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Cunha empurra julgamento contra ele para agosto. Pode isso, Arnaldo?
   12 de julho de 2016   │     12:25  │  7

Brasília – Pode.

Mas, e o Eduardo Cunha não renunciou à presidência da Câmara?

– Há controvérsias.

Que controvérsias?! Todo mundo viu ele renunciar. Até chorar o Cunha chorou…

– Há controvérsias…

Você só sabe dizer que há controvérsias e não me dá resposta às perguntas…

– Não seja por isso. Vamos lá. Você já ouviu falar em Napalm?

Não.

– Napalm é uma bomba que os Estados Unidos inventaram e que explode antes de tocar ao solo. Foi usada na Guerra do Vietnam para tentar vencer os obstáculos geográficos na selva, com grandes árvores, que impediam a visibilidade dos pilotos.

– E o que isso tem a ver com o Cunha?

– O Cunha é a bomba de Napalm do governo Temer. Se explodir leva o governo antes de o governo colocar os pés no chão. Entendeu?

Misericórdia…

– É por isso que o Cunha continua dando as cartas…

Sintetizado nesse diálogo imaginário, o poder do ex-presidente ( ex-presidente?) da Câmara, Eduardo Cunha, é tão grande que ele conseguiu dividir o próprio governo Temer no que se refere à disputa pela presidência da Câmara.

Cunha ensaiou aquele teatro da renúncia à presidência da Câmara e igual a um ator até chorou – chorou lágrimas de coxia, claro -, e poucos entenderam o significado prático da renúncia. Sim, porque o significado teórico foi o de passar a impressão ( falsa, claro) de que não manda mais na Câmara.

Na prática, Cunha continua mandando. E manda também no governo Temer, com tanto poder, que dividiu o próprio governo.

Veja o exemplo:

O deputado Rodrigo Maia (DEM) é genro do ministro (apelidado de secretário) Moreira Franco, um dos “generais” do Temer. O genro do Moreira Franco é candidato a presidente da Câmara, mas o Temer não pode se engajar na disputa e pedir votos para ele, embora isso seria até a demonstração da gratidão humana por Rodrigo Maia ter sido, desde o início, favorável a derrubada da presidente Dilma.

E por que o Temer está sendo ingrato com o Rodrigo Maia e, especialmente, com o sogro dele?

Porque o candidato do Cunha é o deputado Rogério Rosso, não é o Rodrigo Maia. Entendeu?

Voltando ao diálogo imaginário:

– Pode isso, Arnaldo?

– Pode. O Rogério Rosso na presidência da Câmara vai fazer só, e somente só, o que o Cunha determinar. Já com o Rodrigo Maia a situação é diferente, até porque, sendo ambos oriundos do Rio de Janeiro, o Cunha perderia espaço no Estado. Entendeu?

Então o Temer deve bater na mesa e impor a candidatura do Rodrigo Maia, porque essa conversa de que o governo não se envolve na disputa em outro Poder é balela, é conversa para enganar os otários. É ou não é?

– É.

Diga-me então, por que o Temer não faz isso e manda o Eduardo Cunha se entender com a justiça e explicar os crimes que praticou?

– Ah, isso eu não sei não. É melhor perguntar lá no Posto Ipiranga…

Moral da história: o irmão-pastor-deputado Ronaldo Fonseca entrou em cena para salvar o Cunha e o processo contra ele só será julgado em agosto.

E que nem o Temer, nem ninguém, ouse contrariar o Cunha porque se isso acontecer o Cunha acunha a República.

Misericórdia…

Comitê Olímpico convida Dilma e Temer não discursará temendo vaias
   11 de julho de 2016   │     18:44  │  10

Brasília – Não há mesmo o menor risco de as coisas melhorarem.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) mandou entregar nesta segunda-feira 11 o convite à presidente afastada Dilma Rousseff para a abertura dos jogos.

E o presidente em exercício Michel Temer decidiu não discursar na abertura dos jogos. Motivo: o Temer teme ser vaiado.

A inédita situação em toda a história milenar das Olimpíadas, com um presidente que não foi eleito no exercício do mandato e uma presidente eleita democraticamente afastada sem ter cometido crime algum, já deixa o Brasil na história desses jogos que remontam da História pretérita da humanidade.

Diga aí: o Brasil que se escreve com “s” é ou não é um País hilário?

Dilma ainda não foi convidada à abertura das Olimpíadas, mas se for ela disse que estará presente
   10 de julho de 2016   │     23:00  │  10

Brasília – A presidente afastada Dilma Rousseff não recebeu convite para a abertura das Olimpíadas, mas se recebê-lo ela disse que vai.

Será o fato inédito na história dessa milenar competição – dois reis no mesmo trono ou dois presidentes no mesmo mandato.

Na tentativa de impedir o constrangimento internacional houve quem sugerisse ao Comitê Olímpico não convidar a presidente afastada, mas foi rechaçado.

A pressão está grande. Não fotografaria bem aos olhos do mundo, que a primeira Olimpíada na América Latina tivesse dois reis na abertura – digo: dois presidentes, um de fato, porquanto legítimo, e outro de direito, porquanto içado.

Esse fato que parece pueril tem o significado de mostrar ao mundo que a solução passa por um plebiscito, seja para qual o lado que for. As reformas duras que serão implementadas carecem de legitimidade do comando de quem a aplica, senão, a reação é imprevisível.

A saída parece ser mesmo o plebiscito e isso até na abertura das Olimpíadas poderá ficar ainda mais nítido. O embate no Senado sobre o impeachment, apesar do esforço da acusação, mostrou que se trata na verdade de um embate de jogo de carta marcada.

E pior: não houve crime.

Obviamente que não é fácil reverter os votos da maioria favorável ao impeachment, mas o importante no embate é o que ficou à opinião pública.

Por que o Cunha renunciou à presidência da Câmara? Foi porque…
   8 de julho de 2016   │     0:46  │  18

Brasília – Ninguém divulgou a notícia e somente depois que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, apresentou a renúncia é que vieram os detalhes.

Deu-se o seguinte: depois de duas tentativas vãs para entregar à esposa de Cunha a intimação do juiz Sergio Moro, o oficial de Justiça montou campana nas imediações da residência oficial do presidente da Câmara.

Passava das 19 horas da quinta-feira 30, quando a jornalista Claudia Cunha, esposa do agora ex-presidente da Câmara chegava à residência oficial. E dizem que Claudia foi surpreendida pelo oficial de Justiça ainda dentro do carro.

Não deu tempo de escapar.

O juiz Sergio Moro deu prazo de 10 dias para que Cláudia se defenda das acusações de evasão de divisas e da posse de 1 milhão de dólares produtos da corrupção, e que lhe foram dados pelo marido.

O prazo termina domingo 10.

Cunha se revoltou. Ele tentou conversar com o presidente Michel Temer na mesma quinta-feira e insistiu na sexta-feira, mas só no domingo conseguiu falar com o presidente – ainda assim, por ter ido ao Palácio do Jaburu e aguardar que Temer voltasse de uma reunião festiva com aliados.

No encontro, Temer aconselhou-o a renunciar à presidência porque assim ficaria mais fácil salvar o mandato e manter a imunidade. Cabe lembrar que Cunha está com dois processos já admitidos pelo Supremo Tribunal Federal e se manter com o mandato não interessa apenas a ele, mas, sobretudo, aos que temem a sua delação.

Sem mandato ele pode ser preso; se for preso ele fará delação premiada e isso significa uma bomba com altíssimo poder de destruição sobre o governo Temer.

É por isso que o governo Temer está empenhado em salvar o mandato de Cunha e apoia a manobra dos aliados dele para refazer todo o processo de cassação, ainda que baseado no simplório e refutável argumento de que ele não é mais o presidente da Câmara.

Foi por isso que Cunha renunciou, embora a base do governo Temer na Câmara esteja dividida quanto à manobra. O PPS e o DEM, por exemplo, já se manifestaram favoráveis à cassação do mandato.

Protagonista do mais longo processo de cassação de mandato já tramitado em toda a história da Câmara Federal, Cunha é considerado uma bomba ambulante. Os estragos que ele poderá fazer no caso da delação justifica todo o esforço do governo Temer para salvar-lhe o mandato.

Não é porque o governo Temer seja solidário e grato a Cunha, mas porque o que o Cunha sabe e pode delatar implodiria o governo. Dizem que não ficaria pedra sobre pedra.

É, sem dúvida, uma situação complicada para o governo Temer, que precisa salvar o Cunha, mas sem deixar transparecer que se empenhou decididamente para tal.

Mas, por que se tem tanto medo de uma delação premiada do Cunha?

Cunha chora antes de entregar o anel para tentar salvar o dedo
   7 de julho de 2016   │     14:15  │  9

Brasília – Depois de negar por várias vezes que renunciaria ao cargo de presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDN-RJ) renunciou.

Em 10 minutos, ele leu a carta renúncia. Mas, antes, voltou a negar possuir dinheiro depositado na Suíça, apesar das provas robustas coletadas pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

Cunha espera, com a renúncia à presidência da Câmara, esvaziar o processo de cassação do mandato. Os comentários é que houve um acordo para salvar o mandato dele.

Dos 513 deputados, Cunha controla pelo menos 200. Uns são evangélicos, igual a ele; outros lhe devem favores.

Mas, não é certo que possa escapar da cassação e para isso é preciso que o presidente Michel Temer venha em sua defesa. Todos têm medo que Cunha, com o mandato cassado, decida abrir a boca e contar o que sabe – e ele sabe muito.

O temor de Temer é exatamente a língua de Cunha e, por isso, o presidente aceitou calado que ele indicasse ministro e escolhesse o líder do governo na Câmara, um fato inédito na história da República.

Aliás, o temor de que Cunha faça uma delação virou terror. Esse terror justifica o fato de o juiz Sergio Moro não ter decidido sobre o caso da esposa de Cunha, a jornalista Claudia Cruz, apesar das provas contundente que foram obtidas na 13ª fase da Operação Lava Jato – que já se encontra na 31ª fase.