Brasília – Mais esticada que linha para pescar tainha, a velhinha apareceu na reunião do Congresso Nacional aos gritos.
– Fora PT! Fora PT!
Não gritou defendendo o Aécio Neves, mas não precisava – estava na cara igual aos pontos da plástica que fez.
Depois de provocar os seguranças e os aliados do governo, a velhinha, sem o velhinho, deixava claro que pregava o terceiro turno da eleição, ou seja, o “golpe branco” para reverter o resultado soberano das urnas.
E a velhinha conseguiu cumprir a missão que a levou à sessão do Congresso Nacional, que era perturbar. Fico a pensar nessa velhinha, quando não era velhinha, o que não era capaz de fazer em defesa dos velhinhos…
Brasília – Nunca, na história deste país, um candidato a presidente da República perdeu a eleição no Estado natal. A exceção é o Aécio Neves.
Moral da exceção: quem conhece o Aécio votou na Dilma duas vezes.
Mas a burguesia mineira não quer aceitar o resultado soberano das urnas e insiste num golpe branco o que, aliás, tem tudo a ver. Não podemos esquecer que o golpe de 1º de abril de 1964 começou em Minas Gerais, quando o general Olimpio Mourão Filho se rebelou.
O general era o líder da burguesia mineira na época, que já não confiava mais no governador Magalhães Pinto.
A tropa do general Mourão Filho só tinha autonomia de fogo para brigar 2 horas e quando o general Emílio Garrastazu Médici, que na ocasião era o diretor da Academia Militar das Agulhas Negras, soube da irresponsabilidade do Mourão Filho, colocou os cadetes para reforçar a tropa golpista.
Os cadetes também não tinham munição nem preparo para o enfrentamento bélico, mas o general Médici usou da psicologia quando lhe advertiram que usar os cadetes da AMAN era uma loucura pior que a do general Mourão, porque até então se imaginava que o general Amaury Kruel, comandante do II Exército ( São Paulo), que é o maior do país, seria fiel ao compadre João Goulart.
O Médici respondeu: “Eles não têm coragem de atirar nos meninos” ( cadetes ).
Felizmente o Médici estava certo e o general Kruel, depois de muita negociação e após ouvir do amigo e compadre João Goulart que não demitiria nem prenderia o Leonel Brizola, decidiu aderir aos golpistas.
O golpe militar de 1964 tem assim o sabor de Minas. E parece ser da idiossincrasia de parte dos mineiros agirem na direção contrária da ordem vigente, todas as vezes que são contrariados e derrotados.
A manifestação na terça-feira no Congresso Nacional foi promovida por cerca de 200 integrantes da burguesia mineira, que não digeriu a vitória da Dilma. Não foi uma manifestação popular e sim uma manifestação da elite – que, obviamente, não representa o país.
Seria cômico se não fosse trágico ver madames emperiquitadas e histerias gritando “fora Dilma” e “fora PT”.
E quem é essa gente?
Essa gente não representa o Brasil e sim o “status quo” que, durante muito tempo, manteve o país num atraso econômico, político e social monumental.
São, como se diz, os escórias do país que querem dar meia-volta, volver!
Brasília – O pragmatismo da presidente Dilma, mais do que surpreender, está irritando o PSDB. Mas essa é a diferença que se faz para melhor no governo do PT, e isto desde a eleição do Lula.
A escolha do banqueiro Joaquim Levy, a quem o Aécio Neves foi pedir ajuda para fazer o seu programa econômico de governo, foi um golpe de mestre – no caso, de mestra.
A conclusão é lógica: Aécio não faria nada melhor caso tivesse sido eleito, porque tudo o que poderia fazer na área econômica a Dilma vai fazer com o gestor do programa dele – ou seja, o programa do Aécio.
Diga aí!
Dilma também não hesitou em se reaproximar do Nelson Barbosa e o convidou para o Planejamento.
Mas, sem dúvida, é a escolha da senadora Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura o que mais vem surpreendendo no novo ministério. A senadora é a principal porta-voz do agronegócio no Congresso Nacional e dirigente licenciada da Confederação Nacional da Agricultura – que é o oposto do MST e da filosofia dos sem-terra.
E, nesse particular, a presidente se saiu muito bem três vezes. Vejamos:
1) A escolha de Kátia Abreu é pessoal, ou seja, não está na cota do PMDB, mas a Dilma conseguiu convencer o partido a incluí-la na cota dos ministérios do partido.
2) A escolha de Kátia Abreu desagradou a ala radical do PT e ao MST, mas a presidente Dilma está contornando as reações.
3) A escolha de Kátia Abreu tranquilizou o agronegócio.
Ou seja: ninguém poderia fazer melhor do que está sendo feito para esse segundo mandato, o que tem deixado o PSDB atônito porque não sabe onde bater. Ou seja: o PSDB não faria nada melhor do que a Dilma está se propondo a fazer.
Brasília – Ainda há quem acredite que o tráfico de drogas é uma questão policial e, enquanto houver quem acredite nisso, nem a sociedade estará segura nem a polícia deixará de contabilizar baixas fatais.
Só no Rio de Janeiro já são 100 policiais mortos!
A morte do cabo do exército é o capitulo à parte dessa guerra sem-fim. E todos os que tombaram até agora são vitimas da hipocrisia daqueles que acreditam que pode combater o tráfico apenas com a força policial.
Lembram-se da música Novidade, do fenomenal Gilberto Gil? Sabem a inspiração para compô-la? Vamos lá:
Na década de 1980 os traficantes cariocas queriam impedir a entrada do crak, sob a alegação de que é uma droga compulsiva – e é verdade – e isto iria gerar problemas para eles em função do aumento do roubo praticado pelos usuários, para conseguirem dinheiro e manterem o vício.
Para impedir a chegada do crack, os traficantes deram um banho de toneladas de maconha acondicionadas em latas de leite Ninho. Jogaram as latas na Baía de Guanabara e deixaram que a maré levasse à praia.
Foi uma farra. Muita gente acordava cedo e ia para a praia recolher as latas; uns se davam bem, outros não conseguiam nada, daí a música que o Gilberto Gil compôs para registrar o fato.
A novidade veio dar à praia…/ A novidade era a guerra/ Entre o feliz e o esfomeado/ Oh! Mundo tão desigual…
O feliz era o que achava a lata de leite Ninho entupida de maconha e o esfomeado era o que não tinha a mesma sorte. Mas, nem os traficantes cariocas conseguiram barrar o crack e capitularam.
Na contramão dos fatos, o poder público se mantém com a mesma crença de que é possível enfrentar o tráfico utilizando-se do método repressivo. Seria burrice, apenas, se não houvesse também a decisão de alguém em manter essa situação por interesse financeiro – ainda que o dinheiro tenha origem no suborno e na corrupção.
Assim, de ordinário, a sociedade toma conhecimento do envolvimento de autoridades com os criminosos.
E a sociedade continua pagando caro, e paga não apenas com a vida, mas também com os impostos destinados a manter uma estrutura de repressão policial que ora se apresenta ineficaz, como tem sido, ora é corrupta, como também tem sido.
Conclusão: além dos traficantes, tem alguém ganhando muito dinheiro com tráfico de drogas.