Monthly Archives: maio 2016

E o Brasil voltou à era do Samba do Crioulo Doido…
   16 de maio de 2016   │     22:09  │  26

Brasília – Ficou o dito pelo não dito, na primeira reunião do governo com as lideranças sindicais – a exceção da CUT e da CGT, que não reconhecem o governo.

O próprio presidente Michel Temer presidiu a reunião, que contou com a participação do ministro da Fazenda e o czar da economia, Henrique Meireles.

Ato contínuo a reunião, o ministro Romero Jucá anunciava que havia transferido para daqui a 30 dias a discussão sobre a mudança do indexador da dívida dos estados e municípios com a União.

O indexador, ou seja, o mecanismo de correção da dívida é o juro composto que incide sobre o juro simples e por isso os estados e boa parte dos municípios já pagaram a dívida e ainda continuam devendo.

O governo quer usar a negociação do indexador como moeda de troca para o apoio às medidas duras que serão adotadas. A idade para aposentadoria, por exemplo, vai aumentar e as entidades sindicais que aceitaram se reunir com o governo assinalaram que aceitam a  mudança desde que sem efeito retroativo, ou seja, só vale daqui para a frente.

Mas, a ausência da CUT e da CGT preocupa ao governo porque a CUT reúne o maior número de sindicatos de trabalhadores e tem maior poder de mobilização.

Se não bastassem esses problemas, Temer enfrenta a desconfiança do PSDB quanto ao compromisso que ele assumiu para não disputar eleição presidencial e cumprir apenas o mandato-tampão de dois anos.

O PSDB vive o dilema de ajudar Temer a governar e depois ser traído por Temer, que se lançaria candidato a presidente se lograr hesito no governo.

A República brasileira do golpe virou o samba do crioulo doido. Temer ainda não sabe por onde começar e, se isso não bastasse, ainda tem o ministro da Justiça, Alexandre de Morais, que deixou escapar na entrevista à Folha de S Paulo a inconfidência sobre a mudança no critério de escolha do procurador-geral da República.

Ou seja, no lugar de os procuradores escolherem os três nomes para o presidente da República nomear o procurador-chefe, o presidente da República é quem vai escolher os três nomes para que os procuradores decidam quem deve chefiá-los.

E, de fato, a Constituição deixa brecha para esse procedimento.

Temer procura uma mulher para chamar de ministra
   15 de maio de 2016   │     1:20  │  27

Brasília – O presidente ( por enquanto interino ) Michel Temer está preocupado com a repercussão negativa interna quanto à ausência de mulher no seu ministério, e a repercussão negativa externa sobre que o impeachment é na verdade um golpe político, ou seja, sem a necessidade das forças militares.

Sobre a ausência de negro, ele não se manifestou.

Temer mandou sondar a secretária de Cultura do Rio de Janeiro Adriana Ratter, e se ela aceitar será nomeada secretária da Cultura, com status de ministra. Quanto à repercussão internacional negativa ao impeachment, ele pediu ao ministro das Relações Exteriores, José Serra, para rebater.

Mas, rebater o quê se contra fatos não há argumentos?

Pois é; trata-se de missão dificílima para Serra, porque faltam argumentos sólidos quando se sabe como se desencadeou o processo de impeachment. A repercussão internacional negativa deve-se ao fato de não haver motivação legal para o afastamento da presidente Dilma.

A primeira semana do novo governo será de sobressaltos, quando o ministro da Fazenda, Henrique Meireles, anunciar os cortes radicais nos programas sociais, no FIES, no Bolsa Família, e, sobretudo, a volta da CPMF que será ressuscitada com outro nome, mas objetivo idêntico.

Os próximos dias prometem…

Sem negro e mulher, ministério do Temer tem 7 denunciados na Lava Jato
   13 de maio de 2016   │     9:12  │  32

Brasília – Quatro peculiaridades do ministério do governo Michel Temer chamaram a atenção da imprensa e também da oposição. São elas:

1)Não tem nenhuma mulher. É o primeiro governo desde o general Geisel, o penúltimo da ditadura militar, sem a presença de mulher.

2)Não tem nenhum negro.

3)Dos 23 ministros, 19 são políticos com mandatos ou que já exerceram mandato eletivo.

4)E dos 23 ministros, 7 estão denunciados na Operação Lava Jato.

Temer está preocupado com esse detalhe, mas a tentativa de colocar uma mulher no ministério não logrou êxito. A ex-ministra do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie, e única mulher convidada para compor o ministério do novo governo, recusou o convite para assumir a Advocacia Geral da União – que tem status de ministério.

Para tentar amenizar esse problema, ainda que não se trate do corpo ministerial, Temer está procurando uma mulher para ser líder do governo no Senado.

Mas, não é apenas essa a preocupação de Temer. Há pelo menos mais duas preocupações diretamente ligadas às medidas de ajuste da economia que fazem parte das exigências do ministro da Fazenda, Henrique Meireles.

1)Os cortes nos programas sociais, que terão de ser executados como condição “sine qua non” do programa econômico do ministro Meireles. Aliás, foram essas exigências que levaram a presidente Dilma a não atender ao ex-presidente Lula e nomear Meireles ministro da Fazenda.

2)A edição do “saco de maldades”, como definiu o jornalista William Wack durante o comentário sobre economia do Carlos Alberto Sardemberg.

Temer se apressou para acalmar a população dizendo que não vai mexer nos programas sociais como o Bolsa Família, FIES, o Mais Médico, etc., mas vai mexer sim. Apesar da pressa e do esforço para acalmar a população, o próprio Temer acabou deixando vazar que esses programas “serão aprimorados”.

Aprimorados como? Temer não disse.

Temer também negou que haverá mudanças na correção do salário mínimo e no critério de aposentadoria, mas também escondeu a verdade porque haverá sim mudanças radicais. Tanto é assim, que a Previdência Social perdeu o status de ministério e passou a apêndice do Ministério da Fazenda, porque essa é outra exigência do ministro Meireles.

A expectativa é quanto ao êxito do “saco de maldades”, que vai doer, mas se for mesmo para o bem geral da nação a dor se tornará suportável.

Gilmar Mendes livra o Aécio Neves a priori. Pode isso, Arnaldo? Pode
   12 de maio de 2016   │     23:23  │  8

Brasília – Deu a lógica que se confunde com absurdo, mas era a lógica esperada.

Nesta quinta-feira 12, antes de o galo cantar três vezes, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, desfez tudo o que tinha proposto na noite anterior e, assim, o senador Aécio Neves não mais será denunciado por envolvimento no esquema de corrupção em Furnas.

Aécio foi denunciado na delação premiada dos lobistas Fernando Baiana e Alberto Yussef, mas Gilmar Mendes considerou como “bastante convincente” as explicações que o advogado do Aécio apresentou dizendo que era tudo mentira.

Fernando Baiano, um dos delatores da Lava Jato, disse que Aécio era o mais exigente quanto à pontualidade no pagamento mensal da propina. Mas, deixa para lá porque, até provas em contrário, a mira da Lava Jato só aponta para o Lula e amigos.

Voltemos à lógica: se o Gilmar Mendes livrou o Aécio Neves, então o Gilmar Mendes também vai livrar o Eduardo Cunha baseado no princípio de que a justiça é cega.

Confesso não conhecer ninguém que esperava o Aécio ser denunciado pelo Gilmar Mendes; confesso não conhecer ninguém que acreditasse na denuncia de Gilmar Mendes contra o Aécio.

Esse é o complicado quadro atual brasileiro, onde se pode antecipar decisões da Corte Suprema de Justiça sem o mínimo risco de erro.

Do mesmo modo que já se pode antecipar o relatório do senador Antônio Anastasia favorável à derrubada da presidente Dilma, embora ele só comece a escrevê-lo daqui a 4 meses. E tudo sem o menor esforço, porque se trata de uma trama de novela com final definido a priori.

Quem sabe isso explica para o resto do mundo a manchete do jornal inglês The Guardian sobre a composição do governo de Michel Temer, que tem o próprio Temer e mais 8 ministros denunciados por corrupção.

O que o The Guardian ainda não divulgou, mas já pode divulgar com 100% de acerto, é que essas denuncias não vão dar em nada.

Pode isso, Arnaldo? Pode. Pelo menos tem podido até hoje.

Ufa! Não há o menor risco de as coisas melhorarem
     │     15:41  │  17

BrasíliaNada é de se estranhar na República brasileira dos golpes e traições.

No dia 7 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca redigiu a Ordem do Dia a todos os comandantes militares instruindo-os a reagirem contra o movimento para a proclamação da República e defenderem a Monarquia.

A frase de Deodoro é celebre:

– Ruim com ela (Monarquia), pior sem ela (Monarquia).

Oito dias após proferir essa frase de efeito, Deodoro proclamou a República. E por que Deodoro mudou de ideia e deu o golpe para derrubar o imperador Pedro II?

Porque Pedro II nomeou o senador gaúcho Silveira Martins para o lugar de Ouro Preto.

E por que Deodoro não gostava do senador Silveira Martins?

Porque o senador Silveira Martins tomou a namorada dele, a baronesa de Triunfo.

Essa é a verdadeira história da República brasileira, que está condenada à instabilidade, daí colecionar, com o golpe na madrugada desta quinta-feira 12, o seu 22º golpe desde 1889 até 2016.

Se quem com golpe fere, com golpe será ferido, então está justificado o segundo golpe da República, que foi dado pelo marechal Floriano Peixoto, para derrubar Deodoro e assumir o poder com mão de ferro.

Mas, Floriano não teve sossego e a situação se complicou quando ele nomeou o Barata Ribeiro para ser ministro do Supremo Tribunal Federal.

O motivo da reação contra a nomeação de Barata Ribeiro para o STF deveu-se ao fato de Barata Ribeiro ser um médico, embora não haja nenhum dispositivo assegurando ser o cargo de ministro do STF privativo de advogados.

Mas, na República brasileira dos golpes, quem dita as regras são os golpistas.

Não é de surpreender o que o País vivenciou desde a divulgação oficial do resultado da eleição presidencial de 2014 até a madrugada desta quinta-feira fatídica, quando consolidaram o 22º golpe na República.

Ainda bem, e deve-se até agradecer a providência divina por isso, que eles ensarilharam as armas e não se utilizam mais das forças militares para darem o golpe. Eles, os golpistas, descobriram que é mais fácil maquiar o golpe com a aparência de legalidade, ainda que falsa, com os trâmites conduzido pelo Congresso Nacional.

Bem, consolidado o golpe apelidado de impeachment e empossado mais um presidente golpista, sem credibilidade e com uma rejeição de quase 90%, nada de bom vai acontecer no governo Michel Temer.

Houve o tempo das conquistas sociais e agora chegou o tempo da destruição de todas essas conquistas, concomitante com o desmonte da aparelhagem estatal.

Ou seja: não há risco de as coisas melhorarem.