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Alguém sabe dizer por que o Temer tem tanto medo do Cunha?
   30 de junho de 2016   │     17:28  │  24

Brasília – O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, permanece dando as cartas e lendo a sorte do governo Michel Temer – que, se for confirmado no cargo, já se sabe: Cunha será o primeiro-ministro “imexível”.

Mesmo afastado e proibido de frequentar a Câmara, Cunha nomeou ministro do Temer e, num feito inédito na história da República, escolheu o líder do governo na Câmara e Temer, que tinha outro nome para liderar o seu governo, teve de engolir calado.

Cunha também escolheu o relator do processo que pede a cassação dele na Câmara e quando soube que precisaria do aval de Temer, não hesitou em ir ao Palácio do Jaburu e aguardar, todo refestelado na poltrona para os íntimos, que Temer voltasse da viagem a Goiânia.

Pensemos na cena, num exercício de simples imaginação.

Cunha, você aqui?!

Estava lhe aguardando, Temer. Quero dizer que escolhi o relator do processo contra mim. Vai ser o irmão Ronaldo Fonseca, pastor da minha igreja aqui em Brasília, e pessoa da minha mais alta confiança. O que você acha, Temer?

Perfeito, Cunha. Se você escolheu, então está escolhido. Quem sou eu para contestá-lo. Você é o cara, Cunha!

Resolvido o problema, que nunca foi de fato problema, Temer e Cunha foram então assistir a partida de futebol entre as seleções da Argentina e do Chile.

Mas, não pensem que o poder de Eduardo Cunha se restringe apenas sobre o governo Temer. Pelo menos até agora, Cunha tem demonstrado que também tem poder sobre o juiz Sérgio Moro, que há dois meses está com todas as provas contra a mulher e a filha de Cunha por se beneficiarem do dinheiro da corrupção depositado na Suíça, e nada decidiu até agora.

Aliás, o assunto saiu do noticiário e até mesmo a Operação Lava Jato já pulou de fase deixando a fase que apura as denúncias contra o Cunha para trás. Isso comprova que o Cunha é mesmo o cara do governo Temer.

E o Temer, mais perdido que cego em tiroteio, também voltou atrás no propósito de acabar com o Bolsa Família. Imaginem que a presidente eleita, Dilma Rousseff, havia concedido o reajuste de 9% para o Bolsa Família, mas para vigorar só a partir de setembro, e foi alvo de pesados ataques.

Pois bem, além de manter o Bolsa Família, o Temer anunciou que vai reajustá-lo em 12% e para vigorar já agora em julho!

Ué! Mas o rombo não é de R$ 170 bilhões e como o Temer vai conceder o reajuste de 12% para o Bolsa Família e de mais de 40% para o Judiciário?

Vamos, pois, voltar à pergunta: alguém sabe dizer por que o Temer tem tanto medo do Cunha?

O que Temer e Cunha fizeram numa noite de domingo?
   28 de junho de 2016   │     13:32  │  21

Brasília – Na segunda-feira 27, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), indicou o deputado Ronaldo Fonseca ( PROS-DF) para relator do processo que pede a cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente afastado da Câmara.

Detalhe: Serraglio é ligado ao Temer e Fonseca é pastor no Distrito Federal da igreja que o Cunha é mais-que-pastor no Rio de Janeiro.

Captou a mensagem, amados mestres?

Vamos recapitular: domingo 26 Temer recebe o Cunha no Palácio do Jaburu, e dizem até que beberam vinho e assistiram juntos ao jogo Argentina e Chile. Na segunda-feira 27 o pastor Fonseca é escolhido para relatar o processo contra o irmão de fé.

Dizem que coincidência só poderia existir se dois corpos pudessem ocupar o mesmo espaço, ao mesmo tempo – o que é impossível para a Física. Mas, digamos que a Física está errada e na política pode sim haver coincidência.

Nessa tragédia política brasileira que ora assistimos, nem tudo é lamento. Há as cenas hilárias também, como a justificativa que o Palácio do Jaburu deu para o encontro entre Temer e Cunha.

Pasmem!

Foi um encontro ( entre Temer e Cunha ) de avaliação do quadro político atual”…

Oh! Glória! Aleluia! Aleluia!

Ainda bem que foi um “encontro de avaliação do quadro político atual”, porque poderia ser de encontro para avaliação do quadro político na Coxixina, Capital da Goma-Arábica.

Vale ressaltar que o presidente afastado da Câmara está impedido pelo Supremo Tribunal Federal de ir à Câmara, mas não está impedido de ir discutir política com o presidente da República dentro do palácio.

E de, no dia seguinte a discussão política com o presidente, abrir serelepe o Diário Oficial da União e vê lá o irmão Fonseca nomeado dono da caneta-mor com a qual pode escapar do processo de cassação do mandato.

Mas tudo isso é segredo, porque Cunha negou peremptoriamente que tivesse se encontrado com Temer, embora Temer tenha confirmado o encontro.

Apesar das evidências, das coincidências e das confirmações, mas fazendo-se de conta que somos todos imbecis, o que Temer e Cunha fizeram mesmo numa noite domingo?

 

 

Peritos independentes concluem que não houve “pedaladas” de Dilma. E agora, José?
   27 de junho de 2016   │     13:30  │  32

Brasília – Os peritos independentes do Senado apresentaram o relatório sobre a fundamentação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff e a conclusão desagradou ao relator do processo de impeachment, o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG), que esperava ver a sua tese corroborada.

Num parecer irretocável com 223 páginas, os peritos do Senado analisaram os 4 decretos com 3 alterações de previsão Orçamentárias que fundamentaram o pedido de impeachment e concluíram que não houve pedaladas. A argumentação dos juristas Miguel Realle Júnior, Hélio Bicudo e Janaína Paschoal não tem sustentação jurídica.

E agora, José?

E agora, isso me faz lembrar um governador de Alagoas, Geraldo Bulhões, quando ele definiu que a lei existe para ser estuprada. Pelo menos, no caso do impeachment da presidente Dilma, a sentença do governador foi comprovada.

O parecer dos técnicos do Senado justifica a tese de que o impeachment é golpe. Dificilmente o parecer independente e apartidário, ainda que seja a única peça jurídica efetivamente técnica, será levada em consideração exatamente porque não se trata de impeachment – mas, a argumentação jurídica isenta manterá a ilegitimidade do governo Temer.

Na véspera da abertura das Olimpíadas o parecer isento desmontando toda a argumentação para o pedido de impeachment dá margem às manifestações que vão se seguir. E o pior é que o governo Temer terá muita dificuldade para se legitimar diante das margens robustas de dúvidas quanto à legitimidade do processo que afastou uma presidente legitimamente eleita e ilegitimamente afastada.

No ano das Olimpíadas, a derrubada da Dilma lembra a cena daquele corredor brasileiro que foi impedido de completar a prova e chegar em 1º lugar porque foi golpeado por um torcedor adversário que invadiu a pista de corrida e o impediu de completar o mandato.

Digo: o impediu de completar a corrida.

Comitê Olímpico convida a Dilma para abertura dos jogos
   26 de junho de 2016   │     23:41  │  7

 Brasília – Apesar dos passos acelerados desde a trama na Câmara comandada pelo presidente afastado Eduardo Cunha, o que não se desejava vai acontecer.

Mas, nada que cause espanto – ainda que inédito.

Se é verdade que existem dois papas, um aposentado e outro em atividade, também é verdade que existem dois presidentes da República – um no poder e outro apeado do poder.

E assim, as Olimpíadas no Brasil entra para a história como a primeira da história aberta por dois reis de um mesmo reinado, ou melhor, dois presidentes de uma República cuja história é a mais escrota da história.

Deve ser porque o Brasil foi “descoberto” e os outros países foram conquistados.

Michel Temer foi informado pelo presidente do Comitê Olímpico de que a presidente Dilma seria convidada para a abertura das Olimpíadas. Foi a resposta publica da sondagem de Temer sobre a possibilidade de apenas ele ser o convidado oficial.

A presidente afastada ainda não decidiu se aceitará o convite para participar da abertura dos Jogos Olímpicos e o presidente em exercício ainda não decidiu a estratégia para disfarçar as vaias de eco internacional que ai levar.

São os impasses eternos da República brasileira dos golpes.

O juiz da Série C desmoralizou o Supremo Tribunal Federal, foi isso Arnaldo?
   24 de junho de 2016   │     17:28  │  21

Brasília – Não interessa a motivação, não interessa o objetivo porque a questão fundamental é: até quando o Supremo Tribunal Federal vai se deixar ser flagrante e ostensivamente desrespeitado por um juiz?

Não é a primeira vez. A reincidência está escrachada.

A invasão de um apêndice do Congresso Nacional, sem a devida autorização da autoridade competente, não é só crime, mas afronta às instituições republicanas.

Refiro-me à invasão do apêndice do Senado, que está momentaneamente ocupado pela senadora Gleise Holffman.

E o pior: sem nenhuma argumentação plausível, o que agrava a ação ilegal.

Se a ação visou o ex-ministro Paulo Bernardo, a conduta legal seria solicitar autorização ao Supremo Tribunal Federal para adentrar ao imóvel que tem foro jurídico.

O apartamento não pertence à senadora, mas ao Poder Legislativo, onde o juiz não tem competência para decidir – só o Supremo Tribunal Federal pode decidir.

E por que o juiz, que é obrigado a conhecer a lei, não agiu dentro da legalidade?

Porque, como o próprio ministro Teori Zavascki alertou, o País está vivendo uma situação complicada em todos os sentidos: político, econômico e social.

Se o juiz queria de fato agir em respeito à lei e ao Direito, ele tinha dois caminhos:

1) Pedir autorização ao Supremo Tribunal Federal para adentrar no imóvel funcional do Senado.

2) Montaria uma campana à distância do imóvel funcional do Senado e prenderia o investigado.

Isso, sem se levar em conta que no Brasil prende-se para investigar quando o correto e o legitimo é investigar para prender.

Agora vem o mais grave: a operação ilegal oriunda de São Paulo, a residência oficial do PSDB, deu-se ato contínuo à declaração do Marcos Valério de que iria fazer nova delação premiada para denunciar o PSDB.

Entendeu agora?

Vale lembrar que o Marcos Valério era o agente do esquema do governo Fernando Henrique Cardoso, que migrou para o governo do PT, assim como migraria para qualquer outro governo que o deixasse à vontade igual ficou no governo do FHC.

Moral da história: a história oficial brasileira não tem moral.

E atenção, muita atenção: a reincidência do ato ilegal de um juiz da Série C contra o Congresso Nacional, se ficar impune ou se for acatada, abrirá um terrível precedente. Hoje foi o apartamento da senadora Gleise Holffman e amanhã, de quem será?