fatiamento do processo, o que lhe manteve punida com a perda do mandato, sem perder os direitos civis – ou seja, ela pode exercer cargos públicos e se candidatar em 2018.

A tropa de choque de Cunha, cujo pedido de cassação está marcado para ser votado na noite desta segunda-feira 16, vai apresentar uma questão de ordem para fatiar o processo em dois – um para julgá-lo pela quebra de decoro parlamentar e o outro para mantê-lo com os direitos civis o que permitirá que se candidate em 2018.

Se o processo contra o Cunha não for fatiado, ele ficará impossibilitado de exercer cargos públicos e de se candidatar a cargos eletivos por 8 anos.

O senador Renan explicou que o processo contra a Dilma é totalmente diferente do processo contra o Cunha, daí não pode haver comparação nem o pedido de tratamento igualitário.

São processos diferentes – sustentou o presidente do Senado, que votou favorável à cassação da presidente Dilma, mas contrário à punição com a perda dos direitos civis.

Realmente, pesa contra o Cunha a quebra do decoro parlamentar por ter mentido no depoimento ao Conselho de Ética, o que por si só enseja a cassação do mandato com a perda dos direitos políticos por oito anos.

Além disso, tem mais dois processos em andamento contra ele, por corrupção, no Supremo Tribunal Federal, além da denúncia irrefutável feita pelo Ministério Público da Suíça envolvendo a mulher dele, flagrada com o depósito de 1 milhão de dólares em bancos suíços sem que tivesse como justificar a origem.

Pelo menos cinco delatores da Operação Lava Jato já denunciaram Cunha por envolvimento no esquema de corrupção em Furnas e na Petrobras. Ele continua negando, claro, mas sem consistência.

Da lama o caos e o desespero
   11 de setembro de 2016   │     23:04  │  5

foto: Aprigio Vilanova

foto: Aprigio Vilanova O caos e a arte com Carol de Pinho

Bento-3 Bento tratada logoi-2 Bento tratada logoi-3

por Aprigio Vilanova

foto: Aprigio Vilanova

foto: Aprigio Vilanova

Corre, corre! A barragem rompeu. Palavras que se propagam em vozes desesperadas em cada cantinho de Bento Rodrigues. A lama está vindo, o barulho do terror é angustiante, a cena da tragédia é de endoidecer gente sã.

Cenário de terror esse os que viveram os moradores de Bento Rodrigues, dez meses depois e eles continuam atingidos. O cenário é de devastação depois da enxurrada de lama e rejeito de ferro dos irresponsáveis.

Pouca, ou quase nenhuma, preocupação. As pessoas sofrem e perdem suas centenárias histórias de vida. A mineração não é a única responsável por esse desastre, muitos problemas são as causas.