Brasília – Se a missão do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em Curitiba era desviar o foco da Operação Lava Jato no governo Michel Temer, então ele conseguiu.
O alvo fresquinho que atinge duramente o governo e já causou três baixas cedeu espaço para a Operação Lava Jato retroagir e fisgar o ex-ministro dos governos Lula e Dilma – e que já está preso.
Coincidência?
O ex-ministro petista Paulo Bernardo foi preso na residência oficial de senadores, o que se constitui violação por se tratar de extensão do Senado.
O fato de a extensão do Senado está ocupada pela esposa de Bernardo, que é senadora, torna a ação uma afronta – aliás, por reincidência.
Mas, se há realmente a determinação de se desviar o foco, então vale tudo.
Imagine que tudo isso aconteceu concomitantemente com a decisão do publicitário Marcos Valério de fazer nova delação premiada, e desta vez para denunciar o esquema do PSDB, de onde, aliás, ele é originário.
Valério começou a operar no governo Fernando Henrique Cardoso e transplantou para o governo Lula toda a “tecnologia”, mas até agora só foi punido pelas traquinagens posteriores.
As traquinagens anteriores, ou seja, no governo do FHC e em conluio com o PSDB, essas o Valério tá doidinho para contar, mas ninguém parece disposto a ouvi-lo. E agora, com a operação-retrocesso que pegou o Bernardo, tudo indica que o Valério continuará falando sozinho.
Depois da missão exitosa do ministro da Justiça em Curitiba, que coincidiu com o desvio do foco da Operação Lava Jato para reencontrar um ex-ministro do PT, é de se considerar difícil que alguém queira ouvir o que o Valério tem a dizer – ainda que, o que o Valério tem a dizer represente o fio da meada de todo escândalo.
Nada há mais de ser surpresa.