Brasília – O impeachment é golpe, e comandado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, virou caso de polícia, do Ministério Público e da Justiça Federal no Paraná.
Mas, Cunha permanece dando as cartas e sacolejando a República depois de, no ano passado, convidar antecipadamente a imprensa para o jantar do Natal de 2016.
Ou seja: Cunha desdenhou das acusações e das robustas provas contra e estipulou ele mesmo o prazo para ficar na presidência da Câmara, o que significa cumprir integralmente o mandato.
De onde Cunha retira tanta certeza na impunidade, não se sabe; mas, que é estranho se ter prendido a cunhada do João Vaccari Neto baseado em suposições do que parece ser e, pior, leva-la coercitivamente à depor para em seguida ser presa, isso é sim estranho.
É estranho porque a mulher e a filha de Cunha estão atoladas em provas contundentes contra elas, e não foram alcançadas pelas garras severas da justiça à maneira da cunhada de Vaccari.
Por que?
Não sei; só sei que está sendo assim. Está à vista.
Talvez isso leve o Paulinho da Força a ter coragem de vir à televisão e acusar o governo de corrupção. Lembra a estória da raposa que foi nomeada como gerente do galinheiro e depois foi presidir a investigação para apurar o sumiço das galinhas.
No rastro dos absurdos me vem a certeza de que o impeachment é golpe devido a trama paulista para o vice-presidente Michel Temer assumir a presidência.
Ou seja: a Avenida Paulista quer o Temer na presidência, porque o Temer vai fazer o que a elite paulista quer que se faça.
A reforma das Leis da Consolidação do Trabalho, a eliminação do Programa Bolsa Família e do Programa Mais Médicos e, especialmente a Petrobras com o Pre-Sal. Esses são alguns dos itens do compromisso de Temer com a elite paulista.
Ocorre que tem o porem: faltou combinar isso com os movimentos sociais e a prudência aconselha não pagar para ver. Temer não assume e se assumir não governa.
As cabeças lucidas no Congresso Nacional já fizeram essa mesma leitura do quadro político e estão surgindo propostas ousadas. Uma delas é a eleição geral em outubro, incluindo prefeitos e vereadores.
É uma proposta ousada porque os senadores que se elegeram em 2014 para oito anos de mandato não concordam.
A proposta foi lançada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e apesar das dificuldades é a mais sensata já apresentada. A República está em crise.
A Operação Lava Jato está causando prejuízo que deve levar 10 anos para o país se recuperar, isso se a operação terminar este mês.
E o prejuízo que a Operação Lava Jato vem causando respingou nos três poderes. O Executivo, o Legislativo e o Judiciário estão sendo cobrados a reagir para a própria sobrevivência.
E cobrados devido à explosão midiática que fez emergir o juiz federal Sérgio Moro, que ainda não decidiu sobre a mulher e a filha do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o comandante do golpe apelidado de impeachment.
Olhe só que confusão…
Se é ilegal, imoral e engorda o Temer assumir a presidência, porque ele é o apêndice da presidente, ou seja, ninguém vota para vice, então qual a saída?
É nova eleição. E a proposta do senador Renan Calheiros é eleição majoritária antecipada de 2018 fazendo-se coincidir todos os níveis, de presidente da República a vereador.
E não tem outro caminho porque o Temem não assume e se assumir não governa.