Adeus Ariano, o caboclo nordestino
   23 de julho de 2014   │     18:54  │  1

por Aprigio Vilanova*

Morreu hoje o mestre Ariano Suassuna, aos 87 anos, em Recife. Ariano de ariano só tinha o nome, era nordestino daqueles de nos orgulhar desta região. Entendeu a cultura popular como nenhum outro intelectual.

Nas suas obras foi a fundo na alma nordestina e com o poder das palavras e de sua imaginação conquistou o Brasil e o mundo. Formou-se em Direito em Pernambuco, mas sempre falou que nunca teve vocação para a advocacia.

Costumava explicar a formação dos brasileiros daquela época assim: “naquele tempo só existia três possibilidades, se era bom em cálculo fazia engenharia; se abria barriga de lagartixa de manhã fazia medicina e quem não tinha vocação para nada ia fazer Direito, foi o meu caso”.

Ainda bem para o mundo das letras que Ariano chegou cedo a essa conclusão. O mundo de Suassuna era o do encantamento, era o de encantar a partir do texto e assim conseguiu. Costumava se definir também como palhaço: “eu sou palhaço e o dono do circo”, se referindo ao Circo da Onça Malhada, que fundou.

Seu amor pelo circo era imenso e atribui a chegada de um circo em Taperoá, na Paraíba, sua terra natal, a sua entrada para o mundo lúdico e para o universo simbólico. Ariano foi amante do riso e sentia o maior orgulho em poder provocar o riso nas pessoas.

Para justificar seu amor pela gargalhada citava o dramaturgo francês Molière: “não existe tirania que resista a uma gargalhada”. Ariano nos deixa, mas sua obra permanecerá obrigatória e fundamental para entendermos a cultura nordestina.

Adeus Ariano, valeu por você ter existido.

Clique aqui e veja a aula espetáculo do mestre Ariano

*é estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto – MG

COMENTÁRIOS
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  1. Antonio

    Morre o maior NORDESTINO, ao meu ver e pra quem não sabe o que é NORDESTINO olhe para o sudeste e para Brasília, fomos nos quem os construímos.

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