Monthly Archives: maio 2016

Cunha não apareceu, Jucá foi ali e volta já e Serra entrou pela porta dos fundos em Buenos Aires
   23 de maio de 2016   │     22:28  │  29

Brasília – A expectativa frustrou-se quando no horário regimental o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, não apareceu.

Mesmo punido com o afastamento do cargo e do mandato pelo Supremo Tribunal Federal, sob a acusação de obstruir as investigações contra ele, Cunha havia dito que reassumiria os seus trabalhos no gabinete na Câmara.

Mas, depois da declaração do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre que “é um problema dele” ( voltar à Câmara por conta própria ), Cunha recuou.

E logo na manhã cedo da segunda feira 23 ele concluiu ter agido certo; a bomba com a matéria da Folha de S. Paulo divulgando a conversa do ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetroo, Sérgio Machado, causou tremores.

Jucá foi acordado cedo com a notícia bomba, que ninguém sabe como vazou se estava desde março sob sigilo. Além de ter-se tratado de uma conversa a dois e com o cuidado de se cercarem de proteção quanto à segurança.

Mas foi grampeada e vazou.

Como vazou ainda não se sabe, mas trata-se de mais um problema que o presidente em exercício Michel Temer tem para resolver. Ele tem que descobrir a fonte do vazamento, sob pena de ficar refém dela, ao tempo que terá de proteger o aliado e fiel escudeiro Jucá.

Não foi o Temer que afastou Jucá, mas o Jucá que decidiu se afastar e tudo em comum acordo. A expectativa é que a poeira baixe e Jucá retornará ao cargo de ministro no máximo em 30 dias.

Tem apenas o detalhe: para que ele volte a ser senador ele terá de ser exonerado do ministério. Nesse ínterim, quem assume o ministério é um indicado por Jucá – o que leva a concluir: Jucá é o ministro de fato, o outro é o ministro de direito, ou seja, só para assinar os papeis da burocracia.

E assim caminha a República.

Fechando a segunda-feira 23, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, foi obrigado a entrar pelas portas dos fundos por onde passou em Buenos Aires. É que ele foi recepcionado por grupos de manifestantes chamando-o de golpista.

E para onde  mesmo a República?

Cunha promete desobedecer ao Supremo e Romero promete parar a Lava Jato. É mole ou quer mais?
     │     9:15  │  29

Brasília – A semana promete. Pelo menos dois grandes e espetaculares desafios foram ostensivamente colocados em público – um por revelação direta e o outro pelo vazamento de conversas grampeadas.

A revelação direta é do presidente afastado da Câmara Federal, Eduardo Cunha, que no depoimento no Conselho de Ética na semana passada prometeu voltar à Câmara desafiando a decisão do Supremo Tribunal Federal.

O segundo desafio é a promessa do senador licenciado e ministro do Planejamento, Romero Jucá, de parar a Operação Lava Jato. Segundo a promessa de Jucá feita ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, o objetivo é tirar a presidente Dilma para parar a Lava Jato.

Jucá foi surpreendido com a publicação da sua conversa com Sérgio, que se deu em abril passado durante as articulações para o golpe apelidado de impeachment na Câmara Federal. Como a conversa foi entre os dois e Jucá, obviamente, não iria vazá-la à Folha de S. Paulo, então a dedução sobre a autoria do vazamento é óbvia.

E assim, a semana que já prometia com a decisão de Cunha de desafiar o Supremo Tribunal Federal e voltar a frequentar a Câmara, tem agora o novo componente com a promessa de Jucá de parar a Operação Lava Jato.

Engraçado é que, na entrevista à CBN na manhã desta segunda-feira, Romero Jucá citou o ex-presidente Lula como exemplo de  vítima das arbitrariedades cometidas pelo juiz Sérgio Moro, quando autorizou a condução coercitiva de Lula.

É por essas e outras que todos os que saíram às ruas gritando “fora Dilma” são chamados de coxinhas. Mas, pensando bem, está tudo sobre controle e não se corre mesmo o risco de a situação melhorar.

Fora Dilma! Fora Supremo Tribunal Federal! Fora Sérgio Moro! Fora a Operação Lava Jato!

Do Ivanildo Vilanova: já pensou o Brasil ser dividido e o Nordeste ficar independente?
   22 de maio de 2016   │     20:38  │  11

Brasília – Os versos do poeta paraibano Ivanildo Vilanova, e que já foram musicados,  marcaram a discussão sociológica na década de 1980 em torno do rumo que o País deveria tomar para o ajuste da sua economia e, sobretudo, da política.

E o Nordeste passou a ser discutido sem a visão paternalista e colonizadora do Sul e do Sudeste, ávidos consumidores da mão-de-obra nordestina barata e abundante. O pior é que também havia a exploração e a colonização interna, ou seja, entre os próprios nordestinos produtores de açúcar e álcool – que igualmente exploravam os conterrâneos.

Até a década de 1970, o Nordeste manteve-se como o grande fornecedor de mão-de-obra para o Sul e o Sudeste se desenvolverem. Ainda hoje é possível localizar nordestinos vivendo no Norte do Paraná, como herdeiros da labuta dos antepassados que vieram trabalhar na lavoura de café.

São Paulo nem se fala, tal a gigantesca população de nordestinos espalhados por todo o Estado.

Mas, embora em ritmo lento, o Nordeste foi se desenvolvendo graças à riqueza do solo e do subsolo – que produzem alimentos, pescados e minérios. Por exemplo: existem seis jazidas de sal-gema no País, mas nenhuma se iguala à pureza de quase 100% de cloreto de sódio igual às jazidas alagoanas.

Alagoas também produz 2 milhões de metros cúbicos de gás natural, dissociado do petróleo, por dia. A maior parte do gás que Alagoas produz vai para Sergipe, a Bahia e Pernambuco.

Todavia, só a partir do governo Lula é que o Nordeste começou a acelerar os passos rumo ao desenvolvimento industrial.  Estaleiros e fábricas de automóveis foram construídos na Bahia e em Pernambuco; o fluxo turístico mais do que dobrou e vieram as chamadas indústrias de ponta.

Gostem ou não, esse processo de desenvolvimento do Nordeste foi conduzido pelo governo Lula.

O desenvolvimento do Nordeste, combinado com as conquistas sociais, valorizou a mão-de-obra nordestina. O Sul e o Sudeste sentiram isso quando procuraram mão-de-obra barata e não encontraram –  e sem contar com a fiscalização mais intensa da Procuradoria do Trabalho no tocante às condições de trabalho e ao cumprimento rígido das leis trabalhista.

Não por coincidência, porque coincidência não existe, os planos do governo Temer levam ao desmonte dessas conquistas sociais, a começar pela mudança no critério de correção do salário-mínimo, que não será mais atrelado à inflação.

O Nordeste é quem mais vai perder com o governo Temer. É da tradição dos golpes privilegiar uma região e manter outra subjugada, mas eles não podem esconder que o Nordeste dá lucro e, caso fosse um País, registraria superávit na balança comercial.

O Nordeste importa 49 bilhões de dólares e exporta 51 bilhões de dólares. Quem sabe isso inspirou o economista, repentista e poeta Ivanildo Vilanova nos versos que diz assim:

– Já que tem a separação de fato/ Vamos torna-la de direito.

Ou seja: já pensou o Brasil ser dividido e o Nordeste ficar independente?

Temer capitula e Cunha é quem escolhe o líder do governo
   19 de maio de 2016   │     12:27  │  36

Brasília – Pelo menos dois acontecimentos inéditos na formação do novo governo já entraram para a história da República brasileira.

O primeiro:

O anunciou de que o ministério seria formado por notáveis durou menos de 24 horas. O presidente Michel Temer, à noite, anunciou que escolheria um ministério de técnicos e, na manhã do dia seguinte deu o dito pelo não dito e o resultado é esse: dos 23 ministros, tem 17 políticos e, pior, 8 deles denunciados judicialmente – sete pela Operação Lava Jato.

O segundo acontecimento inédito:

Pela primeira vez na história da República, o governo não pode escolher o líder na Câmara; quem escolheu foi o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha. E o pior: o deputado André Moura (PSC-SE), o escolhido de Cunha também está denunciado em seis crimes que vão de desvio de dinheiro público à tentativa de homicídio.

Temer ainda tentou convencer o presidente afastado da Câmara a escolher outro deputado – o que já é inédito, porque quem escolhe o líder do governo é o próprio presidente da República-, mas Cunha irredutivelmente manteve a indicação de André Moura.

Há quem diga que Temer “engoliu calado” a imposição porque precisa da maioria que Cunha administra, comanda e manipula na Câmara. Mas, está sendo impossível explicar que o seu líder esteja denunciado no Superior Tribunal de Justiça por tantos crimes de corrupção e uma tentativa de homicídio.

O poder que Cunha tem demonstrado é de fato impressionante e atinge todos os três poderes. Vejamos:

1)O ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavaski, demorou cinco meses para decidir pelo afastamento de Cunha da presidência da Câmara, quando era notório e ostensivo que ele colocava obstáculo ao funcionamento do Conselho de Ética que o julga por quebra do decoro.

2)O juiz Sérgio Moro, mesmo diante das provas contundentes contra a mulher e a filha de Cunha por envolvimento na corrupção que deu origem a Operação Lava Jato, até hoje não decidiu o que fazer com elas. E sabe-se que o juiz autorizou a prisão de uma inocente, no caso, a cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Diante de tantas evidências quanto ao seu poderio, já há quem acredite que Eduardo Cunha será o verdadeiro presidente da República e Temer nada fará sem antes consulta-lo para obter a sua aprovação.

Cunha foi afastado da presidência da Câmara, mas continua presidindo-a de fato à distância e vai eleger quem ele quiser para sucede-lo no biênio 2017/18;

É, de fato, uma situação inédita essa que a República brasileira dos golpes está vivenciando desde a aprovação do golpe apelidado de impeachment.

Começou o desmonte.Temer autoriza suspensão do Programa Minha Casa, Minha Vida
   18 de maio de 2016   │     14:16  │  23

Brasília – Começou o desmonte dos programas sociais lançados pelo ex-presidente Lula e mantidos pela presidente Dilma.

Na terça-feira, o presidente Michel Temer autorizou o ministro das Cidades Bruno Araújo, indicado pelo PSDB, a cancelar a construção de 11 mil 250 moradias para quem ganha até R$ 1,8 mil mensais.

A suspensão já era esperada.

Lideranças do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto já se manifestaram contrários à medida e prometeram reagir com protestos em todo o país.

Mas, pelo que se comenta nos bastidores, essa é apenas a primeira de uma série de medidas que visam desmontar todos os programas sociais lançados a partir do governo Lula. O objetivo é atingir as ações sociais para apagar as marcas das ações dos governos petistas junto à camada da população mais carente, a qual – dizem -, é mais susceptível de manipulação pelo governo petista.

Começa, então, a descida da ladeira das conquistas sociais.