Monthly Archives: abril 2014

Será que esconderam a sujeira embaixo do tapete?
   16 de abril de 2014   │     16:28  │  2

Brasília – Conta a história e eu acredito que levaram o imperador Pedro II, na visita que fez à Cachoeira de Paulo Afonso, para conhecer o “véu da noiva” – que não mais existe, depois das obras das hidrelétricas.

Local íngreme e ainda assim o imperador fez questão de conhecer. Na descuida sobre as pedras, o imperador escorregou e caiu, sendo amparado por um assessor.

Na volta, alguém sugeriu que se fincasse um marco eternizando para a história que o imperador havia visitado o local e Pedro II reprovou a ideia; ele disse que no lugar de se fincar o marco da sua visita construíssem uma escada para que ninguém mais tornasse a cair na descida.

A visita de Pedro II a Paulo Afonso é igual à visita do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, a Maceió esta semana. Ou seja, levaram o presidente do Supremo para descer um terreno íngreme sem escada.

Mas igual a Pedro II sabia que a questão não era o marco da sua visita, o presidente do Supremo sabe que o problema da violência em Alagoas não está nas condições desumanas dos presídios – afinal, um Estado que precisa de presídios é porque não tem escolas nem leis.

Num Estado decente a lei vigora, se a lei vigora a justiça prospera e se a justiça prospera haverá menos rebotalhos humanos na cadeia.

O presidente do Supremo, com certeza, está muito bem informado sobre o quadro dantesco que levou Alagoas a essa degradação, até porque ele veio visitar o Estado no rastro da reportagem sobre a impunidade reinante – e, pior que isso, a premiação que se confere a quem tem contas a ajustar com a lei.

O ministro já sabe que o problema de Alagoas não está apenas nas péssimas condições dos presídios, mas na ausência de quem deveria estar dentro das celas e permanece solto pela impunidade criminosa.

Afinal, a questão maior é a ausência de quem deveria estar na cela e permanece solto – porque isso alimenta o crime e estimula novos criminosos.

O que é justiça?
   15 de abril de 2014   │     18:17  │  2

Brasília – O que é justiça? A pergunta é pertinente diante dos gritos repetidos que ecoam como “abertura” dos programas policiais no radio e na televisão.

De ordinário, é o que mais se ouve: queremos justiça, queremos justiça, queremos justiça…

Mas o que é mesmo justiça?

Aqui em Brasília um ex-deputado distrital foi condenado a 30 anos como o mandante da morte de um menor de idade, que era amante da esposa dele, segundo o processo.

Ouvida em juízo, a esposa confirmou o adultério, mas negou que o menor morto fosse o seu amante mesmo diante de todas as evidencias.

E por que negou que o menor seria o amante se confirmou o adultério?

Ora, pois; se por acaso a esposa do ex-deputado confirmasse que o menor era mesmo o amante ela estaria incorrendo em vários crimes, entre eles o de aliciamento de menores.

E aí, no frigir dos ovos, o ex-deputado condenado a 30 anos não vai cumprir um dia sequer de prisão porquanto cabe recurso, e a mulher adultera se livrou do enquadramento da lei por praticar a pedofilia.

Quando, finalmente, se fará justiça à vítima? 

Está aí um tema para reflexão: o que é justiça? Se os amigos e amigas que nos honram com a leitura sabem responder que nos ajudem.

Porque até agora o que se tem visto é injustiça.

Ministro Joaquim veio ver se o Diabo é mesmo diabólico…
     │     14:30  │  1

Brasília – O que o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, veio fazer em Maceió? Qual das alternativas abaixo é a correta?

1) Veio passear.

2) Veio conhecer a Sereia e tomar banho de mar.

3) Veio conhecer as lagoas.

4) Veio saber por que os processos das denuncias cabeludas que abarrotam as estantes do Supremo não andam nem a pau, Juvenal.

A matéria da Globo mostrando o descalabro em Alagoas aguçou a curiosidade do presidente do Supremo, e observe que a Globo nem contou tudo o que aconteceu e acontece em Alagoas.

Imaginem se contarem tudo.

Alagoas está na estatística mundial da violência devido à violência em Maceió, mas é bom frisar que não está em discussão apenas a violência praticada pelos rebotalhos humanos.

Tem em Alagoas a violência decorrente da segregação social e a violência, como os assaltos a bancos para fins eleitorais e o roubo de carro praticado por quadrilhas com “pedigree” – que nunca se dão mal.

O volume das denúncias sobre a criminalidade e a impunidade em Alagoas abarrotam os arquivos do Supremo e a matéria da Globo chamou a atenção do presidente do Supremo.

A visita do ministro Barbosa é como quem diz: vou lá verificar se o Diabo é mesmo assim tão diabólico quanto se pinta.

Aqui em Brasília dizem que uma grande operação policial-judicial em Alagoas está em curso e que a visita do ministro pode ser entendida como o reconhecimento do general antes de ocupar o terreno.

Dizem que vem chumbo grosso por aí, e que venha. Aliás, demorou – senão, Alagoas com a capital entre as mais violentas do mundo, ficará para o país como o Estado da desordem e da criminalidade impune.

Carlinhos Lira homenageia Getúlio Vargas, Jango e Fernando Collor
   14 de abril de 2014   │     10:59  │  2

Brasília – O cantor e compositor Carlinhos Lira, um dos “pais” da Bossa Nova junto com Tom Jobim e Vinicius de Moraes, homenageou os três mártires da República: Getúlio Vargas, João Goulart e Fernando Collor.

A homenagem foi durante o show em comemoração ao aniversário de Brasília; Carlinhos Lira se apresentou no sábado.

Os presentes ao show foram levados à reflexão e entenderam a homenagem do consagrado músico; de fato, Getúlio, Goulart e Collor são os três mártires da República, o primeiro deles levado ao suicídio por um golpe sórdido protagonizado por civis.

O suicídio de Getúlio adiou a trama civil-militar para tomar o poder pelas armas, já que não conseguiam pelo voto. No dia 1º de abril de 1964 finalmente conseguiram e Goulart foi apeado do poder.

O país foi mergulhado no obscurantismo político e só mais de duas décadas depois a sociedade pode escolher livremente um presidente da República, e a escolha recaiu num governador de um Estado nordestino, sem peso econômico nem político.

Os caciques nacionais foram derrotados fragorosamente nas urnas, mas não perdoaram e um novo golpe foi dado – e desta vez, sem precisar dos militares. A trama para derrubar o Collor precisava apenas de um mote que empolgasse os incautos – o que não foi difícil de encontrar.

A história do Brasil está marcada por essas contradições promovidas por quem se apresenta como paladinos da democracia, e nos bastidores tramam contra ela. São os “Macunaimas” da política brasileira, os heróis sem caráter que sempre vicejam e prosperam desde a proclamação da República.

Aliás, e por falar em República, quando alguém lhe disser que as cores verde e amarela da Bandeira da República Brasileira representam as nossas matas e as nossas riquezas ( ouro ) reaja dizendo que é mentira.

Na verdade, o verde e o amarelo da bandeira republicana do Brasil representam a união da monarquia brasileira com a Casa D´Austria, que nos deu a princesa Leopoldina.

Ou seja: o Brasil é o único país republicano cujo símbolo maior, ou seja, o pavilhão nacional, é uma homenagem à Monarquia.

Dá para entender?

Dá.

Assim como dá para entender o ataque gratuito da revista Veja contra o ex-presidente Fernando Collor. É que a Veja perdeu uma causa milionária por divulgar mentiras contra o Collor.

Só por isso.

São coisas desse Brasil que, felizmente, não é feito apenas pelos covardes; não é feito apenas pelos Silvérios dos Reis, mas também por homens do quilate do Carlinhos Lira – que insiste em continuar sendo homem numa terra onde muitos covardes continuam se dando bem.

Ruim com a Dilma, pior com o Lula
   11 de abril de 2014   │     11:44  │  2

Brasília – Na busca desesperada por um mote para o discurso eleitoreiro na campanha que se aproxima, o PSDB deu um tiro no próprio pé.

A proposta para a criação da CPI da Petrobras, que o partido pensava atingir apenas o governo, na verdade vai pegar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pois tudo começou com ele.

Trocando em miúdos: não há inocentes nessa história.

Mas o PSDB não pode recuar, até porque falta tema para o discurso no palanque eleitoral. A reação do governo e da base aliada querendo estender o trabalho da CPI para investigar possíveis maus feitos da oposição embaralha o tema inicial da CPI – mas, não pode ser esquecido.

Há fundadas suspeitas de maus feitos na construção do Metrô em São Paulo, o que envolve o PSDB, e no porte de Suape, em Pernambuco, o que envolve o PSB do ex-governador Eduardo Campos.

Ou seja: a questão é saber o tamanho do rabo de palha, e não mais quem tem ou deixa de tê-lo. A oposição ou mais diretamente o PSDB e o PSB vivem esse dilema agravado pela realidade numérica que os impedem de bater pesado no governo.

Porque, se com a presidente Dilma na disputa o páreo está sendo duro, com o ex-presidente Lula será obrigada a capitular.

Ou melhor: difícil com a Dilma, impossível com o Lula.