Brasília – O tempo é o senhor da razão porque conspira contra os que se adiantam porquanto açodados e contra aos que se atrasam quando se exige pressa.
O governo Michel Temer está cometendo concomitantemente os dois erros.
Açodou-se quando tentou ridicularizar as manifestações de ruas. E o açodamento implicou na retratação do ministro da Casa Civil, Elizeu Padilha, e isto depois da corrigenda pública do ministro da Fazenda, Henrique Meireles.
Há sim muita gente nas ruas; em São Paulo foram 100 mil na manifestação da semana passada.
Temer não pode mais alegar que é interino, porque a Dilma já foi oficialmente apeada do poder. E o que está faltando para o Temer finalmente governar?
A assessoria de comunicação e marketing do Temer tem sido um desastre. É inconcebível que uma assessoria de marketing venha propor ao governo adotar o slogan “fora, ladrão”, para se contrapor ao “fora, Temer”.
E não fica só nisso; a entrevista do Temer ao Estado de S. Paulo foi simplesmente desastrosa por dois detalhes:
1) Ele disse que não quer o retrato oficial dele nas repartições públicas porque isso lhe lembra defunto.
Conversa.
2) Ele disse que só usará a faixa presidencial quando for passar o cargo ao presidente eleito em 2018.
Outra conversa fiada.
Ainda que fosse verdade, a ausência da foto oficial nas repartições públicos é o recibo da ilegitimidade e o reconhecimento tácito do golpe.
Agravando esse quadro tem o fato de que o Temer até agora não dialogou com a sociedade no estilo olho no olho. Nas imagens editadas nos estúdios de gravação hermeticamente fechados, a única e real imagem que fica é da ilegitimidade.
Pior: imagem de medo; imagem de quem está fugindo.
Faltando pouco mais de três meses para terminar o ano, o que se está esperando? Um milagre?
Afinal, quando o Michel Temer vai assumir o governo e encarar a nação?