Monthly Archives: setembro 2014

Aécio Neves está perdendo até em Minas Gerais
   11 de setembro de 2014   │     16:33  │  4

Brasília –  A candidatura do Aécio Neves à presidência me remete à passagem com o velho Teotônio Vilela, num diálogo com o jornalista Claudio Humberto Rosa e Silva, na velha Tribuna de Alagoas:

Senador, por que o senhor não sai candidato a presidente da República? – sugeriu o Cláudio Humberto.

O Teotônio deu aquela gargalhada característica e cofiando o bigode respondeu:

Meu filho, primeiro eu teria de derrotar o Tancredo Neves.

O velho Teotônio estava no auge com a sua pregação país à fora, o que tinha inspirado o genial Milton Nascimento a compor “O Menestrel das Alagoas”.

Tancredo Neves, pelo contrário, além do passado com Getúlio Vargas, do qual só conseguiu salvar a caneta quando Getúlio se suicidou, era apenas aquele que dividiu a oposição ( na época, o MDB ) e tentou fundar o PP – e depois recuou.

Mas, o Tancredo era Minas Gerais; era o leite.

Tancredo se elegeu presidente por via indireta e a sua morte protagonizou o maior absurdo jurídico da história da nação, que foi a posse do vice. Ora, Tancredo morreu antes de prestar o juramento e tomar posse – logo, era o presidente do fato que ainda não havia gerado o direito; e sem assim, o colégio eleitoral teria de ser convocado novamente.

Desse imbróglio jurídico-institucional gerou a “Nova República” que, na verdade, trouxe velhos costumes e, entre esses, a velha mania de golpear tudo, inclusive a Constituição.

Na eleição este ano, a candidatura do Aécio Neves também nos remete às velhas práticas e, como se por osmose, à prática do avô que ansiava ser presidente da República nem que para isto tivesse de criar um partido para chamar de seu.

Resultado: Aécio Neves não vai eleger sequer o seu candidato a governador de Minas Gerais – pelo menos é isto o que diz as pesquisas.

Quanto mais se eleger presidente da República.

O vice-presidente do Aécio, que ele escolheu para afagar São Paulo, é na verdade a zebra da eleição passada que herdou os votos do Orestes Quércia, mas não tem cacife algum.

E Aécio vai perder a eleição também em São Paulo, porque não entendeu que primeiro a gente coloca o café e depois o leite.

Juvenal, por que a Marina não fala mal do Lula nem a pau?
   10 de setembro de 2014   │     19:04  │  6

Brasília – Pensando comigo: nunca, na história deste país, nós vivemos mais de 15 anos de estabilidade política.

A República brasileira foi instalada com um golpe e o primeiro presidente da República foi eleito por um colégio eleitoral de “notáveis”.

E os primeiros presidentes da República brasileira foram dois marechais, não por coincidência eram alagoanos, porquanto coincidência não existe.

O marechal Deodoro, que proclamou a República devido a uma dor-de-cotovelo incurável que lhe acometeu quando foi interventor no Rio Grande do Sul, e o marechal Floriano eram como se diz hoje “os caras” da Monarquia.

Pedro II, o maior de todos os brasileiros que já governou o país, até tirou uma onda quando lhe colocaram para o exílio forçado embarcado no paquete chamado Alagoas.

Já que estão me levando para Alagoas, me deixem em Penedo – disse Pedro II ironizando seus algozes.

De 1889 até 1969 foram vários golpes. Não pensem que o golpe militar foi apenas em 1964; quem pensa assim não conhece a história – o golpe propriamente dito se deu em 1969.

Em 1989 acabou o ciclo militar. Mas, para o desespero da elite nacional, e em especial, da elite paulista, quem se elegeu presidente da República foi um governador de um Estado nordestino e se isto já não bastasse logo de Alagoas, o único Estado brasileiro que foi inventado.

Conversa vai, conversa vem, no final da década de 1970 surgiu um líder sindical com nove dedos nas mãos e um partido que se contrapôs ao ideal messiânico getulista do PTB; e este metalúrgico chegou ao poder.

Chegou e se quiser voltar ele volta.

Nesse particular eu entendo o motivo de a Marina Silva não falar mal do Lula, mas nem a pau, Juvenal. Eu também não falaria jamais!

O Lula inventou a Dilma, que nunca disputou eleição nem para Rainha do Milho, quanto mais a Marina. É ou não é?

Se não é, então me responda Juvenal: por que a Marina não fala mal do Lula, mas nem a pau?

 

O alagoano nasceu para viver dançando, foi? Que pena…
     │     14:36  │  1

Brasília – Se a pressa é de fato inimiga da perfeição, então Alagoas é o exemplo mais evidente na Geografia e na História.

Na Geografia o exemplo está no mapa: o Estado de Alagoas foi inventado em 1817, mas em 1945 perdeu definitivamente os municípios de Correntes, Bom Conselho e Águas Belas.

Como assim, perdeu?

É que o pai do Agamenon Magalhães, quando soube que o filho dele tinha sido nomeado governador de Pernambuco determinou ele mesmo que os municípios de Correntes, Bom Conselho e Águas Belas não mais pertenceriam a Alagoas.

E foi simples assim?

E por que foi tão simples assim mudar a Geografia de Alagoas?

Porque Alagoas é o único Estado da federação que não foi conquistado e sim outorgado como prêmio.

Prêmio? Prêmio por quê?

Porque em 1817, quando os pernambucanos se rebelaram e criaram a República brasileira a região ao Sul da província pernambucana não aderiu. A reação contrária a República foi comandada pelo ouvidor Antônio Ferreira Batalha – que decidiu por conta própria tornar independente a região que é dividida pelo rio que separa São José da Coroa Grande de Maragogi.

Do rio para cima permaneceria com Pernambuco e do rio para baixo, até o Rio São Francisco, seria Alagoas, que o ouvidor Batalha decidiu subordinar a Bahia.

São 27 mil quilômetros quadrados empanturrado de água de rios e lagoas, além de banhado pelo mar, que falar de seca em Alagoas é a mesma coisa que falar de falta de gelo no Polo Norte.

Os problemas no ínfimo e ameno semi-árido alagoano só existe porque é preciso mão-de-obra para cortar cana e fazer açúcar e álcool, e a mão-de-obra mais perto e mais barata está no semi-árido.

Só por isso e nada mais.

Alagoas é um Estado pequeno, com terras férteis e abundância de água, mas a julgar pelo que dizia e propunha o grande Graciliano Ramos, o Estado deve padecer da síndrome do vira-lata.

Graciliano sugeriu bombardear a foz do Rio São Francisco e destruir Alagoas para se fazer um golfo no Brasil, pois todo país desenvolvida possui um golfo.

Lembro-me de outra passagem histórica, com o Panteon construído na antiga Praça da Faculdade, no Prado, para receber os restos mortais dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, mas os descendentes não deixaram.

E assim vamos seguindo com o Estado e esse complexo de vira-lata.

E por seguirmos assim, temos então a campanha eleitoral mais escrota do país. Ora com o ridículo das dançinhas escrotas, ora com as acusações e golpes vis que mostram o quanto somos inferiores.

Agora eu entendo o motivo de Alagoas ter sido o único Estado inventado e também o único Estado que foi governado por um argentino.

Nada contra os argentinos, mas o exemplo histórico serve para ilustrar o quanto ainda estamos longe de deixar de ser uma vergonha nacional. 

Marina ama o Lula, que ama a Dilma e a Marina
   9 de setembro de 2014   │     14:14  │  5

Brasília – Não adianta insistir porque a Marina Silva não vai bater no Lula, e ela não faz segredo disso.

E a recíproca é verdadeira.

Mas, por que isso?

Porque o Lula, como bem definiu o velho e saudoso Teotônio Vilela, é a maior invenção do general Golbery.

E o Lula também é o Getúlio Vargas da modernidade, ou seja, depois do Estado Novo; não por acaso e muito menos por coincidência, porque coincidência não existe, o Lula também repetiu o gesto da mão umedecida de petróleo.

Para o Lula tanto faz Marina ou Dilma; qualquer das duas que se eleger presidente o resultado está em casa.

Nunca, na história deste país, o Brasil e os brasileiros conheceram tanto tempo de estabilidade política – que se iniciou em 1989 com a eleição do presidente Fernando Collor.

E não seria agora, com a eleição, que se haveria de mudar o curso dessa estabilidade política, ainda mais com o Lula sendo o “guru” das duas principais candidatas.

É tempo, pois, de recordar o velho Teotônio quando disse a nós ( Noaldo Dantas, Dênis Agra, Claudio Humberto Rosa e Silva e eu ) que o general Golbery inventou o Lula.

Na verdade, o Lula se deixou inventar e nunca na história deste país um ex-presidente da República conseguiu dois planos para sucedê-lo.

O plano A, que é a Dilma – ou será a Marina? E o plano B, que é a Marina – ou seria a Dilma?

Parece que, finalmente, o Brasil ficou independente
   8 de setembro de 2014   │     15:28  │  3

Brasília – A independência do Brasil custou 2 milhões de libras esterlinas e com ela ( a independência) deu-se início a divida externa.

O negócio se deu assim: Portugal ameaçou reagir e até reagiu contra o gesto simbólico de Pedro I, mas a Inglaterra entrou em ação e resolveu a querela.

Portugal devia tudo, inclusive dinheiro, à Inglaterra e foi forçado a aceitar o que os ingleses propuseram.

Seguinte: Portugal devia 2 milhões de libras esterlinas à Inglaterra, e esta propôs que o Brasil independente assumisse a dívida – em troca, Portugal aceitaria a independência brasileira.

Mas isso somente se deu depois de alguma luta e confronto bélico;  a batalha de Jenipapo, no Piauí, foi definitiva para Portugal ensarilhar as armas e aceitar a proposta da Inglaterra.

O custo da independência brasileira, além das mortes nos confrontos bélicos, somou no total 4 milhões de libras esterlinas assim distribuídos:

2 milhões de libras esterlinas ao assumir o débito de Portugal.

Mais 2 milhões de libras esterlinas para tocar a vida dali em diante, na condição de “país independente”.

É irônico, mas foi assim: no dia 7 de setembro de 1822 o Brasil ficou independente politicamente de Portugal e passou a dependente financeiramente da Inglaterra.

E após a II Guerra Mundial, quando o resto do mundo quebrado aceitou a proposta dos Estados Unidos e adotou o dólar como moeda internacional de curso forçado, o “papagaio brasileiro” que era medido em libra esterlina passou a ser medido em dólares.

O grito de Pedro I foi simbólico e só ecoa nos livros escolares. Na ponta do lápis, a independência teve o preço em vidas – no Piauí tem o cemitério dos heróis que morreram combatendo os portugueses; e tem o preço financeiro – com a independência começou a nossa dívida externa.

E pasmem, pois nunca na história deste país houve o período de estabilidade política tão longo igual ao que estamos vivendo desde 1989 até agora.

Parece que, finalmente, o Brasil virou uma nação.