Monthly Archives: setembro 2016

Roberto Villanova

22 de setembro de 2016

Brasília – Os excessos cometidos pela Operação Lava Jato não se restringem aos prejuízos que vem causando à economia do País; eles vão além dos prejuízos econômicos e financeiros.

Na caçada violenta contra suspeitos e culpados seletivos, ou seja, apenas se só e somente se pertencer ao PT, tem-se cometido atrocidades jurídicas.

Imagine a autoridade aceitar uma denúncia baseado na convicção do investigador?!

Se o investigado é do PT, seja por filiação ou parentesco com algum petista, a sentença é bruta porque a Operação Lava Jato ganhou a conotação de disputa partidária envolvendo petistas e não-petistas.

Qual o crime que a cunhada do João Vaccari Neto cometeu para ser violentamente arrastada de São Paulo para Curitiba e permanecer cinco dias presa, apenas porque se aceitou a denúncia do Ministério Público Federal do Paraná baseado na convicção como único elemento de prova?

E o pior: os procuradores que pediram a prisão da cunhada do João Vaccari Neto erraram na sua convicção.

E quando se pensava que poderia haver esperança de que o erro absurdo de se mandar prender a inocente baseado na convicção dos seus algozes, e não nas provas, tinha acabado, eis que se repete novos absurdos.

A vítima da vez foi o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, arrancado de um leito hospitalar onde acompanhava a esposa acometida de câncer, num espetáculo vergonhoso para as instituições que a sociedade mantém para defende-la da ilegalidade.

Quanta ironia…

Enquanto isso, na inequívoca comprovação de que o objetivo não é punir maus feitos, mas o de selecionar os maus feitos que devem ser punidos, o ex-deputado Eduardo Cunha e a esposa dele permanecem inatingíveis.

A tão operosa e eficiente logística burocrática que é capaz de prender uma inocente, no caso da cunhada do João Vaccari Neto, ou de arrastar de um leito hospitalar o marido que solidariamente acompanhava a esposa acometida de câncer, é incapaz de localizar uma culpada contumaz para entregar-lhe uma intimação judicial.

Por essas e outras, a Operação Lava Jato está deixando cair a máscara e confirmando o que antes se tinha como absurdo e agora já se tem como certeza. Ou seja: o único objetivo é impedir o Lula de se candidatar em 2018.

O processo é meramente político e exclusivamente eleitoral. Senão, não haveria seletividade nas ações nem a desumanidade de se prender inocentes e de se invadir hospital, num espetáculo circense, para se arrancar dos braços de uma paciente com câncer alguém contra quem não se tem prova alguma.

Quando a autoridade prende para investigar, todo inquérito ou processo deve ser anulado porque o justo, o legal e o moral é investigar para prender.

 

 

Roberto Villanova

21 de setembro de 2016

Brasília – Cabe ao Brasil, por ter sido o primeiro País a aderir à Organização das Nações Unidas (ONU), em 1947, fazer o discurso de abertura da Assembleia-Geral.

O evento este ano serviu para a reunião da cúpula que discute o problema dos refugiados, mas o Michel Temer não pode comparecer.

E por que o Temer não pode comparecer?

Por causa dos protestos encabeçados pela Costa Rica, Equador, Bolívia, Venezuela, Cuba e Nicarágua, cujos governantes se retiraram do plenário quando o Temer apareceu para o discurso de abertura da reunião e ameaçavam não ir à reunião da cúpula que discutiu o problema dos refugiados.

Mas, esse não foi o único sinal de que alguma coisa está fora da ordem no Brasil. Por exemplo: por que o Obama se atrasou para o discurso na abertura da reunião da ONU? Obama sucedeu ao Temer e os dois deveriam se encontrar, mas como o Obama se atrasou não houve o encontro.

E o Obama se atrasou para evitar de se encontrar com o Temer, do mesmo modo que, na fotografia oficial da reunião do G 20 na China, o Temer foi postado à parte dos mandatários e separado por 1 metro do último mandatário na linha de frente.

O protesto liderado pela Costa Rica obrigou o ministro das Relações Exteriores, José Serra, a chamar o embaixador brasileiro de volta. Isso porque, além de liderar o protesto com a saída do plenário enquanto o Temer discursava, a Costa Rica ainda distribuiu uma nota no twitter ironizando a tentativa de Temer “de dar lição de prática democrática”.

A nota no twitter se referiu ao discurso de Temer, que antes havia combinado que não trataria sobre o processo de impeachment da Dilma durante o seu discurso na ONU, mas mudou de ideia quando viu os protestos contra a solução encontrada pelo Brasil para derrubar a Dilma.

Impedido de ir à reunião da cúpula que trata dos problemas dos refugiados, devido à ameaça de boicote contra a sua presença, o Temer foi representado pelo ministro da Justiça, Alexandre Moraes.

Outro dado negativo para o Temer foi que, com tantos mandatários presentes à reunião da ONU, ele só conseguiu se reunir com o representante da Palestina e com o dirigente do Congo.

E só.

Deu a lógica! Moro aceitou a denúncia contra o Lula
   20 de setembro de 2016   │     18:47  │  20

Brasília – A surpresa seria o contrário, ou seja, se o juiz Sergio Moro não aceitasse a denúncia contra o Lula, ainda que se trate de denúncia vazia, ou seja, baseada em convicção.

E por que não é novidade?

Porque o Lula é o foco da Operação Lava Jato e disso todo mundo já ficou sabendo. Só existe duas maneiras de impedir o Lula de disputar a eleição presidencial em 2018, que são:

1) Matando-o.

2) Condenando-o

Para o Lula, dos males, o menor.

Observem que o juiz Sérgio Moro, que não conseguiu entregar a intimação à mulher do Eduardo Cunha, numa decisão mais ligeira do que imediatamente aceitou a denúncia do Ministério Público Federal do Paraná contra o Lula.

E de nada vai adiantar o Lula se defender porque contra fato consumado não há argumento embasado.

Pela segunda vez em menos de 30 dias, Obama evita se encontrar com o Temer
     │     16:33  │  11

Brasília – Por que?

Não sei; só sei que foi assim. Na reunião do G 20 na Chino, todo o esforço da diplomacia brasileira para acertar o encontro do Michel Temer com o Barack Obama foi em vão.

Louve-se o esforço hercúleo do ministro das Relações Exteriores, José Serra, que foi duas vezes aos Estados Unidos tentar acertar o encontro entre os dois e não obteve êxito.

Na reunião do G 20 os dois estiveram separados por questão de centímetros, mas nem assim se deu o encontro; sequer uma foto à posteridade com um aperto de mão protocolar.

Para tentar abafar o vexame, a assessoria do Temer tramou uma reunião dele com líderes árabes, mas, na foto, os líderes árabes estavam de costas de modo que não deu para identifica-los se eram realmente árabes e quem representavam.

Restava a reunião da OEA em Nova Iorque; o encontro entre Temer e Obama era o troféu máximo, pois nada valeria a pena se o encontro entre os dois também não se consumasse.

E não se consumou.

Pela segunda vez, a tentativa de juntar os dois presidentes foi frustrada e até agora ninguém tem uma explicação. Aliás, todas as explicações para o desencontro, são o que se conhece como “desculpa esfarrapada”.

Ouso, então, dá um palpite:

É que os Estados Unidos estão em plena mobilização para uma eleição presidencial e o eleitorado latino-americano é muito forte. Além disso, a repercussão da derrubada da presidente Dilma foi negativa na imprensa mundial e, notadamente, nos Estados Unidos.

Obama é o primeiro negro a assumir a presidência dos Estados Unidos e não ficaria bem, para a sua imagem e a biografia, posar ao lado de um presidente que não foi eleito pelo povo e que derrubou a primeira mulher a se eleger presidente do Brasil e, também, a primeira mulher a discursar numa reunião da ONU na condição de presidente democraticamente eleita.

Foi por isso que o Temer, que inicialmente não iria se referir no seu discurso ao impeachment, teve de refazê-lo para sustentar que o impeachment foi um ato democrático.

Uma sustentação que, pelo visto, não se sustenta.

 

 

 

 

Na República brasileira do trágico e do cômico, o Cunha ameaça acunhar
   19 de setembro de 2016   │     22:08  │  13

Brasília – Aconselharam ao agora ex-deputado Eduardo Cunha a permanecer atirando, porque enquanto estiver atirando ele mentem na geladeira as denúncias contra a mulher dele, e contra ele próprio, que estão com o juiz Sergio Moro.

Vale lembrar que Moro não conseguiu entregar a citação à mulher do Cunha. Foram duas tentativas vãs, uma na residência oficial da Câmara, na Capital Federal, e a outra no domicílio da família no Rio de Janeiro.

Frise-se que, no particular de não ser localizado para receber intimação ou citação, o Cunha é mestre. Na Câmara, depois de três tentativas vãs de entregar-lhe a citação sobre o processo de cassação, a solução foi citá-lo pelo Diário Oficial da União.

Cunha mira certeiro no secretário-ministro para assuntos aleatórios, Moreira Franco, a quem culpa pelas derrotas seguidas: na disputa pela eleição do seu sucessor na presidência da Câmara e a humilhante votação favorável à cassação do seu mandato.

Apenas 10 deputados votaram favoráveis ao Cunha, no universo de 513 deputados.

Além de derrotar o candidato do Cunha, que era o deputado Rogério Rosso, o secretário-ministro para assuntos aleatório, Moreira Franco, elegeu o genro Rodrigo Maia para presidente.

A República brasileira está vivendo momentos que misturam o trágico com o cômico. E isso atinge todos os níveis, porque na semana passada o Ministério Público Federal do Paraná fez graves acusações baseado apenas na convicção, ou seja, sem apresentar as provas.

Nesta segunda-feira 20, em Nova Iorque, o Michel Temer deu um chute no número de refugiados no País erroneamente calculado em 95 mil, quando são apenas 8,8 mil. Ao tentar consertar a gafe, o ministro da Justiça fez pior porque citou os que deixaram seus países devido a catástrofes e que não compõem a leva de exilados.

Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos. Com certeza teremos mais de trágico e cômico.