Pelo que a presidente Dilma disse na reunião com os governadores e prefeitos, a solução para o problema do país está com o povo e no fundo do mar.
Ela anunciou que vai convocar um plebiscito para que o povo decida sobre a reforma política. Pelo o que se sabe, o plebiscito é uma consulta onde o povo vota sim ou não.
Sim é pela reforma política e eu acredito que só por ignorância, erro na tecla, ou sacanagem é que alguém votará Não.
A reforma política está atrasada desde 1889, porque quem proclamou a República foram os monarquistas.
Aproveitadores, fisiologistas e cínicos, é verdade, mas foram os monarquistas.
Até a nossa Bandeira Nacional, ainda hoje, presta homenagem à Monarquia. O Brasil é a única República cujo pavilhão homenageia a Monarquia.
O verde e o amarelo da nossa bandeira, que eles ensinaram pra gente que representavam as matas e as riquezas, na verdade representa a união da Casa de Áustria com os Bourbons, de cujo casamento nasceu a princesa Leopoldina.
Como foram os monarquistas quem proclamaram a República, eles mantiveram a homenagem.
Então, a reforma política no Brasil deveria ter sido feita em 1889.
Os próprios partidos chamados de esquerda, que poderiam ensejar alguma coisa de real e legítimo, foram uma tragédia. Os comunistas se aliaram a burguesia na década de 1940 e 1950, com a UDN, e na década de 1980, ao apoiarem Tancredo Neves.
E nessa multrifusia política não escapa ninguém: nem a direita, que nunca mudou de lado, nem a esquerda, que tem mudado de lado de acordo com a biruta.
Mas quem é que vai fazer a reforma política?
– Uma Constituinte, anunciou Dilma.
E quem é que vai poder participar dessa Constituinte?
– Ah, isso a Dilma não sabe. É melhor perguntar lá no Posto Ipiranga.
E a questão da educação, o que a Dilma propõe? A Dilma propõe que o Congresso Nacional aprove a aplicação do dinheiro do pré-Sal exclusivamente na educação, na ciência e na tecnologia e na valorização do professor.
E sobre os 39 ministérios, o mais longo ministério da história de todas as repúblicas do mundo, o que a Dilma falou?
Nada.
Reduzir o tamanho do governo e enxugar a máquina pública é item que não entra em pauta. Daí, sinceramente, a reunião da presidente Dilma me pareceu aquela jogada no futebol quando a partida está perto de acabar e faz-se um lançamento à linha de fundo, para alguém ficar segurando a bola até o apito final.
Trocando em miúdos: ganhando tempo.