Brasília – Dois fatos intrigam e comprometem:
O primeiro fato é: a Polícia Federal ainda não descobriu quem é o “careca” e o ”santo” que constam na relação de propinas pagas pela empreiteira Odebrecht ao governo do PSDB em São Paulo.
A propina foi paga pelas obras de duplicação da Rodovia Dutra e para a expansão da linha do metrô, mas a Polícia Federal não sabe quem é o “careca” e o “santo” do PSDB que receberam a propina.
Não sabe e nem se tem notícia de que esteja procurando descobrir.
Mas, em compensação, mais depressa do que imediatamente, já descobriu que o “amigo” relacionado como suspeito de receber propinas da mesma empreiteira é o ex-presidente Lula.
E baseada nessa convicção sem as provas pediu o indiciamento do ex-ministro Antônio Palocci, cuja prisão foi antecipada pelo “vidente” ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que é o chefe da Polícia Federal e por dever de ofício é previamente informado de todas as operações da PF.
O segundo fato é: o “vidente” ministro da Justiça elogiou a ação da Polícia Federal no Senado para apreender os detectores de grampos telefônicos, que o presidente Renan Calheiros já autorizou que fossem emprestados a própria Polícia Federal, ou seja, a Polícia Federal já sabia da existência dos detectores.
É estranho que isso tenha ocorrido no momento em que se cogita a indicação do senador Renan para o Ministério da Justiça. Renan já foi ministro da Justiça e deixou uma legião de admiradores dentro do ministério.
Num momento de gravíssima crise que o País atravessa, e não é só a crise advinda da retração da atividade econômica, mas também política e moral, esses detalhes que ilustram os dois fatos mencionados comprometem a credibilidade das ações policiais, ainda que autorizadas pela justiça.
O mais grave é a seletividade das investigações. O “careca” e o “santo” beneficiários das propinas pagas ao PSDB permanecem desconhecidos e contra eles não há sequer convicção.
Mas, o “amigo” na propina que teria sido paga ao ex-ministro Palocci já se descobriu fácil e rápido se tratar do ex-presidente Lula. Simples assim, mesmo sem as provas cabais.
Não tem as provas cabais, mas tem a convicção, a mesma convicção que faltou para se tentar descobrir quem é o “careca” e o “santo” na lista de propinas paga ao PSDB.
É interessante observar que tanto na denuncia vazia contra o Lula, como no caso da incapacidade da Polícia Federal de descobrir quem é o “careca” e o “santo” que receberam propinas para o PSDB, e mais o elogio do vidente ministro da Justiça à ação da Polícia Federal no Senado, tem as digitais do PSDB.
Ou seja: é preciso impedir a qualquer custo que o Lula se candidate à Presidência da República em 2018, assim como, para o PSDB, é fundamental manter o Ministério da Justiça para controlar a Polícia Federal e evitar que se descubra quem é o “careca” e o “santo”, que operaram as propinas pagas ao PSDB.
Entenderam a malandragem?