Monthly Archives: abril 2014

No Brasil, o crime tem compensado…
   10 de abril de 2014   │     12:00  │  1

Brasília– O professor Granjeiro, dono do Gran Curso, disse que o Brasil tem mais curso de Direito do que a soma do mundo inteiro.

Tô bege, como diz uma amiga minha.

Isto quer dizer que somando os cursos de Direito existentes no mundo inteiro, ainda assim o Brasil supera – são quase 2 mil cursos de Direito existentes no país, enquanto no mundo inteiro existem pouco mais de 1,5 mil cursos.

Por conseguinte, o Brasil deveria ser o país modelo; o Brasil deveria ser o exemplo; o Brasil deveria ser o país da Justiça mais ágil e mais contundente.

Mas não é.

Pelo contrário: a sociedade brasileira vive essa distorção e agora é refém de leis que não se aplicam e de uma falta crônica de justiça – o que mais se ouve é a população bradar nas ruas: queremos justiça.

Entenda-se por justiça não apenas a que emana das decisões togadas, mas as que se origina da crença e dos valores que a sociedade deve cultuar.

O Rio de Janeiro vive um estado de guerra e não dá mais para culpar as favelas. O poder público faliu em todos os seus sentidos e uma parte da população injustiçada, ou seja, sem justiça, decidiu sair às ruas para afrontar a lei.

Convenhamos que é o meio mais fácil, até porque o risco de ser preso já não intimida; de ordinário, o delinquente brada solenemente: estou preso hoje, mas amanhã estarei solto.

E volta a delinquir nesse circulo vicioso que se alimenta pela impunidade, especialmente a impunidade para os delinquentes de grava e capital – que nunca se dão mal.

Talvez o fato de termos o maior número de cursos de Direito no mundo alimente essa delinquência. Afinal, se a oferta é grande a demanda cresce na mesma proporção – e essa é a lei irrevogável e indestrutível da Ciência Econômica.

A cena da senhora sendo atacada por delinquentes no Rio de Janeiro, enquanto concedia entrevista é mais que um flagrante jornalístico; é, antes de tudo, a prova inconteste de que já não há mais valores nem ordem pública a se preservar.

É o caos; é o salve-se quem puder.

Os maus exemplos que vêm da cúpula inspiram a plebe; e a ausência ou a demora da Justiça está levando muita gente a acreditar que o crime compensa.

E se continuar assim resta só pedir a Deus que salve o Brasil. Se ainda houver tempo, claro.

200 policiais argentinos vêm reforçar segurança na copa
   8 de abril de 2014   │     15:08  │  3

Brasília – Inédito, fantástico, extraordinário! 200 militares argentinos virão reforçar o policiamento durante a copa do mundo de futebol.

Só duas vezes o Brasil se juntou a Argentina num esforço de “guerra”.  A primeira vez foi para deflagrar a covarde e vergonhosa guerra contra o Paraguai – que a Inglaterra inventou.

E a segunda vez será daqui a dois meses, com a copa do mundo de futebol.

Isto nos leva à reflexão: considerando que a seleção brasileira será campeã; considerando que o Uruguai não aceitou ser vice, então tudo indica que a Argentina aceitou ser vice.

Cá entre nós, eu acho que aceitou e considerando que já está tudo certo para a seleção brasileira será campeã – a Argentina será vice.

Senão, para que trazer 200 militares argentinos nessa “invasão pacífica”?

Faz tempo que a copa do mundo de futebol deixou de ser uma competição seria. Lembram-se da copa do mundo na Argentina? Pois é.

A copa do mundo na Argentina foi a mais vergonhosa já organizada; mais vergonhosa até que a copa do mundo nos Estados Unidos – ganha pelo Brasil.

Na copa do mundo da Argentina, o governo militar estava caindo pelas tabelas e precisava de uma injeção moral – e nada mais oportuno que ganhar a copa.

Para tal, contou com a conivência da seleção do Peru e o papel ridículo de um brasileiro que, na condição de jogador, foi um gênio, mas como técnico do Peru não poderia aceitar a marmelada.

Didi, o grande Didi, treinou o Peru para ser derrotado pelo placar que atendesse as necessidades da Argentina – que precisava vencer por uma diferença superior a 5 gols e venceu.

E se a diferença fosse pelo escore superior a 100 gols também teria vencido.

Depois, veio a copa nos Estados Unidos. O Ronaldinho carioca tinha 16 anos de idade e estava no auge da carreira – mas, se entrasse em campo, superaria o Pelé.

E o Pelé foi quem organizou a copa nos Estados Unidos, a copa mais chinfrim da história. A decisão nos pênaltis foi ainda mais vergonhosa porque o Roberto Baggio perdeu o pênalti porque quis e o Brasil foi campeão na marmelada.

Uma vergonha.

Na copa este ano, já que está tudo acertado e combinado para o Brasil ser o campeão, que pelos menos disfarcem melhor a marmelada e evitem a disputa nos pênaltis porque pode não haver outro Roberto Baggio com a coragem para bater na bola daquela forma tão escrachada, ridícula e bandeirosa.

Afinal, o argentino é nosso rival histórico e pode melar a marmelada.

Ontem foi a Deic, hoje o moinho Motrisa e amanhã qual será a tragédia?
   7 de abril de 2014   │     21:48  │  6

Aprigio Vilanova*

O rompimento da torre de estocagem de trigo da empresa moinho Motrisa está para além do incidente em si. As causas serão apuradas, a perícia definirá o que aconteceu tecnicamente. O fato é que a vistoria feita e nada se mostrou a mesma coisa. É torcer para que não haja vítimas fatais, mas a tragédia está consumada graças a negligência e a inoperância dos poderes públicos.

A explosão do paiol improvisado na sede da Delegacia Especial de Investigação Criminal (Deic), em 2012, que matou uma agente da polícia civil deveria ter servido de exemplo, mas o que vemos é que continuamos sempre um passo atrás e esperando a próxima tragédia que se anuncia.

Pelo que se pode tirar de conclusão é que não existe fiscalização. Os órgãos públicos responsáveis por fiscalizar as construções em Maceió não estão cumprindo sua função. Maceió é uma bomba relógio prestes a explodir ou a implodir, só não sabemos como será a ordem das tragédias anunciadas.

O emissário submarino, na praia do Sobral, é uma tragédia que se anuncia há muito tempo. A estrutura de concreto do emissário e suas tubulações estão danificadas e corroídas segundo o resultado da vistoria feita, em Julho de 2012, pelo Conselho Estadual de Proteção ao Meio ambiente (Cepram).

Os prédios abandonados no centro de Maceió são outros anúncios de tragédia e não são de hoje. O edifício Palmares foi interditado por problemas na estrutura física e na rede elétrica em 2012, o mesmo aconteceu com o edifício Ari Pitombo, ambos pertencentes ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e de lá para cá nenhuma obra de reforma foram feitas nos edifícios.

O Alagoinhas, ou o que sobrou dele, é outra tragédia que se anuncia, esta mais recentemente para nós, é claro. Quando foi a última vistoria nas instalações da Braskem? Estão sendo implantados os planos de gerenciamento de crise?  A população da região sabe o que fazer numa situação de eminente tragédia?

Quantas tragédias serão consumadas para que as medidas necessárias de vistoria, fiscalização sejam adotadas como devem ser, com o rigor que exigem? E o plano diretor de Maceió a quantas anda?

Já disse o mestre Alceu Valença: tu véns, tú vens, eu já escuto teus sinais. No caso de Maceió, do jeito que vai, o anuncio é de tragédia.

 

* é estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto – MG

Dilma pede ao senador Renan que se candidate a governador
   5 de abril de 2014   │     11:45  │  4

Brasília – Por duas vezes a presidente Dilma pediu ao senador Renan Calheiros para disputar o governo de Alagoas, este ano. Com o projeto de chegar novamente à presidência do Senado, como de fato chegou, Renan desconversou embora considere uma honra governar o Estado.

Na ocasião, Renan explicou a Dilma que a candidatura dele ao governo de Alagoas não poderia ser uma decisão unilateral e propôs que conversassem mais à frente, ou seja, quando 2014 chegasse e 2014 chegou.

E chegou com os números indicando que a presidente Dilma estava certa e o presidente do Senado deve discutir a proposta considerando a possibilidade de aceitá-la; afinal, ele será um dos carros-chefes da campanha de Dilma à reeleição.

O resultado da pesquisa de intenção de votos, que a presidente Dilma tomou conhecimento,  mostra o dado “sui  generis” na política nacional: o pai e o filho, juntos, se elegeriam no primeiro turno somando-se o percentual de votos apurados.

Claro que um ou o outro será o candidato, mas isto mostra com bastante antecedência a tendência do eleitorado – a faixa mais jovem numa nítida disposição para seguir a tendência do eleitorado de Maceió e a faixa mais calejada optando pela experiência.

Colocado em segundo lugar, o senador Benedito de Lira lembra que na eleição em 2010 as pesquisas apontavam a vereadora Heloísa Helena como eleita para o Senado e foi ele quem se elegeu, inclusive como o mais votado.

É verdade.

Mas também é verdade que se deve levar em consideração o aspecto fundamental da disputa, com o esforço concentrado do governo federal em derrotar Heloísa Helena. Na eleição em 2010 a análise que se fazia era a seguinte: o Renan está eleito; vamos carregar no outro candidato uma vez que se disputavam duas vagas de senadores.

Além do mais, a eleição para senador sempre apresentou essas nuances em Alagoas.  Imagine que o saudoso vereador Camucé teria derrotado o Teotônio Vilela, pai, se não fosse o casuísmo da legislação que anulava os votos do então MDB nos municípios onde o partido não tivesse diretório formado.

E na época, dos 94 municípios existentes, o MDB só possuía diretoria em pouco mais de 50. Nos quase 40 municípios restantes os votos para o Camucé sequer foram contados.

O senador Renan está entre os dez políticos mais influentes do país, hoje, e a conjuntura nacional parece lhe preparar um cavalo selado passando na sua porta pra lá e pra cá. E até a Dilma já viu o cavalo.

Dilema da oposição: preservar a Dilma, senão o Lula volta
   4 de abril de 2014   │     15:25  │  0

Brasília – A oposição vive o dilema: bater no governo da presidente Dilma, mas nem tanto – senão o Lula volta.

E com o Lula na disputa a chance que com a Dilma, hoje, é remota deixará de existir; com o Lula na disputa não tem para ninguém.

Daí, o conselho que se dá de graça à oposição é ir devagar com o andor – senão, o Lula volta.

É verdade que a Petrobras fez maus negócios e não foi apenas na refinaria nos Estados Unidos, mas a questão é que deixaram os erros para tema de campanha.

A oposição sabia dos maus negócios e deixou que acontecessem para ter do que falar na campanha – pelo menos é isto o que se depreende.

Diferente do Lula, que não exerceu cargos no Executivo e podia dizer que não sabia de nada, a presidente Dilma não pode repetir o refrão. Mas, ao que parece, não foi atingida duramente tanto quanto a oposição calcula e se a eleição fosse hoje ou amanhã ela se reelegeria.

Quem sabe isso se dá pelo motivo de não haver na verdade uma candidatura de oposição; o senador Aécio Neves parece carregar o estigma do avô – que só conseguiu chegar à presidência da República pela via indireta; e o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, parece empacado e não decola.

E isto se dá porque Campos estar cuspindo no prato que comeu e comeu com apetite voraz; e a vice dele, a Marina Silva, ser uma farsa com cara de peregrina – só quem compra a Marina é quem não a conhece.

A oposição vive esse dilema de ter de encontrar um discurso, mas carregar nas tintas – senão, o Lula volta e aí…