Se não é meu nem é teu, então vamos passar o rôdo
   12 de junho de 2013   │     0:05  │  1

O médico e sociólogo marxista Leôncio Basbaum dizia que no Brasil tudo começou de trás pra frente. Tivemos banco, antes de ter economia; tivemos universidade, antes de ter alfabetizados.

Mas é ainda pior. Tivemos também funcionário público antes de ter administração, e tivemos policiais antes de ter delegacias.

Tivemos até noivas, antes de termos noivos.

Em 1549, o rei de Portugal decidiu dar um emprego a Tomé de Souza – que era um general desempregado em Lisboa, depois da tentativa malograda de conquistar as Índias.

Tomé foi nomeado primeiro governador-geral do Brasil e trouxe com ele um arquiteto para projetar a cidade de Salvador; 300 funcionários públicos para tocar a burocracia da cidade e 300 policiais para a segurança pública.

O padre Manoel da Nóbrega chegou depois dele e escreveu ao rei pedindo que mandasse “noivas”, porque estava acontecendo a miscigenação entre brancos (portugueses), índios e negros.

Nessa promiscuidade, até os padres se deixaram cair em tentação e muitos deles tinham  mulheres e filhos.

O rei mandou para Salvador as jovens órfãs de pais que morreram na guerra na Índia.

Mas, o pior é que Tomé de Souza foi nomeado primeiro governador-geral do Brasil, mas o rei o orientou a não se intrometer em Pernambuco – onde Duarte Coelho era exemplo de administrador e estava rigorosamente em dia com o fisco real.

E assim nasceu o serviço público brasileiro. E assim também nasceu a polícia brasileira – que foi imposta para, naquela Salvador de Tomé de Souza, preá índios e desordeiros sem eira nem beira. E estes, de ordinário, negros e índios.

Trazidos para implantar a burocracia brasileira e se darem bem na terra desconhecida, e recém descoberta, esses 300 primeiros funcionários públicos deixaram esse legado que resiste até hoje: a corrupção baseada no princípio de se dar bem no serviço público.

O pior é que todos parecem entender e aceitar a situação. Toda indignação parece momentânea, pois uma vez no lugar se repete a prática que indignou.

Por que se mantém essa burocracia que facilita a corrupção?

Vejamos o caso do programa Bolsa Família, cujas irregularidades detectadas não espantam nem surpreende, exceto aos demasiadamente pueris.

Por que não se adota a prática de exigir o Cadastro de Pessoas Física, o conhecido CPF, como documento imprescindível e indispensável à inscrição no programa?

A consulta revelaria a real condição do candidato ao benefício.

Dir-se-á que “o público alvo do Bolsa Família é isento do Imposto de Renda”. Em tese sim, mas na prática é diferente e todos sabiam que seria diferente. Afinal, não foi o brasileiro que inventou o jeitinho?

Não há pois do que se indignar.

Até parece que tudo é feito para permitir que se desvie dinheiro público, seja nas grandes obras ou nos pequenos programas.

Ainda não decidimos se restauramos a moralidade ou se vamos nos locupletar também.

COMENTÁRIOS
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  1. NETO BARROS

    COMO JÁ DIZ EU: AQUI NO BRASIL, ENQUANTO ESTIVERMOS ILUDIDOS COM ESSA TAL DE “DEMOCRACIA” DITADURA CIVIL E SEM VERGONHA , NÃO TEREMOS PAZ, NÃO TEREMOS SAÚDE, EDUCAÇÃO SEGURANÇA , ENFIM: NÃO NADA, E FICA O DITO PELO NÃO DITO.

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