Monthly Archives: junho 2013

Eles tem sede de quê? Eles têm fome de quê? Alguém sabe dizer?
   17 de junho de 2013   │     17:20  │  9

O que se passa? Por que esses jovens estão nas ruas? Eles têm sede de quê? Eles têm fome de quê? E eles protestam contra o quê mesmo?

Não, não protestam contra o aumento na passagem dos ônibus e metrô. Que ninguém acredite nisso, porquanto muitos deles têm carro e não andam de ônibus nem de metrô.

Ninguém me contou. Eu estava lá e vi o protesto no entorno do estádio, antes do jogo da seleção brasileira contra o Japão.

Um dos manifestantes tirou o ingresso do bolso e o rasgou. Lá se foi, no mínimo, 190 reais picados – pensei eu, que fiz de tudo para comprar o ingresso e não consegui.

E aquele jovem de classe média rasgou assim o ingresso para protestar contra…contra o aumento do preço da passagem no ônibus e metrô?!

Foi não; o protesto é contra não sei o quê. E assim, protestando contra não sei o quê, o país está sob suspense. Em qualquer lugar desses 27 estados pode eclodir um protesto a qualquer momento.

Uns não sabem e outros sabem, mas esqueceram ou se fazem de esquecidos, como começou o famoso movimento de maio de 1968, na França.

Começou assim, com um protesto contra não sei o quê.

Esse movimento de maio de 1968, na França, se irradiou pelo mundo seguindo os rastros de uma transformação que as autoridades não perceberam, ou perceberam e reagiram assim mesmo.

1960, a década revolucionária.

1) A revolução musical com ícones iguais aos Beatles, Rollingt Stones, Bob Dyllan, Jimy Hendrix, Jani Joplin, Pink Floyd...

2)  revolução sexual promovida pela descoberta da pílula anticoncepcional.

Enfim, a revolução de modas e costumes do movimento hippies.

E um reitor de uma universidade em Paris decidiu proibir os homens de frequentarem o alojamento das mulheres, e vice-versa.

Foi por isso, e só por isso, que eclodiu o famoso movimento de maio de 1968?

Oficialmente sim. Mas, é claro que se tratou apenas do estopim. Naquele ano, a juventude precisava chutar o pau da barraca e chutou.

E continuará chutando, todas as vezes em que achar necessário.

E as autoridades brasileiras, o que fazem?

Ah, iguais ao reitor da universidade de Paris que proibiu os homens de frequentarem o alojamento das mulheres e, com isso, fez eclodir a revolta de maio de 1968, as autoridades brasileiras procuram a causa pisando sobre ela.

Não temos educação, nem saúde, nem segurança pública.

Mas gastamos R$ 150 bilhões para oferecer o circo, que está guarnecido por uma polícia apta para combater o terrorismo internacional, mas incapaz de prender o punguista.

Mata-se gente igual se mata mosquito. Mata-se um menor de 2 anos no colo do pais e corre-se para o abraço da galera.

Queimam-se pessoas vivas como quem queima entulho.

Eu acho que já chegou a hora de a gente saber: esse pessoal tem sede de quê? Tem fome de quê?

Expresso 2014 partiu direto para Arapiraca, e pra depois
     │     9:14  │  3

O mau tempo impediu a decolagem do helicóptero, mas não impediu o “Expresso 2014” de partir direto para Arapiraca e tendo como “piloto” nada mais que o senador Fernando Collor – que agiu rápido para resolver o impasse.

A bordo do “Expresso 2014” estavam o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, o governador Téo Vilela e os senadores Renan Calheiros e Benedito de Lira. Eles inauguraram no domingo a subestação de energia elétrica de Arapiraca.

Ao saber que a aeronave que os levaria a Arapiraca não poderia decolar devido ao mau tempo, Collor não hesitou:

– “Vamos no meu carro!” – propôs.

E se eram cinco passageiros para igual número de vagas, o próprio Collor tomou a direção do veículo e mostrou que é cauteloso na estrada e que, apesar da pressa, não queimou sinal nem fez ultrapassagem perigosa.

E assim, respeitando a lei do trânsito, todos chegaram tranquilos em Arapiraca e desembarcaram do “Expresso 2014” para a surpresa geral. A prefeita Célia Rocha parecia não acreditar no que estava vendo:

– “O ministro (Edison Lobão), o Renan, o Téo, o Biu e o Collor juntos! É isso mesmo o que eu estou vendo?!

Era. Mas não deverá ser assim em 2014.

A subestação de energia elétrica de Arapiraca é uma obra de fundamental importância para a região e o Estado. Sem ela, a Mineradora Vale Verde não poderia entrar em operação; e também os projetos de expansão econômica no Agreste estariam prejudicados.

Mas não foi fácil superar os obstáculos e construir a subestação. O sucesso se deve muito à amizade dos senadores Renan e Collor com o ministro Edison Lobão.

Aliás, sobre a amizade de Lobão e Renan tem o fato recente que ninguém noticiou e que está relacionado a disputa pela presidência do Senado.

O PT exigia o cumprimento do acordo para alternância do poder na Câmara e no Senado; na Câmara o PMDB sucedeu ao PT e o PT queria o mesmo no Senado, mas o acordo foi feito sem a participação dos senadores e, daí, a validade ficou restrita à Câmara.

Inconformado, o PT tentou tirar o senador Renan do páreo e apelou para a presidente Dilma – que chegou a propor ao ministro Lobão que deixasse o ministério e reassumisse a vaga no Senado.

E Lobão respondeu a Dilma:

– “Eu volto para o Senado, mas para votar no Renan pra presidente”.

Pronto! E não se falou mais em acordo para alternância do poder e Renan foi eleito presidente do Senado com mais voto que esperava.

Renan e Collor se debruçaram sobre o projeto da subestação de energia elétrica em Arapiraca e, só para se ter ideia dessa luta, o ministro Lobão esteve duas vezes na região: uma para anunciar a obra e a segunda vez, domingo, para inaugurá-la.

E, quem diria que o ministro embarcasse no “Expresso 2014”, que começou a circular partindo de Maceió direto pra depois!

O dia que a cachorra Baleia visitou Cannes
   16 de junho de 2013   │     8:00  │  2

*Aprigio Vilanova

O filme Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, baseado no romance homônimo do escritor Graciliano Ramos, completa meio século este ano. É o filme brasileiro mais premiado internacionalmente.

Houve um caso inusitado, no festival de Cannes em 1964, após a exibição de Vidas Secas e que o cineasta Luis Carlos Lacerda, o bigode, amigo de Nelson e co-diretor de For All – O Trampolim da Vitória contou na 8ª Mostra de Cinema que está acontecendo em Ouro Preto, Minas Gerais.

A exibição do filme Vidas Secas causou o maior burburinho. E foram muitos os motivos para os rebuliços, a proposta estética do cinema novo, o drama vivido nos rincões brasileiros, e a morte da cachorra Baleia.

Uma senhora francesa membro de uma instituição defensora dos direitos dos animais repudiou a cena que a cadela é sacrificada e afirmou que Baleia tinha sido morta na gravação. Nelson Pereira dos Santos explicou que a cachorra estava viva e em perfeitas condições de saúde, mas mesmo assim a senhora permaneceu irredutível.

A declaração do cineasta não foi suficiente, tiveram que levar Baleia à Cannes para que ficasse comprovado que estava viva. Foi aí que aconteceu um dos casos mais pitorescos envolvendo o cinema brasileiro.

Uma verdadeira operação de guerra foi montada para garantir a ida da cadela a Europa. Era preciso garantir o mais rápido possível a viagem à França, conseguiram o vôo e então foi Baleia para sua viagem internacional.

A imprensa francesa aguardava em polvorosa a chegada de Baleia. Era uma pauta um tanto inusitada, o desembarque de uma cadela. Mas não era qualquer cadela, era Baleia a cadela- artista.

A chegada foi triunfal, mas não teve direito a tapete vermelho. A quantidade de flashes não assustou Baleia que a essa altura já era artista de respeito e estava familiarizada com o assédio das câmeras.

Nem com a cadela na França a senhora sossegou, para a ativista dos direitos dos animais cachorros ‘vira-lata’ são todos iguais.

 *estudante de Jornalismo da Universidade federal de Ouro Preto – Ufop

 

E se a seleção não for campeã? Tem nada não; será em 2014!
   14 de junho de 2013   │     9:20  │  3

O futebol substituiu os duelos nas arenas romanas. No lugar dos gladiadores que se engalfinhavam até a morte, tem-se agora o futebol que estipula a vitória em gols.

Não há esporte mais completo e, por conseguinte, atraente. No futebol só se exige habilidade, daí  a altura ou a estatura não serem documentos.

Quanto mais baixinho, mais arisco e mais perigoso – que o digam os laterais.

O tamanho do campo para o embate, que repete a arena romana; a proibição de usar as mãos para 20 dos 22 contendores e a exigência de rapidez no raciocínio completam esse caldo atraente.

Não é por fantasia que se tem a defesa e o ataque; o tiro de meta, o tiro de canto e o tiro livre; o ponteiro e o artilheiro.

O futebol tem tática de guerra. Os defensores formam a Artilharia, os do meio de campo é a Intendência ( abastece, municia) e os atacantes são a Infantaria – que invade o campo inimigo.

O futebol tem esse fascínio que outro esporte com bola não tem.

Neste sábado começa a Copa das Confederações, mas algo me diz que a seleção brasileira não será campeã porque será campeã do mundo em 2014, contra o Uruguai.

Ora, se o futebol é tudo isso; se é uma tática de guerra, como antecipar o resultado antes de a batalha começar?

Não sei; só sei que algo me diz que a seleção brasileira só será campeã em 2014.

Daí, que ninguém se rasgue nem caia em depressão se a seleção brasileira não for campeã da Copa das Confederações.

Pode ser vice hoje e campeã amanha, com o Tite no comando. Quem sabe?

O problema não é a passagem, mas o péssimo serviço
   13 de junho de 2013   │     18:44  │  1

As manifestações contra o aumento no preço da passagem dos ônibus municipais, que estão pipocando país afora feito efeito dominó têm duas causas:

O valor da passagem e a qualidade do serviço – que é péssimo, com exceção de Curitiba.

Em Curitiba o transporte em ônibus funciona. Fora de Curitiba é o caos.

São ônibus velhos que quebram com facilidade; são motoristas orientados pelas empresas para deixarem no ponto quem anda de graça ou com abatimento; são ônibus que queimam as paradas, enfim, são inúmeras irregularidades que desautorizam o reajuste no preço.

A expansão urbana no Brasil se deu assim dessa forma: não há transporte de massa e a massa é obrigada a sobreviver sob o império da lei do mais forte.

Com essas manifestações que começaram em Goiânia, eclodiram em São Paulo e chegeram ao Rio de Janeiro é bom não pagar para ver em Maceió.

Porque o que tem de galões de álcool aguardando a ordem para alimentar o fogo, não está no gibi.