Brasília – Sabe aquele garoto que é o dono da bola e se o time dele estiver perdendo ele acaba o jogo e leva a bola para casa?
Pois é igualzinho o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que impediu hoje a sessão do Congresso Nacional porque o projeto de interesse dele não estava na pauta.
E sabe qual era a bola dele, digo, o projeto de interesse dele? É o financiamento privado de campanha, que é um dos apêndices da Operação Lava Jato.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, tentou demovê-lo da ideia do boicote ao Congresso Nacional, mas não conseguiu; Eduardo Cunha está irado, possesso e irredutível.
E para ampliar a sua ira, Cunha fê-lo aprovado o projeto que aumenta as despesas do governo. Trata-se da revisão das aposentadorias de servidores que permaneceram em atividade.
O projeto vai para o Senado, que tem sido o fator de equilíbrio da República e, especialmente, entre as loucuras de Cunha e sensatez do Senado.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, deu o recado:
– “A política não pode cuidar apenas dos seus caprichos” – disparou Renan.
O Senado deverá derrubar a proposta aprovada na Câmara, mas não é certo que Cunha finalmente entenda que o País é maior – e deve ser; tem que ser – do que qualquer questiúncula seja pessoal ou partidária.
Quem conhece Cunha garante que ele não aprenderá jamais e não está preocupado com a República nem com o País; no máximo se preocupa com a igreja evangélica dele, onde mantem a sua base de poder.
As denuncias contra Cunha não são de que recebeu dinheiro para a campanha eleitoral e sim de que recebeu propina para intermediar negócios entre empresas privadas e a Petrobrás.
Em uma dessas operações, a que envolve a compra de navios sondas para a Petrobras, Cunha recebeu 5 milhões de dólares ( 20 milhões de reais, no câmbio de hoje 30/09), de acordo com a confissão do delator.
E agora estoura o escândalo da conta bancária bloqueada na Suiça a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
O presidente da Câmara tem duas saídas:
1)A sua igreja opera um milagre e ele se livra de todas as denúncias.
2)Continua peitando o governo para ter a desculpa de que foi perseguido.
A terceira saída seria renunciar, mas esta, para quem conhece Cunha, só depois que o sargento Garcia prender o Zorro.
Enquanto o Cunha poder acunhar, ele vai acunhar.
Mas o hilário da República da dor de cotovelo é ver Cunha e o jurista Hélio Bicudo juntos pedindo o impeachment do governo. E depois do hilário vem o trágico: o jurista Hélio Bicudo deixou o PT ressentido com o presidente Lula, por ter negado a sua nomeação para embaixador de qualquer país.
Lula alegou que já havia nomeado três embaixadores que não eram diplomatas e que não iria nomear mais ninguém que não fosse dos quadros do Itamarati.
Bicudo não gostou, obviamente, e saiu do PT.
Estamos assim, nessa. De recalque em recalque, de pirraça em pirraça, segue a oposição tramando contra o País para se vingar pelos seus interesses pessoais terem sido preteridos.