Monthly Archives: maio 2014

Quando é mesmo que Alagoas vai se emancipar
   6 de maio de 2014   │     11:41  │  3

Brasília – Entre os Estados da federação brasileira, Alagoas é o único com uma história peculiar e até hoje inédita: é o Estado que foi outorgado.

Ou seja: o Estado alagoano não foi conquistado, mas concedido.

Durante o Império e depois de sufragada a Revolta Republicana de 1817 em Pernambuco, o governo português decidiu isolar o território pernambucano que lhe foi fiel e aí criou Alagoas.

Mais precisamente, o governo português acatou a sugestão do ouvidor Ferreira Batalha e emancipou as terras pernambucanas sob a sua jurisdição – e assim nasceu o Estado de Alagoas.

Mas, como o surgimento do Estado não decorreu de conquista e sim de concessão, Alagoas tem essa história peculiar que atinge diretamente a minha família.

O meu exemplo pode ilustrar bem a situação: o meu bisavô Cândido Tenório Cavalcante Vilanova era “alagoano” de Bom Conselho.

Lendo o livro que a atual vice-reitora da Ufal, Raquel Rocha, editou com os escritos do pesquisador Felix Lima Junior encontrei na página 37 a alusão ao meu bisavô – que o Felix Lima Júnior registrou como alfares (tenente) na Guerra do Paraguai.

Estendendo-me nas pesquisas só assim pude entender essa confusão: como a minha avó Joventina Tenório Vilanova dizia que era “alagoana” se tinha nascido em Bom Conselho?

Pois é.

A curiosidade do repórter levou-me a descobrir que, apesar do decretado criando Alagoas datar de 1817, até hoje não se definiu as divisas do Estado.

Assim, quando o Agamenon Magalhães foi indicado governador de Pernambuco o pai dele decidiu que Bom Conselho, Águas Belas e Correntes passaram a pertencer a Pernambuco e assim se fez.

E só assim eu entendi porque os meus avós paternos José Aprígio Tenório Cavalcante e Joventina Tenório Vilanova eram “alagoanos” de Bom Conselho.

Esse exemplo que trago de berço ilustra a nossa situação enquanto alagoanos perante o resto da região; até parece que em Alagoas, a exceção do turismo, nada mais caminha pra frente.

Pior é que há até um certo complexo ou inveja mórbida, que levou o grande Graciliano Ramos a sugerir que se transformasse o Estado num golfo a partir do bombardeamento da foz do Rio São Francisco.

Ou, então, o que moveu o Ledo Ivo a escrever “Ninho de Cobras”.

Desde 1817 até hoje Alagoas espera pela emancipação digna; enquanto isso, o que ainda ecoa é o que os mais velhos fizeram por nós e o que nós estamos fazendo com o futuro sem futuro.

Ainda vivemos sob o lema daquele comercial da Casa do Colegial: se no Recife tem, na Casa do Colegial também tem!

Os mais velhos estão todos condenados à meã culpa para admitir a falha e que não há mais tempo a perder.

E não há saída senão rejuvenescer; Alagoas jamais vai comemorar o verdadeiro 16 de setembro de 1817 enquanto permanecer com as velhas práticas e as práticas velhas; Alagoas jamais será um Estado enquanto se mantiver nessa moldura velha e carcomida.

É como o grande Caetano Veloso canta: Um frevo novo, eu quero um frevo novo!

Menor de 11 anos de idade mata Jesus
   5 de maio de 2014   │     17:38  │  3

Brasília – O sinal das trombetas dos anjos e dos guardiões já soou faz tempo, mas parece que todos estão surdos.

Um menor de 11 anos de idade em parceria com outro menor de 14 matou o professor de Inglês Guilherme Moura de Jesus, na cidade satélite de Planaltina, e o motivo foi porque o professor não se deixou roubar e não entregou o celular.

O professor estava se despedindo dos amigos, porque na quarta-feira iria se incorporando à Polícia Militar de Santa Catarina; ele tinha sido aprovado no último concurso.

O menor de 11 anos é um exímio atirador e Jesus não foi a primeira, mas a segundo vítima desse menino que está se especializando em latrocínio.

Que país é este?

Ora que país é este…e haveria de ser outro país, senão o Brasil dos maus exemplos que vêm de cima?! Por acaso existe outro país além do Brasil com tantos disparates?!

O menor de 11 anos e o comparsa de 14 anos são rebotalhos sociais, mas o médico gaúcho acusado na morte do próprio filho em conluio com a madrasta, no Rio Grande do Sul, não é; pelo contrário: o médico é rico e alfabetizado.

Digamos então que, plagiando o grande Caetano Veloso, alguma coisa está fora da ordem – e não é por falta de lei, ouso acrescentar.

No Rio de Janeiro a população fez justiça com as próprias mãos estimulada por uma denúncia falsa na Internet, e que acusava uma mulher (Fabiana) por ritual macabro contra crianças.

Em Salvador, a professor Andréa foi assassinada por dois bandidos que lhe exigiam o carro e ela acelerou o veículo reagindo ao roubo. A testemunha do crime é o filho de apenas 4 anos de idade e que, na prática, será o único condenado nesse episódio, porquanto jamais voltará a ver a mãe.

Em Recife, alguns bandidos travestidos de torcedores atiraram um sanitário na cabeça de um torcedor do Sport que ousou se juntar ao adversário na torcida contra o Santa Cruz.

E todos estão surdos e cegos, ou fingem estar até que um dia a desgraça lhe bata à porta. Infelizmente a sociedade terá de esperar por esse dia, porque estupidamente as autoridades não se antecipam na solução do problema e, pior, ainda não se tocaram de que chegamos ao fundo do poço.

O medo é generalizado e não há mais segurança nem mesmo dentro da delegacia de polícia, pois em São Paulo o médico que registrava o boletim de ocorrência pelo roubo do seu carro foi atingindo pelo disparo de um agente que confundiu o policial que buscava socorro na delegacia, pois fugia de assaltantes, com um bandido invasor e mandou bala.

Não sei o que as autoridades estão esperando para colocar ordem na casa, mas sei que não está faltando mais nada acontecer – exceto quando a dor da perda e a vítima dessa desordem habitarem a mesma casa das autoridades.

A reunião de Saci com Cobra D’água
   3 de maio de 2014   │     11:06  │  4

por Aprigio Vilanova*

A campanha eleitoral para presidente já começou. Na comemoração do dia do trabalho, em São Paulo, aconteceu algo inusitado. A festa promovida pela Força Sindical reuniu três candidatos à presidência da república: Paulinho da Força (Solidariedade), Aécio neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

O evento foi promovido para comemorar o dia internacional do trabalho. No palanque e nas pretensões dos candidatos o desejo era a projeção para a eleição presidencial. O que fica como pergunta é até quando os três estarão juntos? A mistura da centro-direita não engana mais ninguém.

O encontro tem alvo certo. O enfraquecimento da presidente Dilma é o pretendido. Pelo que está posto a manobra não surtiu efeito. O tiro da oposição é uma junção das mentalidades mais atrasadas do país.

O tiro saiu pela culatra. A reunião mostra mais desespero do que estratégia política. O palanque, em São Paulo, reuniu Saci com Cobra D’água. A máxima popular se faz mais que atual.

A oposição à Dilma está em desespero antes mesmo do início oficial da campanha presidencial. Em Minas existe uma expressão que reflete bem o momento: Queimaram a largada. Misturaram num palanque tudo o que há de mais retrógrado na política nacional.

Bom para Dilma que resiste ao fogo cruzado dos adversários. O pragmatismo da oposição, no vale tudo eleitoral, não atingiu a massa e pelo que tudo indica nunca atingirá.  A população brasileira cansou dos Sassá Mutemas eleitorais.

*É estudante de Jornalismo da Universidade federal de Ouro Preto – MG

O dia do trabalho é internacional, falta agora internacionalizar o trabalho
   1 de maio de 2014   │     14:20  │  0

por Aprigio Vilanova*

O 1º de maio é comemorado o dia internacional do trabalho. São mais de 80 países que consideram a data como feriado. A luta dos trabalhadores por dignidade e melhores condições de trabalho é antiga.

A data é em homenagem aos trabalhadores americanos que paralisaram as atividades em 1886. A partir daí o movimento se espalhou para outros países, no ano seguinte, vários trabalhadores de países europeus paralisaram as atividades no mesmo dia.

No Brasil a reivindicação foi trazida pelos imigrantes europeus. A partir de 1917 os trabalhadores imigrantes começaram a paralisar as atividades no 1º de maio. Até que em 1924, o presidente Artur Bernardes, decretou o dia como feriado nacional.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi anunciada num 1º de maio de 1943, na ditadura do estado novo de Getúlio Vargas. Foram décadas de lutas dos trabalhadores brasileiros para conquista da CLT. O direito de greve (complementa a CLT), jornada máxima de 8 horas semanais, o salário mínimo, estabilidade do trabalhador rural, descanso remunerado, entre outras conquistas foram garantidas na CLT após muitos anos de luta dos trabalhadores brasileiros.

O dia do trabalho surgiu a partir de greves, paralisações, de reivindicações por melhores condições de trabalho. O que presenciamos hoje é que esquecemos a origem das exigências destes trabalhadores que iniciaram a luta. Hoje se transformou num dia de festa, mas o dia sempre foi de reivindicar condições dignas de trabalho, melhores salários, e por aí vai.

Desemprego

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou os dados do relatório Tendências Mundiais do Emprego 2014.  São mais de 202 milhões, 6% da população mundial desempregada. Entre os jovens 74,5 milhões, ou 13,5% dos jovens do planeta, fora do mercado de trabalho.

Entre os trabalhadores 839 milhões sustentaram suas famílias com menos de 2 dólares por dia, outros 375 milhões não tinham mais que 1,25 dólar/dia para suprir as necessidades de suas famílias. A Ásia e a África, respectivamente, são os continentes com os maiores índices de desempregados.

O relatório projeta o aumento de desempregados, serão mais de 215 milhões de desempregados em 2018.

*é estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto – MG