Monthly Archives: junho 2016

Ufa! O foco foi desviado e a missão foi cumprida
   23 de junho de 2016   │     22:02  │  13

Brasília – Se a missão do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em Curitiba era desviar o foco da Operação Lava Jato no governo Michel Temer, então ele conseguiu.

O alvo fresquinho que atinge duramente o governo e já causou três baixas cedeu espaço para a Operação Lava Jato retroagir e fisgar o ex-ministro dos governos Lula e Dilma – e que já está preso.

Coincidência?

O ex-ministro petista Paulo Bernardo foi preso na residência oficial de senadores, o que se constitui violação por se tratar de extensão do Senado.

O fato de a extensão do Senado está ocupada pela esposa de Bernardo, que é senadora, torna a ação uma afronta – aliás, por reincidência.

Mas, se há realmente a determinação de se desviar o foco, então vale tudo.

Imagine que tudo isso aconteceu concomitantemente com a decisão do publicitário Marcos Valério de fazer nova delação premiada, e desta vez para denunciar o esquema do PSDB, de onde, aliás, ele é originário.

Valério começou a operar no governo Fernando Henrique Cardoso e transplantou para o governo Lula toda  a “tecnologia”, mas até agora só foi punido pelas traquinagens posteriores.

As traquinagens anteriores, ou seja, no governo do FHC e em conluio com o PSDB, essas o Valério tá doidinho para contar, mas ninguém parece disposto a ouvi-lo. E agora, com a operação-retrocesso que pegou o Bernardo, tudo indica que o Valério continuará falando sozinho.

Depois da missão exitosa do ministro da Justiça em Curitiba, que coincidiu com o desvio do foco da Operação Lava Jato para reencontrar um ex-ministro do PT, é de se considerar difícil que alguém queira ouvir o que o Valério tem a dizer – ainda que, o que o Valério tem a dizer represente o fio da meada de todo escândalo.

Nada há mais de ser surpresa.

Por favor, parem agora! Senhor juiz, pare agora! …
   21 de junho de 2016   │     21:56  │  24

Brasília – Como parar a Operação Lava Jato?

Quem viajou às pressas para Curitiba foi o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e dizem que com a missão de resolver o problema.

Espere! Será isso mesmo? Parar a Operação Lava Jato?

Como assim?

Há duas observações a serem feitas acerca da viagem do ministro a Curitiba. A primeira delas é o fato de o juiz Sérgio Moro, assim como os promotores, não deverem obediência ao ministro, que é do Poder Executivo.

Até mesmo na Polícia Federal, que é do Executivo, se a ação for precipitada pelo Ministério Público o Executivo nada poderá fazer.

A segunda observação, e essa porque pegou muito mal, é que a viagem do ministro a Curitiba se deu na semana seguinte à declaração do ministro da Casa Civil, Elizeu Padilha, pedindo o fim da Operação Lava Jato.

A missão do ministro Alexandre de Moraes pode se chamar de “Operação Pare Agora”, como lembra a música da Wanderléa na época da Jovem Guarda.

O pior na viagem do ministro foi a volta, quando ele soube que estourou mais uma fase da Operação Lava Jato, que descobriu de quem é o avião que caiu matando o candidato a presidente da República, Eduardo Campos, e mais seis pessoas; e que o lobista Marcos Valério fará nova delação premiada, dessa vez para denunciar o PSDB.

Senhor, juiz. Pare, agora! Por favor, pare. Agora!…

Quem mandou o Cunha mentir novamente?
     │     15:55  │  12

Brasília – O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, e que por enquanto ainda permanece deputado, voltou a mentir.

Quer dizer: voltou a faltar com a verdade porque mentir é arte; e tanto é arte mentir que o pensador alemão ensinou que a mentira repetida vinte vezes vira verdade.

Gênesis, um dos livros da Bíblia, é uma mentira cabeluda do começo ao fim. Mas prevalece porque tem arte, já as versões do Cunha é só cinismo.

O Cunha convocou a imprensa para a entrevista coletiva que todos imaginavam seria para estourar a boca do balão e confessar tudo o que fez – de mal, claro -; e apontar os cumplices.

Frustração total.

Cunha voltou a faltar com a verdade quando disse que tinha assinado o pedido de impeachment da presidente Dilma e o trancou num cofre.

Mentira.

Digo: faltou com a verdade novamente.

Cunha só apresentou o pedido de impeachment quando não conseguiu convencer o então ministro Jackson Wagner a reverter os 3 votos do PT no Conselho de Ética – que foram fatais para o pedido de cassação.

Qualquer outra versão é mais uma fantasia do Cunha.

Mas, por que o Cunha convocou a imprensa para novamente faltar com a verdade se ele não vai se beneficiar com o blefe?

De graça é que não foi.

Será que o temor de o Supremo Tribunal Federal invalidar o processo de impeachment está causando o desespero, a ponta de se apelar para o Cunha?

A repercussão internacional desfavorável, a dificuldade interna de se pacificar o País, as complicações criminais que atingem 14 ministros – eram 17, mas 3 deles já caíram -, e o temor da reação à extinção das conquistas sociais devido à ilegitimidade do governo tudo isso alimenta as especulações.

Cunha não falou por si só; ele falou por ele e pelo outro.

A declaração que deu à imprensa em nada o favorece no processo de cassação do seu mandato, porque a Câmara não vai julgar o processo de impeachment, mas o fato comprovado e robustamente documentado de que ele faltou com a verdade no Conselho de Ética.

Quem foi, então, que mandou o Cunha mentir – digo: faltar com a verdade -, novamente?

Qual é a saída? O plebiscito para se convocar eleição direta?
   19 de junho de 2016   │     18:27  │  22

Brasília – Qual é a saída?

Será difícil o Michel Temer pacificar o País, mesmo com toda a boa vontade da grande imprensa, e isso parece ser o consenso entre a própria base que sustentou a derrubada da Dilma.

Inclusive, já existe a corrente que defende o plebiscito exclusivo este ano para a população dizer se quer antecipar a eleição presidencial.

Essa corrente já percebeu que será muito difícil o Temer governar, porque é impossível convencer, inclusive a opinião pública internacional, de que não houve um golpe.

Imagine a raposa comandando a investigação sobre o sumiço das galinhas!

É o caso do impeachment da Dilma. O parecer do senador Antônio Anastasia, que é do PSDB, que amicíssimo do senador Aécio Neves, é o jogo de carta marcada.

E que não se venha enaltecer o Anastasia por ser jurista, porque o parecer é político-partidário-eleitoral e não adianta enfeitá-lo com leis e jurisprudência porque é tudo recheio para enfeitar a farsa.

Só o muito imbecil pode acreditar que o Anastasia vai dar um parecer contrário ao impeachment e, por isso, o impeachment é golpe.

Com um parecer do relator que se pode antecipá-lo antes mesmo de o relator começar a escrevê-lo, não é impeachment; é golpe.

O problema é que a dinâmica dos acontecimentos, especialmente com as ações da Operação Lava Jato, foi acelerada na direção de deixar todo o quadro político nebuloso.

Além da ilegitimidade do governo Temer tem o agravante do quadro político, com todos os partidos da base do governo tendo de se explicar judicialmente.

Três ministros já caíram e têm outros 14 ministros com pendências judiciais. É possível que já estejam enfileirados para irem sendo derrubados no efeito dominó em câmera lenta.

E como o Temer pretende governar pacificando o País? Alguém sabe?

Lá vem o Brasil descendo a ladeira…
   17 de junho de 2016   │     16:38  │  25

Brasília – O Diogo Álvares era primo do Pedro Álvares Cabral, mas vivia enrolado com o Fisco da Coroa Portuguesa devido às reincidências de sonegação de imposto. Em consideração ao primo ilustre que “descobriu” o Brasil, o Diogo não foi enforcado.

Mas, como punição, o degredaram para o Brasil na década de 1530 bem antes de Portugal finalmente apresentar o primeiro projeto oficial de colonização com as famosas Capitanias Hereditárias.

Muito bem.

Uma vez no Brasil, obviamente que na Bahia, o Diogo virou celebridade e a história oficial brasileira o registrou como Caramuru devido a uma sacada de mestre dele para escapar dos índios canibais. Diogo ateou fogo no álcool e disse aos índios que faria o mesmo com os rios e como o índio nunca tinham visto a cena acreditaram no blefe.

Diogo se casou com a filha do cacique e passou a ter a sua disposição uma tropa tipo 0800. E como uma vez malandro sempre malandro, também nunca prestou contas à Coroa Portuguesa até que um dia receber uma carta do rei D. Manuel.

Diogo se desesperou achando que se tratava da cobrança e da punição da Corte pela inadimplência dele. Ufa! Não era.

Pelo contrário, a Coroa Portuguesa pedia a Diogo para ajudar ao primeiro governador geral do Brasil, o Tomé de Sousa.

O Tomé de Sousa era um general que ficou desempregado em Lisboa depois do malogro da tentativa de colonizar as Índias. Ele não sabia de nada, enquanto o Diogo sabia de tudo e dominava tudo.

Essa é a essência da política brasileira.

E pensam que melhorou depois da proclamação da República? Qual o quê?! Piorou.

A República brasileira foi proclamada devido a uma dor de cotovelo do marechal Deodoro da Fonseca quando viu o famoso “pé de pano”, o senador Silveira Martins, ser nomeado por Pedro II como primeiro-ministro em substituição ao Ouro Preto.

O marechal Deodoro, que sete dias antes havia jurado fidelidade a Pedro II, traiu o imperador sem o menor constrangimento e ainda mandou embarcá-lo para o exílio num navio chamado “Alagoas”.

É mole ou quer mais?

Então, gente, enquanto se escrever erroneamente Brasil com “s” e não com “z”; enquanto a República brasileira for a República proclamada devido a uma dor de cotovelo, numa atitude covarde e cínica, nada é para surpreender.

No Brasil com “s” tudo pode e na República da dor de cotovelo de um traidor pior ainda…