Monthly Archives: março 2017

No Brasil sem rumo, a carne é fraca
   21 de março de 2017   │     5:00  │  85

Brasília – A “Operação Carne Fraca” é um apêndice da “Operação Lava Jato”, mas acusam-na de ter sido deflagrada de forma açodada. Está amparada em apenas dois laudos e em conversas telefônicas grampeadas.

Conversas essas que, segundo o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, um dos grampeados, não configuram crimes, sequer indícios.

O ministro foi grampeado numa conversa com um apadrinhado seu, que ajudou a manter na superintendência do Ministério da Agricultura no Paraná.

Exceto se há mais informações mantidas em sigilo pelo delegado da Polícia Federal, Maurício Moscardi, o que se conhece até agora aponta para uma desnecessária exibição com consequências imprevisíveis para a economia do país.

A Irlanda se aproveitou para pedir que a carne brasileira seja definitivamente banida da União Europeia; a China decidiu suspender as importações da carne brasileira, no que foi seguida pela Coreia do Sul.

Há uma disputa internacional engrossada pelo avanço do Paraguaia, que não era tradicional exportador de carne bovina e agora já ocupa o 6º lugar no ranking mundial.

E tudo isso acontecendo concomitantemente com as propostas apresentadas pelo governo para a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência.

Sem falar na Reforma Política, que é do interesse especialmente da Câmara Federal, com a chance única de se livrar da criminalização do “Caixa 2” mediante a anistia com a punibilidade apenas daqui para frente.

O Brasil não está apenas fora do rumo;  o Brasil não tem autoridade moral para impor o rumo exigindo sacrifícios daqueles que estão decepcionados e até revoltados com tudo isso.

Na era da pós-verdade, a Friboi era do Lulinha. Mas a carne é fraca
   20 de março de 2017   │     4:49  │  78

Por Aprigio Vilanova

O fenômeno das redes sociais inaugurou uma nova maneira de acesso a informação. No desenrolar deste fenômeno os grandes veículos de mídia começaram a reconhecer a força das redes e se viram defasados.

As possibilidades que se abrem na produção e veiculação de informação são inéditas. Nas manifestações de 2013 a grande mídia se viu obrigada a mudar o enquadramento que vinha fazendo dos protestos, graças as informações divulgadas nas redes sociais e que viralizavam numa velocidade estonteante.

Não há mais espaço para a prepotência dos grandes grupos de comunicação do país. A onipotência foi ferida de morte. Muitos são os fatores positivos inaugurados a partir das relações estabelecidas pelas redes sociais.

Mas por outro lado surge o fenômeno da pós-verdade, assim como, a partir do século passado, pesquisadores vaticinavam o fim da história, o fim das utopias, pretenderam inaugurar a era da pós-história.

Vejam só o absurdo: tentam nos prender na pós-história e nos castigam com a pós-verdade e os fatos alternativos.

Ao longo destes últimos anos uma notícia se tornou recorrente em postagens, memes e articulações miraculosas nas redes: O frigorífico Friboi pertence a Lulinha, filho do ex-presidente Lula.

Este é um exemplo da pós-verdade que se alimenta da ignorância e se prolifera feito doença contagiosa.

A Operação Carne Fraca escancara os perigos da disseminação de notícias, com cara e corpo de notícia, mas que não passa de campanhas para espalhar mentiras com interesses escusos de grupos preocupados em confundir os incautos.

Os reais interesses da Operação Carne Fraca só iremos saber mais adiante, esperemos.

Relator da reforma da Previdência deve ao INSS. Mais hilário, impossível
   16 de março de 2017   │     16:45  │  88

Brasília – Conhece a fábula da raposa nomeada para tomar conta do galinheiro? Conhece? Não é fábula, mas realidade.

Pelo menos no que se refere à relatoria da proposta de reforma da Previdência Social, encaminhada pelo governo.

O deputado Arthur Maia (PPS-BA), relator da proposta, é devedor da Previdência Social.

Maia é sócio de uma distribuidora de combustíveis no município baiano de Serra do Ramalho; a empresa deve R$ 151 mil ao Instituto Nacional de Seguridade Social ( INSS ).

Mas ele se explica. Maia disse que não tem nenhuma influência na empresa, apenas é sócio, e que a dívida foi negociada com o INSS e está sendo paga parceladamente.

Tudo bem; mas, nunca mais repita a fábula da raposa que foi nomeada gerente do galinheiro, porque não é fábula – no Brasil virou realidade.

Temer, o super aposentado
   15 de março de 2017   │     5:21  │  50

Por Aprigio Vilanova

Estão marcadas para acontecer, hoje (15/03), em todo país, manifestações contrárias a proposta de reforma da previdência enviada pelo governo Temer. Os absurdos apresentados pelo governo para a reforma são inúmeros.

Aumento do tempo de contribuição e da idade mínima para solicitar a aposentadoria são só alguns dos ataques a classe trabalhadora brasileira propostos por Temer. Até mesmo a base de apoio ao governo não se entende e o constrangimento em apoiar a reforma é geral.

Na proposta de Temer para se aposentar com direito ao benefício integral, será necessário contribuir durante ininterruptos 49 anos. Ou seja, boa parte da população trabalhadora irá morrer e não preencherá os requisitos para conseguir a aposentadoria integral.

Vale lembrar que Temer, desde os 55 anos, goza de aposentadoria surreal para os padrões da previdência no país. Temer se aposentou, em 1996, como procurador do estado de São Paulo, com rendimentos brutos que ultrapassam os R$ 40 mil reais.

Segundo pesquisa da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social revela que mais de 70 por cento dos aposentados brasileiros recebem um salário mínimo.

A reforma deveria começar pelo combate as super aposentadorias que beneficiam, em sua grande maioria, a classe política nacional; inclusive o presidente Michel Temer.

 

Bye, bye, Brazil e a caravana do Holiday
   13 de março de 2017   │     18:07  │  59

Por Aprigio Vilanova

A imprensa noticia, hoje (13/03), irregularidades no pagamento de colaboradores durante a campanha eleitoral, de Fernando Holiday (DEM-SP), para vereador, no ano passado. Holiday é acusado de fazer pagamentos em espécie a cabos eleitorais e de não ter declarado os pagamentos a Justiça Eleitoral.

Holiday é um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL).

Ouço a palavra Rolidai e não tem como não vir à cabeça o belo filme Bye, Bye, Brazil (1979), do cineasta alagoano Cacá Diegues. O filme mostra a saga da Caravana Rolidai, um grupo circense mambembe, em decadência devido a popularização da televisão no país.

Mas isso não passa de devaneios fílmicos, a realidade é de tragédia. Quem se preocupa minimamente em pensar as relações sociais, políticas, econômicas, no Brasil, está cansado de saber que o enredo que se forjou é de filme de terror.

E muitos perplexos assistindo a tragédia sendo arquitetada, como afirmou o historiador: “todos bestializados”.

O domínio televisivo a cada dia perde espaço para a internet e suas redes sociais. A transição está em processo e somos testemunhas históricas dessa transformação. Entender a mudança histórica exige tempo, daí impossível afirmar categoricamente o que estamos vivenciando.

Especulamos!

Mas podemos viver, sentir os acontecimentos, lamentar a realidade que tomou conta do país e tentar mudar.

No campo político, mal popularizou a internet e as consequências já se revelam devastadoras. O MBL é produto gerado exclusivamente das redes sociais. É a primeira cicatriz deixada no campo político nacional.

Por isso a minha mente me leva para a beira do Velho Chico a admirar a cidade de Piranhas toda vez que escuto a palavra Holiday. Mas, a realidade grita a imagem do vereador Fernando Holiday (DEM-SP), o negro mais branco de toda história brasileira.

A menos de três meses no cargo, o vereador já protagonizou alguns episódios estapafúrdios. Autorizou a invasão de um militante durante uma reunião da bancada petista, solicitou a guarda para defender o militante, fez discurso inflamado contra as políticas de ações afirmativas, um jovem com mentalidade senil.

O MBL é o primeiro Frankenstein gerado da orgia entre as redes sociais e o analfabetismo político nacional.