O caso do médico Patrick Henrique Cardoso é emblemático porque desmascara de uma vez por toda a reação da classe médica brasileira ao programa Mais Médico.
Que nunca houve preocupação com a população, isto é fato sabido e notório; que a exigência da revalidação do diploma para os médicos estrangeiros era apenas um biombo, isto também já se sabia.
Só os muito tolos poderiam acreditar na sinceridade dos discursos dos médicos brasileiros contrários ao programa.
E contrários por quê?
Porque vão sair perdendo; não tem mais aquela certeza da oferta ( de médicos ) pouca em contrapartida à procura ( por médicos ) grande.
A reação nunca foi uma questão ética nem moral; é apenas uma questão econômica, e isso está comprovado nas reações que se seguiram antes de o programa Mais Médico começar.
Vejamos:
Um líder de uma importante entidade médica de Minas Gerais, cuja função é zelar pelo exercício da medicina, declarou que “negará socorro às vítimas de possíveis erros médicos” cometidos, evidentemente, pelos médicos estrangeiros e especialmente os cubanos.
Analisem a gravidade da declaração desse médico que é presidente da entidade de classe em Minas Gerais. Ele antecipou que cometerá o crime de omissão de socorro!
Depois veio a manifestação em Fortaleza, com médicos brasileiros xingando os colegas cubanos. E xingando da forma mais baixa possível; eles aos gritos chamaram os médicos cubanos de escravos.
Baixaria própria de quem tem a medicina como negócio para ganhar dinheiro, antes de salvar vidas.
E agora veio o caso do Patrick Henrique Cardoso, que se inscreveu no programa, foi designado para o Posto de Saúde nº 9 no Novo Gama, trabalhou três dias e sumiu!
Sabe-se agora que está em Chicago passeando.
O mais grave é que o Patrick armou tudo. Na segunda-feira, quando começou o programa Mais Médico, ele deu entrevista no DF TV (Rede Globo) em Brasília dizendo da sua expectativa com o programa.
Mostrava-se disposto e engajado, mas era puro fingimento; era armação, pois o golpe já estava premeditado.
O Novo Gama é um município de Goiás com 120 mil habitantes, no entorno de Brasília. E o posto onde o médico Patrick deveria estar trabalhando fica num bairro pobre – e o Patrick demonstrou que não está preocupado com a saúde de ninguém. Não sei se trata a todos por gentalhas fedorentas e negras, mas pelo mau exemplo deixa a dúvida.
Patrick trabalhou três dias e viajou para os Estados Unidos, e só avisou à chefe do posto na véspera da viagem, tipo assim:
– “Amanhã eu não venho. Tenho uma viagem inadiável”.
E se mandou; os pacientes dele, que ele jurou perante Hipócrates de tratar até o fim, que se lasquem!
E o pior de tudo é que existem milhares de Patricks país à fora, que simplesmente querem que a população que não pode pagar a consulta morra à míngua.
Há os que sequer se contentam com a oportunidade de fraudar o SUS, cobrando cesariana em homens e cirurgia de próstata em mulher.
Só uma coisa conforta: é que, com atitudes iguais a dos doutores Patricks, muita gente que inadvertidamente se colocou contrária ao programa Mais Médico está revendo a posição.
No DF TV desta terça-feira, o âncora Alexandre Garcia foi direto nesse ponto ao condenar o mau exemplo do dr Patrick e ele até lembrou a ironia: o dr. Patrick foi passear em Chicago, exatamente onde o padroeiro é São Patrick.
Saúde, doutor Patrick! Quanto à vítimas que o senhor deixou aqui para morrerem à míngua, agora é pedir a Deus para tomar de conta. Se tiver tempo, claro, pois afinal Deus não prestou juramento a Hipócrates nem se formou em medicina.
Que Ela faça o que puder pelos pobres se direito à saúde.