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Persignem-se! Porque a desgraça já entrou em campo
   12 de junho de 2013   │     19:31  │  2

A seleção brasileira será campeã do mundo na Copa de Futebol de 2014, e disso tenho certeza. Ouso até dizer com bastante antecedência que a final será contra o Uruguai.

Uai…

De uma coisa pode acreditar: a seleção brasileira será campeã do mundo em 2014! Isso será.

Mas o preço que a sociedade brasileira vai pagar será altíssimo. A realização da Copa do Mundo no Brasil foi um erro que será muito caro; para consertá-lo o país vai enfrentar turbulências.

Faltando mais de 1 ano para a Copa do Mundo de 2014 e o país já está amargando a conta travosa da farra. O que estava previsto como gasto de 50 bilhões de reais já passou dos 70 bilhões de reais e ninguém fala mais no assunto – porque já deve ter passado dos 100 bilhões de reais, conforme previu o ex-jogador e hoje deputado federal Romário.

O preço dessa farra será altíssimo. Já está sendo.

Ao ler os noticiários sobre a fuga de capitais no mercado financeiro eu me remeto aos meados da década de 1970, no curso de Economia da Ufal e com as aulas de Teoria Econômica 1 e 2, ministradas pelo saudoso professor Luis Fernando Oiticica Lima.

-“Se o povo soubesse como o sistema financeiro funciona…se todo mundo combinasse de ir ao banco, todos ao mesmo tempo, para sacar o dinheiro que depositou instalariam o caos mundial!” – ensinava.

O Luiz Fernando não era professor-profissional; ele era economista formado na Ufal e funcionário de carreira do Banco do Brasil, mas a didática dele é algo que se traz do berço. Não se aprende na academia.

Daí, eu tenho os seus ensinamentos ainda em mente apesar desse tempo todo que se passou e que levou o grande professor – que já não está no meio de nós. Infelizmente.

A farra para a Copa do Mundo deixou os investidores em estado de alerta. E ao se comprovar que o governo não conteve os gastos públicos e ainda por cima expandiu o crédito, eles ligaram o sinal amarelo.

Imaginem que eles preferem aplicar a grana na Bolsa de Nova Iorque, mesmo com rentabilidade menor, que na Bovespa – que paga um tantinho mais.

E novamente me vem à mente o ensinamento com aquela didática escrachada, irônica, do saudoso professor Luiz Fernando.

– “Para conter a inflação tem-se que enxugar os meios de pagamento”.

Por meio de pagamento entenda-se o dinheiro no bolso, no banco ou embaixo do colchão. E tudo mediante medidas consideradas antipáticas, especialmente na véspera de um ano eleitoral que promete acirrado. Imagine a restrição ao crédito?! Imagine não poder mais trocar de carro, como quem troca de cueca?!

A culpa de tudo não é só da farra inútil para a realização da Copa do Mundo. Mas, que é o peso maior da desgraça, isso é.

E a desgraça já entrou em campo. Como afastá-la, isso é um trabalho para a super-Dilma!

Se não é meu nem é teu, então vamos passar o rôdo
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O médico e sociólogo marxista Leôncio Basbaum dizia que no Brasil tudo começou de trás pra frente. Tivemos banco, antes de ter economia; tivemos universidade, antes de ter alfabetizados.

Mas é ainda pior. Tivemos também funcionário público antes de ter administração, e tivemos policiais antes de ter delegacias.

Tivemos até noivas, antes de termos noivos.

Em 1549, o rei de Portugal decidiu dar um emprego a Tomé de Souza – que era um general desempregado em Lisboa, depois da tentativa malograda de conquistar as Índias.

Tomé foi nomeado primeiro governador-geral do Brasil e trouxe com ele um arquiteto para projetar a cidade de Salvador; 300 funcionários públicos para tocar a burocracia da cidade e 300 policiais para a segurança pública.

O padre Manoel da Nóbrega chegou depois dele e escreveu ao rei pedindo que mandasse “noivas”, porque estava acontecendo a miscigenação entre brancos (portugueses), índios e negros.

Nessa promiscuidade, até os padres se deixaram cair em tentação e muitos deles tinham  mulheres e filhos.

O rei mandou para Salvador as jovens órfãs de pais que morreram na guerra na Índia.

Mas, o pior é que Tomé de Souza foi nomeado primeiro governador-geral do Brasil, mas o rei o orientou a não se intrometer em Pernambuco – onde Duarte Coelho era exemplo de administrador e estava rigorosamente em dia com o fisco real.

E assim nasceu o serviço público brasileiro. E assim também nasceu a polícia brasileira – que foi imposta para, naquela Salvador de Tomé de Souza, preá índios e desordeiros sem eira nem beira. E estes, de ordinário, negros e índios.

Trazidos para implantar a burocracia brasileira e se darem bem na terra desconhecida, e recém descoberta, esses 300 primeiros funcionários públicos deixaram esse legado que resiste até hoje: a corrupção baseada no princípio de se dar bem no serviço público.

O pior é que todos parecem entender e aceitar a situação. Toda indignação parece momentânea, pois uma vez no lugar se repete a prática que indignou.

Por que se mantém essa burocracia que facilita a corrupção?

Vejamos o caso do programa Bolsa Família, cujas irregularidades detectadas não espantam nem surpreende, exceto aos demasiadamente pueris.

Por que não se adota a prática de exigir o Cadastro de Pessoas Física, o conhecido CPF, como documento imprescindível e indispensável à inscrição no programa?

A consulta revelaria a real condição do candidato ao benefício.

Dir-se-á que “o público alvo do Bolsa Família é isento do Imposto de Renda”. Em tese sim, mas na prática é diferente e todos sabiam que seria diferente. Afinal, não foi o brasileiro que inventou o jeitinho?

Não há pois do que se indignar.

Até parece que tudo é feito para permitir que se desvie dinheiro público, seja nas grandes obras ou nos pequenos programas.

Ainda não decidimos se restauramos a moralidade ou se vamos nos locupletar também.

Lula vai disputar o Senado para ajudar Dilma a se reeleger
   11 de junho de 2013   │     10:24  │  4

Por não ter conseguido até agora marcar um encontro com Lula, nem sequer ter sido convidado para a reunião que Lula promoveu para discutir a eleição em 2014, o senador Eduardo Suplicy decidiu escrever uma carta.

Uma carta pública para Lula, que a Veja reproduziu.

Na carta, Suplicy se queixa de que aquele PT que queria mudar o mundo já não existe mais e adianta que só abre da candidatura à reeleição se for para o Lula – que já comunicou que gostaria ser senador.

O que mais magoou Suplicy não foi a falta de resposta aos pedidos dele para ser recebido por Lula, mas o fato de não ter sido convidado para a reunião que Lula convocou, em São Paulo, para discutir a eleição em 2014.

Tem razão.

Nessa reunião, que foi realizada no Instituto Lula, eles discutiram o futuro de Suplicy. O que foi acordado é que Suplicy será candidato a deputado federal, pois só existe uma vaga para o Senado e se o candidato não for o Lula, terá de ser quem ele indicar – que não o Suplicy.

Lula deverá disputar uma vaga no Senado, no lugar de Suplicy.

O Suplicy se tornou folclórico. Já andou vestido numa cueca vermelha sobre a calça; já cantou em inglês e recepcionou a blogueira cubana que desanda a falar mal da família Castro e do regime.

E assim, o PT de Suplicy não é o PT de Lula nem de Dilma.

Do mesmo modo, o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, não é só dele. Tem o PSB do Ciro Gomes, no Ceará, e o PSB do senador Aécio Neves, em Minas Gerais.

Mas o Aécio Neves não é do PSDB?

É. Mas mineiro é mineiro e Aécio é o patrono e o patrocinador do prefeito de Belo Horizonte, que é em tese é do PSB, mas na prática é Aécio desde criancinha.

A sucessão presidencial em 2014 promete esses lances que confundem o eleitor, porque embolam o meio -de-campo. Suplicy é a cara de um PT que não existe mais e o PSB já não mais a cara do seu guru Miguel Arraes.

Queimar dentista vivo, pode. Matar cachorro vadio, não pode
   10 de junho de 2013   │     13:15  │  60

Em São Paulo, uma dentista foi incinerada viva porque só tinha 30 reais na conta para o ladrão; outro dentista morreu uma semana depois de ter sido queimado por assaltantes, e nada disso comoveu tanto o brasileiro quanto a morte de cachorros vadios no Pará.

Sinceramente, não dá para entender.

Nada contra os cachorros sem dono que vadiavam pelas ruas de um pequeno município no Pará. Que a família dos finados caninos receba os meus sinceros pêsames.

Mas, essa inversão de valores é que incomoda. Matar gente, queimar gente viva pode; matar cachorro vadio não pode.

Fico imaginando o que seria hoje do prefeito Graciliano Ramos, que fez uma limpeza geral em Palmeira dos Índios ao mandar apreender os cachorros criados soltos. E estipulava o prazo de uma semana para o dono aparecer; findo o prazo o cachorro era abatido.

E como o dono era obrigado a pagar uma multa, eram poucos o que apareciam para resgatar o bicho.

O prefeito Graciliano Ramos fez isso para proteger a população. Ele mesmo, em 1914, perdeu três irmãos e um sobrinho vitimados pela epidemia de peste bubônica, que assolou Palmeira dos Índios – onde bicho e gente dividiam os espaços na maior promiscuidade.

Essa inversão de valores leva à dúvida atroz sobre se não estamos banalizando o crime contra os humanos. Matar gente é coisa de gente e devemos estar achando tudo natural, mas quando gente passa a matar cachorro aí é coisa de bicho.

Estamos cercados pela violência, mas nos importamos pouco com ela. Ir à farmácia ou ao supermercado e ser assaltado parece já fazer parte do programa.

Ter o carro ou o celular tomado à força pelo assaltante virou fato corriqueiro, que as pessoas contam sem indignação. A indignação só vem quando um prefeito manda matar os cachorros vadios que ameaçam a saúde da população.

Chegamos a triste situação em que um dentista queimado vivo vale menos que um cachorro vadio. E assim, vamos continuar vendo as madames levarem os seus cachorros para se aliviarem nas calçadas sem recolherem o excremento canino.

Vamos continuar vendo essa terrível inversão de valores, onde a vida de cão quem leva agora é o humano. Esse culto ao cachorro está me levando a várias conjecturas e, uma delas, é a de que o cachorro é o melhor amigo do homem.

E o melhor amante da mulher. Só pode ser. 

O que é que tem embaixo dos caracóis da sua terra, Alagoas?
   8 de junho de 2013   │     13:43  │  7

Em 1982, a finada Companhia de Desenvolvimento de Alagoas, mais conhecida como Codeal, realizou pesquisas geológicas no Agreste e Sertão.

Em 1995 “mataram” a Codeal por asfixia, e a pesquisa que  ela realizou foi parar na Companhia Vale do Rio Doce – que veio no rastro e cheiro comprovar os achados.

E comprovou.

A Vale do Rio Doce criou uma subsidiária, que se chama Vale Verde, e vai explorar o que a finada Codeal descobriu e o governo alagoano não deu valor.

Tem sido assim. Fazer o quê se essa parece ser a sina de Alagoas?!

A pesquisa da finada Codeal que foi parar na Vale do Rio Doce registrou 344 ocorrências minerais no sub-solo do Agreste e Sertão alagoano, entre minerais metálicos e não metálicos

Na região que compreende Arapiraca, Craíbas e Igaci, mais precisamente nas Serra do Minador, Serra do Paraguaçu e Serra das Lajes, e nas localidades de Quixabeira do Mel, estão as maiores e melhores reservas minerais de Alagoas.

É ferro, cobre, alumínio, vanádio e ouro – esse último mineral, associado ao ferro.

Expandindo as descobertas da finada Codeal, a Vale do Rio Doce descobriu que está no agreste alagoano a reserva de ferro com o segundo maior teor de pureza do país.

Para se ter ideia, a jazida de ferro com o maior teor de pureza fica em Belo Vale, em Minas Gerais, com 67,71% de ferro puro; e o teor de pureza da jazida alagoana é 67,45%, mas a Vale alegada que a jazida é pequena, algo em torno de 300 mil toneladas.

Em Minas Gerais passa dos 2,5 milhões!

Ah, mas que falta faz a finada Codeal. Tinha lá bons e dedicados técnicos. Se a Codeal não tivesse sido covardemente “assassinada” em 1995, esses técnicos poderiam no mínimo estar acompanhando a “operação tatu” – que se desenvolve no Agreste alagoano de forma unilateral, ou seja, sem que o Estado saiba ao certo o que tem embaixo dos caracóis das suas terras.

E como na terra de cego não tem luz, fica assim mesmo tudo às escuras em Alagoas.

Eles levam o gás natural nosso de todo dia para Sergipe, Pernambuco e Bahia, o que é mais difícil, quanto mais minério disfarçado em rocha.