Monthly Archives: março 2016

E se a Dilma renunciar perde a graça. Tinha graça, a Dilma renunciar…
   17 de março de 2016   │     23:05  │  24

Brasília – Não adianta derrubar o boi antes da faixa; na vaquejada é assim – o boi tem de cair dentro da faixa, senão o vaqueiro não pontua.

Tinha graça, então, a presidente Dilma renunciar. Para a oposição que quer vê-la e ao Lula sangrarem dentro da faixa presidencial, a pontuação maior é o impeachment.

O impeachment no Brasil é o apelido que eles arranjaram para camuflar o golpe, mas no caso da Dilma, se ela renunciar agora e eles não resolverem o problema da economia, a opinião pública sentirá saudade da Dilma e do Lula.

Não basta, então, derrubá-los porque o fundamental e torna-los inelegíveis por oito anos. Se não for assim, o plano urdido em São Paulo e disseminado pelo país perde o sentido.

Eles não querem que a Dilma renuncie e a Dilma já disse que não renunciaria, o que os deixou eufóricos.

Nesse imbróglio político, só está faltando um cadáver. É preciso rezar forte para que não surja um cadáver, porque o confronto está se tornando inevitável.

Tomara que ninguém se deite no caixão eternamente.

Na década de 1950 o cadáver foi o do major da Aeronáutica, que levou Getúlio Vargas a se suicidar. Isola, isola e isola três vezes, mas um cadáver levaria a Dilma a renunciar a presidência.

Só uma coisa é certa: que está feia a coisa, isso está.

Deus salve o Brasil, se ainda tiver tempo
     │     17:03  │  13

 Brasília – O juiz federal Sérgio Moro liberou à imprensa as provas sigilosas de grampos telefônicos do ex-presidente Lula, que deveriam ser encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal.

O juiz federal Itagiba Catta Preta, que nos momentos de folga também é ativista do movimento fora Dilma, fora Lula e fora PT, concedeu liminar anulando a posse do Lula como ministro do Gabinete Civil.

Deixando de lado o fato de a liminar não ser sentença e que pode ser derrubada ato continuo, o que estarrece é a realidade de o juiz não ter se averbado suspeito já que é ativista do movimento fora Dilma, fora Lula e fora PT.

Não chegamos ao fundo do poço, porque já não há mais poço.

O ministro Marco Aurélio Mello, o segundo ministro mais antigo no Supremo Tribunal Federal, alertou que a pior ditadura é a ditadura do Judiciário.

Pois é o que se está assistindo no momento.

Poderíamos aconselhar ao último a sair para fechar a porta, mas já não existe porta e então é melhor apelar para Deus para que Ele salve o Brasil.

Se ainda tiver tempo, claro.

Moro deveria entregar as provas contra Lula ao STF ou à imprensa?
   16 de março de 2016   │     23:44  │  19

Brasília – Coincidência não existe, assim como o vazio também não existe porque um copo vazio está cheio de ar – e isso o Chico Buarque de Holanda já disse e cantou.

As vésperas da posse do ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil, o que retira da Justiça Federal no Paraná a prerrogativa de investiga-lo, o juiz Sérgio Moro liberou para o distinto público, via a mídia, o conteúdo do grampo no telefone do Lula.

Há dois componentes a serem analisados. O primeiro diz respeito ao próprio Lula, que anda conversando por telefone para emitir opinião, fazer criticas e orientar o interlocutor no que fazer.

O segundo componente leva a perguntar: ao liberar à imprensa o teor dos grampos telefônicos, o juiz Sérgio Moro prejudicou o Supremo Tribunal Federal, que ficou sem uma prova legal no inquérito contra Lula?

Resumindo: o juiz Sérgio Moro deveria enviar as provas ao Supremo Tribunal Federal ou à imprensa?

Instalou-se uma crise paralela que o STF deve resolver urgentemente, senão pode descambar para o pior. Nas manifestações de domingo 13 as faixas que elogiavam o juiz Moro, a Polícia Federal e o Ministério Público do Paraná devem merecer reflexão de todos os segmentos republicanos..

Não eram elogios à Justiça, ao Ministério Público e à Polícia como instituições da República, mas unicamente ao juiz, ao MPF e a PF paranaenses. A imagem que passa é que apenas o juiz, o MPF e a PF paranaenses cumprem com os seus deveres.

Isso é grave porque a Justiça, o Ministério Público e a polícia não devem se restringir ao Paraná, ou a qualquer outro Estado, porque se for assim perde-se o sentido filosófico e constitucional da República.

Mais precisamente é a falência da própria República.

Brasília – Ora, ora. Raciocine comigo:

Se as pesquisas de intenção de votos para a eleição presidencial em 2018 dão Lula como derrotado por antecipação.

Se a aritmética extraoficial contou 6 milhões de pessoas nas ruas de mais de 350 cidades domingo (13), gritando fora Dilma, fora Lula e fora PT.

Se dizem que a Dilma acabou, que o Lula acabou e o PT acabou.

Se está tudo perdido, como dizem…

Então, por que estão com medo do Lula assumir um ministério? Bastou anunciar que o Lula está na Capital Federal para assumir o Gabinete Civil da Presidência da República e logo apareceu em frente ao Palácio do Planalto um grupo de manifestantes protestando contra a nomeação.

Até deram entrada com recurso no Supremo Tribunal Federal pedindo a anulação do ato de nomeação do Lula e a proibição da posse.

Só existe uma explicação e apenas uma: é medo. Mas, medo do Lula? E o Lula não está derrotado por antecipação na disputa presidencial em 2018? E a fase do Lula não já passou? E o Lula já não morreu politicamente?

Então, por que esse medo de quem já morreu politicamente?

Só existe uma e apenas uma resposta: é que o Lula está tão vivo quanto antes, ainda que ferido, e a elite ariana golpista tem um medo canino que ele se candidate novamente. É só por isso.

E esse medo se dissemina quando anteciparam que o Lula vai sugerir a Dilma convidar o Henrique Meireles para assumir o Ministério da Fazenda ou o Banco Central. Isso causou pânico e pense no monte de gente que está tentando convencer Meireles a não aceitar?!

Só quem conhece a história escabrosa e vergonhosa da República brasileira instalada em 1889 é que pode entender toda essa onda da elite ariana golpista. Lula é o único presidente a se reeleger e, ato continuo, eleger sucessora uma mulher – a primeira mulher a se eleger presidente da República -,  que nunca exerceu cargo eletivo.

Para completar, se o Lula se eleger presidente em 2018 será o primeiro na história desse país a cumprir três mandatos.

Esse temor canino da elite ariana golpista explica toda a ira contra o Lula.

Brasília – A delação do (ainda) senador Delcídio do Amaral ( ex-PT) é a metralhadora giratória de quem se faz segundo a música do Raul Seixas que diz assim:

Jogue as cartas e leia a minha sorte/

Tanto faz a vida como a morte/

O pior de tudo eu já passei.

Delcídio atirou para todos os lados porque sabe que o seu caso é o verdadeiro caso sério, do qual ele terá de ralar muito para, no mínimo, se livrar da punição maior.

Mas, vamos por parte. Para entender o enredo é imperioso conhecer a história e a história de Delcídio começa em 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso, quando foi nomeado para a Petrobras.

Portanto, ele não é criação do PT e sim do PSDB, assim como o Nestor Serveró também é. Almejando se eleger governador do Mato Grosso do Sul, Delcídio se aliou ao governador Zeca do PT e se filiou ao PT para disputar a sucessão de Zeca.

E aí já tinha se aproximado do Lula, com prestígio suficiente para indicar o sucessor dele na Petrobras – e escolhido foi Nestor Serveró, que já trabalhava com ele desde o governo FHC.

Essa é a história e agora tem-se aí o enredo com a delação que mais parece o “samba do crioulo doido”, ao juntar e misturar as duas principais correntes políticas, chefes dos poderes e ex-presidente da República.

No desespero, Delcídio denunciou o que jamais vai poder provar e por isso empregou o verbo tipo assim: teria, seria, iria…

Mas, em compensação, ele encrencou profundamente o ministro da Educação, Aloisio Mercadante, que foi atingido pela mesma arma da qual Delcídio se diz vítima – que é a gravação da conversa por um celular camuflado.

Citado por Delcídio, o presidente do Senado, Renan Calheiros, defendeu que a punição deve ser aumentada para quem faz delação sem provas. Os ex-presidentes José Sarney e Fernando Henrique Cardoso rebateram as acusações alegando que nunca trataram de negócios com Delcídio.

O senador Aécio Neves, que, segundo Delcídio, manteve um diretor em Furnas no governo Lula e venceu a queda-de-braço com o PTB e até o próprio PT, se beneficiou financeiramente da empresa.

A confusão está feita na República brasileira cuja bandeira nacional homenageia a Monarquia ( o verde e o amarelo ) e a cultura monarquista substituiu rapidamente os títulos de “nobre” e “conde” por “excelência” e “doutor”.

Será que o Delcídio decidiu falar até o que não pode provar porque descobriu que o objetivo primordial não é investigar, mas sangrar o governo?