por Aprigio Vilanova (texto e fotos)*
Quem mora em Riacho Doce certamente conhece, quem trafega na AL-101 norte já a viu alguma vez, com certeza. No meio da calçada, em uma banca improvisada, isopor do lado, balança do outro e peixe fresquinho, está a dona Maria ou, como é mais conhecida, “Galega do peixe”.
Típica brasileira, com traços marcantes, fruto da mistura étnica que aconteceu em nosso território, dona Maria é cabocla e seus traços indígenas são inconfundíveis. A região foi a dominada pelos Tupinambás – Caetés e a “Galega do peixe” traz, em suas marcas e sua coragem, o espírito dos silvícolas – apesar do apelido adquirido de “Galega”.
Não precisa de grito para convencer a clientela, os peixes expostos à beira da estrada são, por si só, a maior atração para a venda. A movimentação na estrada é intensa e dona Maria não pára; ora está atendendo a freguesia, ora está tratando os peixes que serão vendidos.
As mãos habilidosas deixam evidente a experiência obtida com a prática de uma vida inteira na atividade.
“Graças a Deus, com esses peixes eu criei quatro filhos, já tenho neto e vivo da venda aqui na estrada”.
É o desabafo metafísico com todo o saber que é próprio dos nordestinos simples, filhos da miséria e da exploração secular, financiada pela aristocracia rural e promovida pelo Estado brasileiro ao longo de nossa história.
O ambiente é composto de vários outros ambulantes que comercializam também os quitutes de herança indígena e africana à beira da rodovia.
Tem “pé-de-moleque”, “beiju”, “tapioca”, “bolo de fubá”, “bolo de macaxeira”, “brasileira”, “grude” e outras iguarias da culinária nordestina com raízes nos povos historicamente explorados – negros e índios.
É nessa região histórica, cortada por rios e limitada pelo mar calmo e cristalino de Maceió, que a “Galega do peixe” escreve sua própria história; ela também é personagem importante do cotidiano de Riacho Doce.
HISTÓRIA
A localidade, inicialmente, era habitada pelos povos Caétes, de origem tupi. Com a colonização portuguesa surgiram os primeiros núcleos de povoamento, basicamente composto por pescadores. O desenvolvimento da região está fortemente marcado pela pesca, que ainda hoje é a principal atividade econômica desenvolvida por seus moradores.
PETRÓLEO E ASSASSINATO
Os bairros de Garça Torta e Riacho Doce também foi palco das primeiras iniciativas de exploração petrolífera no Brasil e, ainda, da primeira vítima na batalha pelo reconhecimento oficial da existência de petróleo em solo brasileiro.
A vítima, o engenheiro alemão José Bach, trabalhava na empresa Andrade Auto & Compainha e foi o primeiro a estudar a região; depois de sustentar a existência e a viabilidade econômica do petróleo alagoano, contrariando os interesses dos Estados Unidos e das grandes petrolíferas da época.
Bach faleceu em circunstâncias estranhas em 1918, ele foi encontrado morto na laguna que se forma entre as praias de Garça Torta e Guaxuma. Os estudos geológicos que Bach desenvolveu enquanto residia na região sumiram após sua morte.
*Jornalista formado na Universidade Federal de Ouro Preto – MG
Dou o braço a torcer: há petróleo em solo brasileiro, MAS ELE NÃO É NOSSO. OH, YEHHHHHH!!!!
texto maravilhoso com a Galega do peixe, e dessa região Riacho Doce, Garça torta, e Guaxuma que tem praias maravilhosas pessoas receptivas ainda encontramos pescadores com estilo colonos como por exemplo a família MARTINS com filhos e netos inteligentes alguns com formatações no senai e até na ufal.
parabéns ao blog pelo texto.
Parabéns por sua cobertura acerca dos mais variados estratos da sociedade. Temos visto que o senhor demonstra ter um elevado senso de solidariedade.
#LulaLivre
#NobelParaLula
#OBrasilFelizDeNovo
Povão e com cara de índio? Quando nosso Führer Bolsonaro fechar o Congresso e baixar um novo Ato Institucional vocês vão ver só o que será feito dos quilombolas e indígenas. Aguardem…