Vamos dizer que tudo começou com D João VI, para se fazer justiça ao pai. A independência começou com o pai quando criou o Reino do Brasil em 1815.
E também quando revogou o decreto de 1785 proibindo a instalação de teares e manufaturas no Brasil.
Ah, sim; ele também criou o Banco do Brasil.
Quando Napoleão foi derrotado e expulso de Portugal, a burguesia portuguesa deu o golpe para derrubar a junta que governava o país e impôs uma nova Constituição – que fixou prazo para D. João reassumir o trono.
Para Portugal era D. João, para o Brasil D. João VI.
E lá se foi ele reassumir o trono, deixando o filho Pedro como regente. Uma vez em Lisboa e pressionado pela burguesia portuguesa, que já temia ver um dia Portugal como colônia do Brasil, ele foi obrigado a revogar alguns dos decretos que havia assinado no Brasil.
Várias regalias que a colônia havia adquirido foram extintas de uma canetada só, na tentativa da burguesia portuguesa de recuperar o “status quo” perdido durante a invasão de Napoleão.
Felizmente era tarde demais; a Inglaterra já havia entendido que era mais fácil comercializar diretamente com a colônia e decidiu eliminar o intermediário – no caso, Portugal.
E os portugueses que chegaram pobres no Brasil e haviam enriquecidos, já não se importavam tanto assim com a corte e pressionaram Pedro a ficar.
Fica! Fica! Fica!
– Fico! Atendeu Pedro.
E ficando, Pedro se tornou o primeiro imperador. No dia 7 de setembro de 1822, depois de uma viagem cansativa à casa da amante em São Paulo e acometido de diarreia, enquanto apeou para se aliviar no mato decidiu que, além de ficar, ele iria cortar todos os laços que ainda ligavam a colônia à corte.
– Independência ou morte!
Portugal quis reagir e a Inglaterra interveio com uma proposta tentadora. A ocupação francesa havia devastado Portugal, cujas finanças estavam foram de controle e os meios de produção arruinados. E o que fizeram os ingleses?
Os ingleses ofereceram um empréstimo de 2 milhões de libras, que Portugal não precisaria pagar, pois quem iria pagar era o Brasil – e este era o preço da Independência.
Foi tipo assim: independência ou morte, mas podemos conversar…
Portugal topou e o Brasil, que não tinha opção, também topou. E como o Brasil não tinha economia para ser independente, somou mais 2 milhões de libras e fechou o negócio em 4 milhões de libras – e assim começou a história da dívida externa brasileira.
Do surgimento do Império, em 1822, até a proclamação da República, em 1889, são 67 anos. E dos 4 milhões de libras no primeiro empréstimo, em 1822, quando o Império acabou 67 anos depois o Brasil estava devendo 68 milhões de libras!
Mas acredito que valeu.
São história que não se conta nas escolas pública, nem de ontem, nem as de hoje…