Brasília – Depois do jejum das urnas por 20 anos, a eleição livre do presidente Fernando Collor foi uma surpresa desagradável para os caciques nacionais. E motivos havia sobrando.
Collor era o governador de um Estado pequeno e ainda mais, nordestino; Collor integrou o grupo de apoio ao regime que se findou com o general Figueiredo; Collor caminhou politicamente na contramão da esquerda, enfim, a eleição do Collor foi a desmoralização das esquerdas brasileiras – que sequer na cadeia se juntava mais.
Por extensão, a eleição do Collor para a Presidência da República significou a desmoralização da oposição – que se julgava dona das ações e dos resultados, especialmente os resultados advindos das urnas.
Ledo engano; a eleição do Collor significou o desmoronamento do castelo de areias no qual a oposição imaginava reinar solidamente.
Como o governador de um Estado pequeno, pobre e nordestino; como um político sem nenhum engajamento de esquerda se elegeu presidente da República?
E o pior, para a oposição, é que o Collor se elegeu presidente e fez todos virem a ele por bem ou por mal. E começou daí as tramas para derrubá-lo.
Pode-se admirá-lo ou não; pode-se gostar ou não do Collor, mas é primário acreditar na versão dada para apeá-lo do poder. Até seu mais ferrenho adversário, o senador Pedro Simon, já reconheceu em público que o que aconteceu no governo Collor “é fichinha” diante do que aconteceu depois dele.
Na bienal do livro este ano, aqui em Brasília, o músico Carlinhos Lyra incluiu o Collor na relação dos três presidentes injustiçados. O Carlinhos Lyra não é nenhum defensor do Collor, mas dizer que está errado é de uma pequenez própria dos fracos de caráter.
O Getúlio Vargas, o João Goulart e o Collor, que o Carlinhos Lyra com coragem e hombridade listou como injustiçados, são as vítimas dessa história mal contada.
Ninguém é 100% bom nem 100% ruim; as imperfeições fazem parte do todo para que se possa identificar as divindades mais facilmente. Afinal de contas, vai ser julgado o que mesmo? O presente, o futuro ou o passado da nação?
Você tem razão ao dizer que as elites (principalmente do centro-sul) não via com bons olhos a eleição do carioca radicado em Alagoas.
Entretanto, minha indagação é:
1 – Para se atingir o objetivo de chegar ao palácio do Planalto, qual foi o preço para a combalida economia alagoana?
2 – O que Alagoas ganhou com o ex-presidente?
3 – Qual o seu legado deixado para reverter os números perversos em que se encontra nossa província?
São apenas indagações Bob, e juro, gostaria de obter respostas.