Monthly Archives: fevereiro 2015

Lava Jato é notícia, HSBC não
   21 de fevereiro de 2015   │     21:40  │  8

por Aprigio Vilanova*

A seleção nada despretensiosa que a mídia promove na agenda do que será veiculado e repercutido nos meios de comunicação revela o velho um peso, duas medidas costumeiramente adotados por nossa imprensa.

A revelação de nomes de pessoas que estão sendo investigadas na Operação Lava Jato é diária. O bombardeio dos nomes denunciados nos acordos de delação premiada não obedece o mínimo cuidado da apuração jornalística.

É a velha crítica feita pelo jornalista Caco Barcelos a pouco ortodoxa prática do denuncismo irresponsável. A mídia e a grande maioria dos jornalistas brasileiros praticam um jornalismo declaratório e fazem das declarações verdades verdadeiras.

Mas a seleção das declarações obedecem a interesses escusos, para não dizer criminosos. O escândalo do HSBC não repercute na grande mídia brasileira, a lista de nomes de pessoas possivelmente envolvidas está sendo preservada.

A questão é que quando é conveniente a mídia preserva, quando não defenestra.

*é graduando em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto – MG

O escândalo do HSBC e o medo do FHC
   20 de fevereiro de 2015   │     14:59  │  20

Brasília – A investigação sobre as ações pecaminosas do HSBC está tirando o sono de muita gente filiada ao PSDB. Gente graúda, pois não.

Tudo porque as irregularidades começaram em 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso, e envolvem o seu tesoureiro, e que depois virou ministro das Comunicações, Sérgio Mota, já falecido.

Lembram-se do Bamerindus? Pois bem, a história do Bamerindus é escabrosa – mas vamos à ela.

A versão que está circulando nos bastidores da Capital Federal dá conta de que o Sérgio Mota pediu 100 milhões de reais ao banqueiro José Eduardo de Andrade Vieira, o presidente do Bamerindus, para a campanha do FHC e o banqueiro negou.

O banqueiro alegou que não podia comprometer os ativos do banco com a doação milionária e que ajudaria a campanha do FHC cedendo-lhe o avião livre, ou seja, com piloto e combustível pagos pelo Bamerindus.

Na época, o Bamerindus possui mais de 1 mil e 200 agência e um ativo financeiro da ordem de 10 bilhões de reais. Mesmo assim não resistiu à pressão e foi vendido.

Sabe quem comprou o Bamerindus? Sabe não? E não foi o HSBC. Esqueceu, foi?

E sabe quem ajudou o HSBC a comprar o Bamerindus? Sabe não, é? E não foi o governo Fernando Henrique Cardoso! Esqueceu de novo, foi?

Pois bem, com as denúncias de irregularidades no HSBC pipocando no mundo dizem que até o Sérgio Mota está tremendo no túmulo.

O tempo passa, o tempo voa, e agora estamos perto de conhecer o submundo das relações pecaminosas do tucanato – que não vai sair dessa numa boa.

Demorou…

Era o sapo dentro do saco e o saco com o sapo dentro…
   19 de fevereiro de 2015   │     11:04  │  6

Brasília – O primeiro contato pessoal que tive com a hoje presidente Dilma Rousseff, obviamente que na condição de jornalista, foi em 2001, em Salvador.

Filiada ao PDT, ela era secretária estadual de Minas e Energia do Rio Grande do Sul e fez a palestra sobre “energia alternativa” no seminário promovido pela Petrobras e do qual participei como representante da GAZETA DE ALAGOAS.

No intervalo para o lanche eu me aproximei dela e depois de me identificar disse-lhe que Alagoas produzia 2 milhões de metros cúbicos de gás natural, dissociado do petróleo, por dia.

Ela me olhou firme e respondeu:

– “Se o seu Estado produz isso mesmo que você está me dizendo e não tem uma termoelétrica, desculpe-me, mas é um Estado de otários!

Não tomei isso como agressão ou falta de educação, até porque também concordo e não entendo como Alagoas manda o gás que possui para mover o desenvolvimento de Pernambuco, Sergipe e Bahia, e nada recebe em troca.

Essa passagem que repito agora serve para explicar a maneira Dilma de ser, e que lhe está causando sérios problemas no relacionamento com o Congresso Nacional. O pior é que, além de não possuir o chamado “jogo de cintura” na convivência republicana, ela escalou o inábil Aloísio Mercadante para tratar dessa relação.

Não está dando certo.

E como não está dando certo, a Dilma mandou chamar o Lula para cumprir a missão que nem ela, nem o Mercadante, conseguiram se desincumbir e não foi por falta de aviso.

Ao vê-la cercada pelo chamado “núcleo duro” do governo, do qual o ministro chefe do Gabinete Civil faz parte, eu me lembro de dois episódios:

– No começo da década de 1980 eu estava aqui em Brasília, acompanhando o então governador Guilherme Palmeira, quando estourou a crise com a demissão do general Golbery do Couto e Silva, o chefe do Gabinete Civil do governo Figueiredo e o mago do golpe de 1964. O Guilherme foi visitar o senador Teotônio Vilela ( o pai ), que lhe disse ter sido informado da reação do general Ernesto Geisel quando soube do pedido de demissão do Golbery. E o conselho do Geisel, segundo o velho Teotônio narrou, foi de que ele ( Golbery ) deveria “engolir sapo”, mas jamais pedir demissão.

– E como a história só se repete em forma de tragédia, o governo e especialmente o ministro Aloísio Mercadante estão fazendo o papel do sapo que o Congresso Nacional não vai engolir. Ou, para repetir Alagoas no caso do gás natural, o otário que pensa que está com todo gás…

A sujeira na Petrobras e a proposta do FHC
   18 de fevereiro de 2015   │     15:23  │  22

Brasília – Tem aquela piada do coronel político que patrocinou um jogo de futebol e não entendeu a confusão que se formou com o juiz, devido a marcação de um pênalti.

O coronel intercedeu perguntando o motivo da confusão e lhe explicaram que se devia à marcação do pênalti.

E o que é pênalti?

Depois de ouvir a explicação, com a observação de que, de ordinário, o pênalti resulta em gol, o coronel perguntou:

Mas foi pênalti ou não foi?

– Foi, coronel.

Pois então bate o pênalti.

– Mas, coronel, o pênalti é contra a gente.

Não! Bate o pênalti, mas bate lá na outra trave.

A piada é igual à investigação sobre as irregularidades na Petrobras; as irregularidades começaram em 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso, mas o PSDB só quer apurar o que aconteceu depois do governo FHC.

Ou seja: quer bater o pênalti na outra trave.

Há os que agem disfarçados de arautos da moralidade, mas nada fazem de concreto para se investigar a partir do Genesis do Petrolão.

Somente agora, com essas denúncias, é que se entendeu o projeto aprovado no governo FHC e revogado pelo Lula, que mudava o nome da Petrobras para Petrobrax.

Nesse particular de se blindar dos maus feitos, convenhamos, o PSDB possui doutorado. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal foram salvos por um triz, mas a Companhia Vale do Rio Doce e a Telebrás não tiveram a mesma sorte e foram vendidas por uma titica de galinha.

E pior: o governo FHC ainda “emprestou” o dinheiro.

Moral da história: todos estão sujos, mas não é para limpar toda a sujeira.

A massa cheirosa quer a queda da presidente
   17 de fevereiro de 2015   │     13:49  │  21

por Aprigio Vilanova*

O que rendeu neste carnaval e virou meme nas redes sociais foi a aparição de um folião no Ceará, durante uma reportagem sobre a festa momesca. O folião empunhava o cartaz com a frase: “impitam é meuzovo”.

Foi o suficiente para tomar conta dos debates virtuais nas redes sociais, a imprensa também repercutiu a crítica bem humorada do cearense. O evento criado no facebook convoca brasileiros golpistas e inocentes úteis pedindo a saída da presidente Dilma.

Mas o que isto simboliza mesmo é uma piada de salão e o desejo desesperado dos que roíam o osso desde sempre no Brasil. O fato é que por mais desespero que exista ninguém tem coragem e nem subsídios para incriminar a presidente.

Dilma segue forte como sempre, por cima da carne seca e este é o desespero dos golpistas. Estes não estão preocupados com corrupção, muito menos com a tão propalada honestidade. Eles não agüentam mais o PT no governo, mas vão ter que agüentar pelo menos mais oito anos.

Em 2018 Lula será o candidato e quem tem capacidade de derrotá-lo? Ninguém. O desespero é geral.

*é graduando em Jornalismo pela Universidade Federal de Ouro Preto – MG