Monthly Archives: março 2014

Alagoas no Fantástico. É Fantásticô…plim!
   10 de março de 2014   │     9:14  │  6

Brasília – Pode ser que agora mude. Ou não, porque tem sido assim em Alagoas desde quando o Mar Morto não tinha ainda morrido e nada mudou.

Ao chegar hoje pela manhã para o trabalho a minha colega jornalista Tatiane Barbosa, do Jornal de Brasília, me indagou:

Você viu seu Estado no Fantástico, Bob?

– Vi, Tati, mas não se surpreenda não porque em Alagoas tem colégios do Estados que sumiram, quanto mais perfeitamente…!

Como é que é?

– Colégios públicos, estaduais, sumiram Tati.

Como assim, sumiram?

– O Colégio Estadual e o Colégio Cônego Machado sumiram. Estão em lugares incertos e não sabidos.

Gente, isso não existe…

Pior é que existe e qualquer um pode comprovar. Eu disse isto para justificar a minha falta de surpresa com a matéria do Fantástico; surpresa haveria – e haverá – se a matéria colocasse Alagoas no topo das excelências na educação.

E fico a matutar como, apesar dos peares, somos a terra de Graciliano Ramos, Ledo Ivo, Aurélio Buarque de Holanda, Otávio Brandão…

Violência atinge até a polícia mais bem paga da América Latina…
   7 de março de 2014   │     18:18  │  9

Brasília – Três postos policiais da polícia mais bem paga da América Latina e uma das dez mais bem pagas do mundo foram incendiados.

Como é que é?…

Vou repetir: três postos policiais da polícia mais bem paga da América Latina e uma das dez mais bem pagas do mundo foram incendiados.

Incendiados e ninguém viu? Como assim? E onde estava a polícia mais bem paga da América Latina e uma das dez mais bem pagas do mundo?

Pois é, eis a questão. A violência chegou à Capital Federal e nem mesmo a polícia mais bem paga da América Latina e uma das dez mais bem pagas do mundo consegue detê-la.

É triste, mas é verdade.

Um coronel reformado do Exercito teve o carro roubado na 410 Sul, em Pleno Plano Piloto, e não morreu porque não reagiu.

A violência atinge a Capital Federal, que se confunde com uma favela; já não há mais tranquilidade na outrora segura Capital do país – que tem a polícia mais bem paga da América Latina e uma das dez mais bem pagas do mundo!

Isto, sem falar no armamento e no número de viaturas.

O que está acontecendo?

Como a polícia mais bem paga da América Latina e uma das dez mais bem pagas do mundo não controla essa violência?

O que está acontecendo? Além de não dá conta de conter a violência, a polícia mais bem paga da América Latina e uma das dez mais bem pagas do mundo ainda está perdendo o seu patrimônio?

Até agora foram os postos policiais; já, já eles vão levar as viaturas e depois os quartéis. Acho que alguma coisa está fora da ordem…

Muita coisa acontece na Pauliceia desvairada
   6 de março de 2014   │     0:19  │  0

por Aprigio Vilanova*

São Paulo – O carnaval de São Paulo surpreende os mais desavisados. A diversidade de eventos da capital paulista mostra um carnaval vivo e que a cada ano se afirma como um pólo multicultural também durante a folia de momo.

Tem festa para todos os gostos e para as mais diversas origens étnico-culturais. Quem resolve curtir o carnaval em Sampa pode aproveitar a festa momesca de vários lugares do mundo. O desfile das escolas de samba tão explorado pela mídia em nada reflete o caldeirão cultural que borbulha na paulicéia.

Os blocos de rua pipocam pelos quatro lados da cidade. A variação de ritmos reflete a própria formação cultural da megalópole, pode-se pular a festa ao som do maracatu ou do frevo pernambucano, do samba paulista, das marchinhas tradicionais ou em forma de paródias, do punk rock com batucada.

Dois blocos entre as dezenas que desfilam pelas ruas de São Paulo merecem ser conhecidos e apreciados. O desfile do Ilu Obá de Min, bloco de maracatu com a bateria composta só por mulheres, reuniu mais de 2 mil pessoas no centro da cidade.

Bateria do bloco Ilu Obá de MIn (divulgação)

Bateria do bloco Ilu Obá de MIn (Rita Rodrigues)

O bloco do Saci, composto por militantes da esquerda paulista, sai tradicional bairro do Bixiga e a trilha sonora são as paródias das tradicionais marchinhas carnavalescas. O tema deste ano do Bloco do Saci foi 50 anos de resistência à ditadura militar.

A paródia de Mamãe eu quero mostra bem o caráter do Bloco do Saci: “Mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero escrachar, quem ocultou, quem torturou pois sem justiça não podemos ficar”.

Desfile do Bloco do Saci no bairro do Bixiga (Manuel Amaral da Silva)

Desfile do Bloco do Saci no bairro do Bixiga (Manuel Amaral da Silva)

*é estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto – MG

O alagoano rei do carnaval de São Paulo
   4 de março de 2014   │     8:00  │  0

Por Aprígio Vilanova*

Jorge Costa, Amália Marangoni e Wilson Simonal

Jorge Costa, Amália Marangoni e Wilson Simonal

São Paulo – O alagoano Jorge Costa é lembrado sempre como um sambista paulistano. Seus sambas foram gravados por cantores como Noite Ilustrada, Angela Maria, Demônios da Garoa, Germano Mathias, Bezerra da Silva, Jair Rodrigues, Benito de Paula, Beth Carvalho,entre outros nomes da música popular brasileira.

Em sua estada no Rio de Janeiro, morou no morro da Mangueira e integrou a ala dos compositores da Verde e Rosa. Nesta época foi amigo de Nelson Cavaquinho. Chegou a São Paulo na década de 50 e se consolidou em São Paulo a ponto de ser reconhecido como sambista paulista.

Os sambas de Jorge Costa abordam a temática urbana e social. Músicas como: Ladrão que Entra na Casa de Pobre Só Leva Susto, Baile do Risca Faca, Triste Madrugada, Maria Simplicidade (clique para escutar as músicas) são algumas das canções do compositor alagoano radicado em terras paulistas.

A história da composição de Triste Madrugada, um dos sambas mais conhecidos do alagoano, remete ao caso em que o Chico Buarque perde o violão na Galeria Metrópole, lugar onde Jorge se apresentava e que Chico frequentava no início da carreira.

Em 1968, Jorge Costa dividiu a abertura do carnaval de Catanduva – SP, com Amália Marangoni e Wilson Simonal. Jorge Costa compôs a música Baiano Capoeira em parceria com Geraldo Filme, um dos principais sambistas de São Paulo.

Jair Rodrigues gravou Triste Madrugada em 1967 tendo grande repercussão e sendo um dos maiores sucessos da época. Jorge Costa gravou dois discos que hoje são considerados raridades: Samba Sem Mentira (1968) e Jorge Costa e Seus Sambas (1973).

O cantor e compositor João Borba, um dos principais representantes da Velha Guarda do samba paulista gravou, em 2007, o álbum João Borba canta Jorge Costa. O cantor e compositor alagoano morreu em 1995.

Vinicius de Moraes errou

A afirmação de Vinicius de Moraes de que São Paulo é o túmulo do samba está mais do que equivocada. O samba em São Paulo está vivo e não é preciso muito esforço para enxergar a vivacidade do ritmo na pauliceia desvairada.

O modernista Mario de Andrade, na década de 20 do século passado, encontrou em Pirapora do Bom Jesus, cidade a 54 km da capital, o samba rural. Esta manifestação é considerada a raiz do ritmo no estado.

Mas para além do registro feito por Mario de Andrade o ritmo no estado remete a própria presença dos escravizados negros nas plantações de café. Os negros nas senzalas paulistas já se faziam uma batucada.

Na capital alguns bairros com presença marcadamente negra são redutos do ritmo e testemunham a vivacidade do samba nos dias atuais. O Bixiga e a Barra Funda, só para citar dois bairros, escancaram o absurdo afirmado por Vinicius de Moraes.

No ano passado (2013), o Concresp, órgão municipal de proteção ao patrimônio histórico, cultural e ambiental, declarou o ritmo como patrimônio imaterial de São Paulo.

Na famosa avenida São João, imortalizada na canção Sampa de Caetano Veloso, um prédio passa por restauro para abrigar o museu do samba paulista.

O que diriam Adoniram Barbosa, Geraldo Filme, Paulo Vazolini, Germano Mathias, Jorge Costa,Caco velho, Hélio Sindô, Eduardo Gudin da afirmação equivocada de Vinicius de Moraes? Sem falar em Toquinho parceiro do próprio Vinicius.

samba

*é estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto – MG

Na festa da despedida da carne o que conta é a folia
   3 de março de 2014   │     11:49  │  0

Brasília – O imperador Constantino virou cristão, mas manteve as festas profanas. Ao contrário do que muita gente pensa, o Carnaval não é uma invenção brasileira e já existia há mais de 1,5 mil anos antes de Cabral desembarcar na Bahia.

A decisão de Constantino não salvou o Império Romano, mas ajudou a espalhar o Carnaval  pelo mundo e, no Brasil, é onde a festa mais contagia – daí, muita gente pensar que Carnaval só tem no Brasil.

Na verdade, o Carnaval significa a festa da “despedida da carne” ( Carnne Valli ) na preparação para a Quaresma.

Para os brasileiros, é o momento do direito à alegria fugaz da qual se referiu o Chico Buarque de Holanda na famosa música. Com exceção da Bahia, que tem Carnaval todos os dias de janeiro a dezembro, são três dias de folia e descontração.

E vários foliões entraram para a história da festa profana; em Maceió tem o “Moleque Namorador”, a “Nega Juju”, “Tarzan”, “Gonguila” e em Recife o Felinto, Pedro Salgado, Guilherme e o Fenelon imortalizados na música.

Aqui na Capital Federal o Carnaval muito deve aos pernambucanos que cultuaram o frevo e aos cariocas que federalizaram a escola de samba.

Que tenham todos um bom Carnaval!