Brasília – A expectativa frustrou-se quando no horário regimental o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, não apareceu.
Mesmo punido com o afastamento do cargo e do mandato pelo Supremo Tribunal Federal, sob a acusação de obstruir as investigações contra ele, Cunha havia dito que reassumiria os seus trabalhos no gabinete na Câmara.
Mas, depois da declaração do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre que “é um problema dele” ( voltar à Câmara por conta própria ), Cunha recuou.
E logo na manhã cedo da segunda feira 23 ele concluiu ter agido certo; a bomba com a matéria da Folha de S. Paulo divulgando a conversa do ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetroo, Sérgio Machado, causou tremores.
Jucá foi acordado cedo com a notícia bomba, que ninguém sabe como vazou se estava desde março sob sigilo. Além de ter-se tratado de uma conversa a dois e com o cuidado de se cercarem de proteção quanto à segurança.
Mas foi grampeada e vazou.
Como vazou ainda não se sabe, mas trata-se de mais um problema que o presidente em exercício Michel Temer tem para resolver. Ele tem que descobrir a fonte do vazamento, sob pena de ficar refém dela, ao tempo que terá de proteger o aliado e fiel escudeiro Jucá.
Não foi o Temer que afastou Jucá, mas o Jucá que decidiu se afastar e tudo em comum acordo. A expectativa é que a poeira baixe e Jucá retornará ao cargo de ministro no máximo em 30 dias.
Tem apenas o detalhe: para que ele volte a ser senador ele terá de ser exonerado do ministério. Nesse ínterim, quem assume o ministério é um indicado por Jucá – o que leva a concluir: Jucá é o ministro de fato, o outro é o ministro de direito, ou seja, só para assinar os papeis da burocracia.
E assim caminha a República.
Fechando a segunda-feira 23, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, foi obrigado a entrar pelas portas dos fundos por onde passou em Buenos Aires. É que ele foi recepcionado por grupos de manifestantes chamando-o de golpista.
E para onde mesmo a República?