por Aprigio Vilanova
O estupro coletivo cometido contra a adolescente de 16 anos, no Rio de Janeiro, não passa de mais um ato de violência cometido diariamente contra as mulheres. Os números assustam de tão recorrente que a violência contra as mulheres são praticadas.
A cada 11 segundos uma mulher é abusada, apenas 10% dos estupros são registrados, o Brasil é o 5º país que mais mata mulher, mais de 60% dos casos de abusos contra crianças e adolescentes são cometidos pelo pai ou padrasto.
Estima-se que 527 mil mulheres são vítimas de algum tipo de violência por ano no Brasil. O machismo naturaliza a violência e legitima a atitude criminosa do violentador. É este cenário que alimenta a cultura do estupro.
O exemplo do delegado, Alessandro Thiers, afastado das investigações do estupro coletivo é simbólico. A tentativa de criminalizar a vítima é uma das manifestações da cultura do estupro. A vítima é culpada por estar na rua, por se vestir assim ou assado.
Vale lembrar que o delegado afastado é o mesmo que no ano passado queria fazer diligências para prender o pensador anarquista Bakunin, morto no século 18. A delegada, Cristiana Bento, que assumiu o caso já pediu a prisão de suspeitos de participação no crime.
A delegada, em declaração, afirma: “já está provado o crime de estupro. O desafio agora é provar a extensão desse crime. Quantos autores e quem praticou.” Dois acusados estão presos na penitenciaria de Bangu e cinco estão foragidos.
A reportagem do Fantástico teve acesso a escutas telefônicas de membros do tráfico de drogas da região. O áudio divulgado faz referência as ordens vindas do chefe do tráfico obrigando os moradores da comunidade a participar dos protestos que ocorreriam em favor dos acusados.
*graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto – MG