Monthly Archives: junho 2016

Em última instância parecem querer condenar a vítima por ser mulher
   6 de junho de 2016   │     2:48  │  2

por Aprigio Vilanova

O estupro coletivo cometido contra a adolescente de 16 anos, no Rio de Janeiro, não passa de mais um ato de violência cometido diariamente contra as mulheres. Os números assustam de tão recorrente que a violência contra as mulheres são praticadas.

A cada 11 segundos uma mulher é abusada, apenas 10% dos estupros são registrados, o Brasil é o 5º país que mais mata mulher, mais de 60% dos casos de abusos contra crianças e adolescentes são cometidos pelo pai ou padrasto.

Estima-se que 527 mil mulheres são vítimas de algum tipo de violência por ano no Brasil. O machismo naturaliza a violência e legitima a atitude criminosa do violentador. É este cenário que alimenta a cultura do estupro.

O exemplo do delegado, Alessandro Thiers, afastado das investigações do estupro coletivo é simbólico. A tentativa de criminalizar a vítima é uma das manifestações da cultura do estupro. A vítima é culpada por estar na rua, por se vestir assim ou assado.

Vale lembrar que o delegado afastado é o mesmo que no ano passado queria fazer diligências para prender o pensador anarquista Bakunin, morto no século 18. A delegada, Cristiana Bento, que assumiu o caso já pediu a prisão de suspeitos de participação no crime.

A delegada, em declaração, afirma: “já está provado o crime de estupro. O desafio agora é provar a extensão desse crime. Quantos autores e quem praticou.”  Dois acusados estão presos na penitenciaria de Bangu e cinco estão foragidos.

A reportagem do Fantástico teve acesso a escutas telefônicas de membros do tráfico de drogas da região. O áudio divulgado faz referência as ordens vindas do chefe do tráfico obrigando os moradores da comunidade a participar dos protestos que ocorreriam em favor dos acusados.

*graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto –  MG

Polícia Federal indicia deputado e inocenta o senador Renan Calheiros
   3 de junho de 2016   │     21:46  │  18

Brasília – A Polícia Federal indiciou um deputado e seu ex-assessor, e inocentou o senador Renan Calheiros, presidente do Senado, no inquérito da Operação Lava Jato nº 3984.

O inquérito da Polícia Federal foi encaminhado no dia 1º ( quarta-feira ) ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavaski, responsável pela Operação Lava Jato.

Devido ao caráter de sigilo, os nomes do deputado e do ex-assessor não foram revelados, mas a Polícia Federal informou que não encontrou nada contra o senador s e, por isso, decidiu inocentá-lo no inquérito.

O inquérito apura as denuncias de desvio de dinheiro na Diretoria de Abastecimento da Petrobras.

Temer nomeia para a Secretaria da Mulher, uma mulher denunciada por “articulação criminosa”. Pode isso, Arnaldo?
     │     16:50  │  12

Brasília – A nova secretária de Política para as Mulheres, a ex-deputada federal pelo PMDB do Acre Fátima Pelaes, é evangélica e contra o aborto mesmo em caso de estupro.

Mas, não é só isso. O pior vem depois: ela foi denunciada pelo Ministério Público Federal na Operação Voucher por ter destinado R$ 4 milhões mediante emenda parlamentar para uma Organização Não Governamental (ONG) que não existe.

Temer foi aconselhado a não nomeá-la, mas a bancada evangélica na Câmara pressionou e ele foi obrigado a ceder, do mesmo modo que cedeu à nomeação à revelia do líder do governo na Câmara – que foi indicado e imposto goela abaixo pelo presidente da Câmara Eduardo Cunha.

A bancada evangélica que comandou o golpe apelidado de impeachment na Câmara apresenta agora a fatura e Temer está encurralado. Para entornar o caldo, ele tem recebido recados de Cunha que são verdadeiras ameaças.

Cunha mentiu no depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, que apura a denúncia já comprovada das contas bancárias ilegais que mantém na Suíça. Apesar da própria esposa tê-lo denunciado no depoimento à Polícia Federal, Cunha continua negando ser o dono da conta bancária na Suíça.

Está aí mais um capítulo dessa nova fase da novela a República brasileira dos golpes baixos.

O relator que vai relatar contra a Dilma “os crimes” que ele também praticou e não teve relator
   2 de junho de 2016   │     15:10  │  26

Brasília – Um fazendeiro muito rico matou a esposa depois de uma discussão movida por ciúmes. Ele ligou para o advogado:

Doutor, matei minha mulher.

Quem lhe disse isso? Há controvérsias…

Não tem controvérsias. Eu matei minha mulher e preciso que o senhor venha até a minha casa agora, porque eu quero me entregar à polícia.

Estou indo. Mas, primeiro, não repita mais isso. Você não matou ninguém. Há controvérsias…

Qualquer semelhança com o processo de impeachment contra a presidente Dilma não é mera coincidência porque coincidência não existe.

Imagine que o ex-secretário de Ciências e Tecnologia do então governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, está preso sob a acusação de ter abiscoitado R$ 2 milhões.

Nárcio Rodrigues é amigo e ligadíssimo a Anastasia, que também está denunciado por maus feitos no governo mineiro. Nárcio foi presidente do PSDB mineiro e é um quadro tucano de ponta em Minas Gerais.

Mas, pasmem, Anastasia se elegeu senador e agora é o relator do processo de impeachment da presidente Dilma. Sem nenhum constrangimento, ele está relatando um processo com conhecimento de causa porquanto também praticou as mesmas pedaladas fiscais quando governou Minas Gerais.

E o pior: tem a denúncia do desvio de R$ 14 milhões no governo mineiro.

Pode-se chamar o processo de impeachment de justiça ou devemos transportá-lo para a ficção ilustrada como o caso do fazendeiro rico que matou a esposa depois de uma discussão movida por ciúmes?

O prefeito, marido da deputada mineira que votou favorável ao impeachment porque é “contra a corrupção”, está preso por corrupção; e o pai do deputado mineiro que votou favorável ao impeachment porque também é contra a corrupção também está preso por corrupção.

Alguém tem dúvida ou está disposta a perder tempo ouvindo o que o relator Anastasia vai escrever no seu relatório? Alguém acredita que Anastasia, numa demonstração de honestidade pública, concluirá no seu relatório que não pode julgar nos outros o que ele é useiro e vezeiro em praticar quando foi do Executivo?

E o general do golpe, Eduardo Cunha, com os milionários depósitos bancários de origem ilegal na Suíça, como fica?

Ah, é a cabeça que falta à bandeja.

Cunha é a solução para que se esqueça o relatório do relator que relata com conhecimento de causa, porque praticou os “mesmos crimes” que contra si não geraram impedimentos.

De fato, seria cômico se não fosse trágico. E é trágico não porque confunde a opinião pública interna, mas porque escancara ao mundo a ilegitimidade das leis de uma República de golpistas desde 1889.