Brasília – Sobre o imbróglio entre o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, fica a pergunta.
Respondam sim ou não.
– Pode um juiz decidir sobre um processo que está sob pedido de vista, antes que o juiz que pediu vistas devolva-o à votação?
1)Sim, pode.
2)Não pode.
Se a resposta for sim, pode – então o ministro tem razão; se a resposta for não pode, aí quem tem razão é o presidente do Senado.
Num país abarrotado de problemas, inclusive quanto a legitimidade do próprio governo instalado sem o respaldo do voto soberano, o mínimo que se esperava dos poderes era equilíbrio nas suas ações.
Que sirva, então, de lição.
O ministro Marco Aurélio Mello tem se destacado pelas suas posições coerentes e decisões sabias, que refletem os anseios da sociedade, e causou estranheza ter-se envolvido no tal imbróglio.
Houve um desgaste para os dois poderes, desgastes esse desnecessário e que deveria ter sido evitado.
É claro que uma decisão judicial tem obrigatoriamente de ser cumprida, mas é imperioso que essa decisão esteja lastreada e muito bem fundamentada. No caso específico, era imperioso que o plenário do Supremo decidisse diante da magnitude da questão.
Não se trata de um senador, mas da presidência de um poder. Se é possível, mediante uma simples liminar, afastar o presidente do Congresso Nacional, também é possível afastar o presidente da República.
Qual a diferença?
Nenhuma, ambos são presidente de um poder republicano.
Mas, esse conflito que ora se assiste tem a sua raiz na confusão generalizada em que vive a República brasileira. É como quem diz: na casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão.
No Brasil está faltando um comandante. A nação iguala-se a nau à deriva e essa sensação está contaminando a todos, sem exceção.
O imbróglio entre o presidente do Congresso Nacional e o ministro do Supremo é apenas um detalhe.