Repórter da GAZETA é preso arbitrariamente. Da Série: Golpe II
   17 de março de 2014   │     14:40  │  2

Brasília – O coronel Carlindo Rodrigues Simão e o governador de Alagoas foram companheiros na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), mas se desentenderam.

Com o golpe militar em 1964, o coronel se achou na maior autoridade e começou a peitar o governador – que estava na reserva como general, mas ninguém bate continência para superior de pijama.

Ainda mais porque o governador era conhecido mesmo como major; era o major Luiz, um político de comportamento inusitado.

Era governador, mas se deslocava sozinho e seguia a pé até o Mutange para assistir o CSA jogar; não andava de carro oficial nem com segurança.

Na volta, para descansar da caminhada, sentava-se no meio fio ou nas calçadas para descansar chupando “rolete de cana” ou comendo amendoim.

Essas atitudes populistas irritavam o coronel Carlindo.

Na época, a sensação da imprensa alagoana era um jovem fotografo da GAZETA DE ALAGOAS chamado José Ronaldo – que, ainda hoje, se encontra na Organização Arnon de Mello para nossa alegria.

O Zé Ronaldo sempre foi um jornalista atirado e, como um jovem iniciante, ainda mais; o Zé Ronaldo pegou cenas incríveis do governador chupando rolete de cana e comendo amendoim e expôs as fotografias no armazém 3 Bês, uma loja no Rua do Comércio que significava Bom, Bonito e Barato – daí os 3 bês.

A exposição foi um sucesso. O comandante do 20º BC soube e determinou que trouxessem o Zé Ronaldo a presença dele. Mais realista do que o rei, o sargento Darlan, encarregado da missão, prendeu arbitrariamente o Zé Ronaldo e o conduziu à presente do coronel Carlindo.

Ao se vê diante do coronel e surpreendido com o pedido para que lhe desse as fotos, o Zé Ronaldo aproveitou para se queixar:

Coronel, as fotos são públicas e estão expostas. Não precisava ter mandado me prender.

O coronel Carlindo pediu desculpas, disse que o sargento exorbitou e que seria repreendido. O coronel Carlindo queria as fotos para ilustrar a denuncia que fez contra o governador e seu antigo companheiro na AMAN, por falta de decoro.

O coronel Carlindo queria cassar o general Luiz Cavalcante, mas o major Luiz era forte o suficiente para resistir e permaneceu no cargo até o último dia do mandato.

 

COMENTÁRIOS
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  1. Amigo do Povo

    Um dia antes do golpe, meu pai, reporter do GLOBO, telefonou para a casa de um General no Grajaú (nesta época a densidade de coroneis e Generais por metro quadrado no grajaú era muito alta), pois ninguem encontrava um General de 2 estrelas para cima de bobeira. Ela disse : – Estão todos em Petópolis reunidos, tomaram vergonha na cara ! Eu tinha 9 anos estudava em colégio público (na época era muito bom) e não entendi nada, pois as 0 da manhã começou um desfile interminavel de recrutas armados pela minha rua (sempre acontecia, pois minha rua fazia parte do trajeto de 30 KM da infantaria). Meu pai somente vinha em casa trocar de roupa e fazer barba. Faltava um ano para o Rio fazer 400 anos e a Escola estava voltada para este tema, qual seria o símbolo do quarto centenario. Somente morando um uma cidade tão militarizada como o Rio de Janeiro, tem-se a noção de que foi realmente um golpe militar. O Marido da minha professora era militar (alias os maridos de todas as professoras formadas no Instituto de Educação) eram militares, pois era tradição milico namorar professorinha. Não entendi porque no Jardim do Meier tinha um soldadinho deitado no chão com uma ponto 30 e outro segurano o pente flexivel de balas (para atirar em quem ?). A impressão melhor foi que eu não teria mais que ir a leiteria 5 da manhã ficar na fila do leite ou ficar na fila da carne ou fila do feijão. A galera do sindicato pagou 10 no viado e se mandou (como sempre). O Jango que era conhecido do papai, bom sujeito, devo o 13 salário a ele, todos devem foi sacaneado – empresário + militares + UDN = Golpe (Acho que o Teotonio Pai era contra o 13 , ele não era da UDN e depois ARENA e depois Santo ?). E a Dona MAria Teresa, Lembram que gata ?

  2. Roberto Theodosio Brandão

    Roberto: Muito bom o comentário Golpe II. Fico no aguardo do próximo. Você me fez lembrar o Sgt.Darlan, velho camadarada de EB.

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