por Aprigio Vilanova*
O tema na mídia essa semana foi o rolezinho, movimento surgido nas periferias de São Paulo, e que está se espalhando por vários estados no país. O rolezinho, para além da mídia, envolveu rede de shopping centers, a justiça de São Paulo, a polícia militar e civil.
A justiça paulista concedeu liminar proibindo a entrada de pessoas nos estabelecimentos, estipulando multa diária para quem fosse enquadrado no famigerado rolezinho. Os shoppings centers passaram a proibir a entrada de pessoas enquadradas na liminar do ‘rolezinho’. E aí entra a questão do preconceito e do racismo que se manifesta escamoteadamente no Brasil
O mito da democracia racial no país é frágil e se desfaz ao menor movimento oriundo da periferia no Brasil. Os negros tiveram seus direitos negados desde a origem do país e ainda sofrem as conseqüências oriundas da mentalidade escravagista que impera no Brasil ainda nos dias atuais, o rolezinho escancara o racismo na sociedade brasileira.
Na cidade mineira de Tiradentes, durante o período em que vigorou a escravidão, os negros eram proibidos de transitar nas ruas que os brancos freqüentavam. O ‘rolezinho’ dos negros estava proibido nas principais ruas da cidade. Tiradentes é cortada por becos, construídos exclusivamente para o transito dos escravizados na cidade. As ruas principais da cidade eram de transito exclusivo dos senhores brancos.
O movimento é espontâneo e surgiu das periferias de São Paulo. Os membros deste movimento querem na verdade é dá um rolê, mas os espaços da cidade estão concebidos para esconder o role da periferia. Por isso são periféricos, nos projetos das cidades brasileiras este é a região destinada aos pobres, pardos e pretos. O Brasil esconde a sua pobreza e proíbe sua movimentação, primeiro foram as senzalas e depois da abolição veio o processo de favelização.
* é estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto – Ufop