Brasília – A presidente Dilma disse ao Lula que a candidata é ela e o Lula disse aos empedernidos do PT, que não gostam da Dilma, que é besteira pelejar para fazê-la desistir.
Mas, os empedernidos do PT não vão desistir assim facilmente; eles engoliram a Dilma atravessada e não vão digeri-la.
Oriunda do trabalhismo brizolista e com um currículo muito mais rico que os petistas que lhe fazem oposição, Dilma ouviu calada o coro de volta Lula na convenção do PT em São Paulo.
Ouviu calada, mas mão digeriu; quem a conhece sabe do seu temperamento – que não é de hoje.
Eu mesmo não esqueço do primeiro e único contato direto que mantive com ela, na condição de jornalista. Foi em Salvador durante um seminário sobre energia, promovido pela Petrobras, e ela era conferencista e eu repórter da GAZETA DE ALAGOAS.
A Dilma, então secretária de Energia do Rio Grande do Sul no governo do PDT, ainda que pedindo desculpas disse-me que Alagoas era “um Estado de otários.”
A definição deveu-se à informação que lhe passei sobre a potencialidade energética alagoana, que produz 2 milhões de metros cúbicos de gás por dia e não tem sequer uma termelétrica; não usufrui dessa riqueza – quem se beneficia do gás alagoano é a Bahia, Sergipe e Pernambuco.
Embora alagoano, eu não tinha como discordar da então secretária de Energia do Rio Grande do Sul; sem dúvida nenhuma, tudo o que existe em Alagoas que funciona e até o que não funciona mais porque destruíram se deve ao governador Luiz de Souza Cavalcante, mais conhecido como “major Luiz”.
É muito tempo para esperar alguém que viesse dar continuidade ao slogan do “major Luiz”, que era: “Surge uma nova Alagoas”, slogan este que foi adotado quando eu tinha 10 anos de idade e isto já faz muito tempo.
E ainda assim não apareceu ninguém; tudo continua na derrocada e o que tem garantido a sobrevivência da economia alagoana não depende de ações do governo e sim da natureza – que é o turismo aquático.
E mesmo esse corre risco; se não fosse o governador Fernando Collor não haveria hoje o passeio das nove ilhas, por exemplo. Foi o Collor que trouxe do Rio de Janeiro a draga “Ster”, a mesma usada para os cariocas e turistas se deleitarem com o Aterro do Flamengo.
Mas voltando ao Lula e a Dilma, nessa disputa surda pela hegemonia da candidatura, seria oportuno que se aproveitasse o “cavalo selado” para pleitear a reparação ao “Estado de otários” ao qual a Dilma se referiu.
Isto porque a disputa eleitoral pela vaga no Senado se reveste da mesma peculiaridade do pleito de 2010, com a diferença de que na eleição este ano é apenas para uma vaga e é importante para Alagoas que o Estado não perca uma voz em Brasília.
Senão, Alagoas vai confirmar a sentença da Dilma acerca da produção de gás natural da qual de quase nada se beneficia – ou seja, um Estado de otários.