Brasília – Nada foi tão devastador para Alagoas quanto a crise na década de 1990, que culminou com a renúncia forçada do governador Divaldo Suruagy diante do risco real de uma convulsão social.
Os dez meses de vencimento atrasado para o funcionalismo era algo inusitado e a crise estourou exatamente nas mãos do Suruagy – que exibia a pontualidade no pagamento do funcionalismo como uma das marcas de governo.
Suruagy foi forçado a renunciar e na tentativa para se eleger deputado federal em 1978 ficou em terceiro lugar na coligação, abaixo do delegado Rubens Quintella, que disputou a sua única eleição na vida – ele não se elegeu, mas obteve mais votos que o Suruagy, o que antes seria tido como heresia.
Mas as sequelas não foram apenas de natureza política; o pior foi o estrago na já combalida economia alagoana: a Comesa, empresa do poderoso grupo Gerdau, foi embora de Alagoas e a Companhia de Eletricidade de Alagoas foi trocada por duas folhas de pagamento do funcionalismo – e nem assim Suruagy conseguiu salvar o seu governo.
Nem o mandato.
As sequelas ainda hoje resistem e incomodam porque o preço que Alagoas paga parece impagável; quanto mais paga mais deve.
Alagoas devia 2 bilhões de reais, já pagou 4 bilhões de reais e ainda está devendo 7 bilhões de reais o que não dá para entender – exceto se usar a Matemática Moderna, onde existe até conjunto vazio.
O Ronaldo Lessa, quando era governador, se indispôs com o Lula, então presidente da República, ao denunciar a sangria mensal na receita do FPE alagoano e o valor descontado na boca do caixa pelo governo federal.
Não foi o Lessa quem assinou o acordo da divida, nem o Lula era ainda o presidente da República, mas a bomba estourou na sua gestão. O Lula não gostou da cobrança do Lessa e respondeu aborrecido, mas sem citar nomes, durante a solenidade de inauguração do novo aeroporto de Maceió.
– “É engraçado. As pessoas assinam um acordo e depois vem reclamar” – respondeu na época o então presidente Lula.
O acordo que Alagoas assinou é realmente cruel. Para se ter uma ideia, Alagoas paga um juro extra maior do que São Paulo. É o IGP-DI mais 9% enquanto São Paulo paga o IGP-DI mais 6%.
O senador Renan Calheiros lidera agora a luta para se revê o acordo da dívida e torná-lo menos cruel. Renan avisou que Alagoas que pagar o que deve, mas propõe que em condições que não comprometam os investimentos do Estado.
O senador Renan propôs trocar o IGP-DI pelo IPCA, pois este indicador é tolerável e menos usurento. Só para ter ideia, Alagoas que paga hoje 50 milhões de reais mensais da dívida corrigida pelo IGP-DI e, como o IPCA, passaria a pagar só pouco mais de 20 milhões de reais.
A proposta tem tudo para ser aprovada pelo Senado e, sabendo disso, o ministro Guido Mantega procurou o senador Renan e pediu para ele esperar até março. Ou seja: só colocar a proposta em votação em março.
O senador Renan atendeu, mas avisou que o IGP-DI não pode mais continuar como indexador da dívida dos estados – o que Alagoas agradece.
Houve um equívoco . Em 1978,DIVALDO SURUAGY renunciou ao Governo do Estado e candidatou-se a DEPUTADO FEDERAL, obtendo aproximadamente 104.000 votos ,sendo o DEPUTADO FEDERAL MAIS VOTADO PROPORCIONALMENTE . Neste pleito, o saudoso MDB apresentou JOSÉ MOURA ROCHA como candidato ao SENADO FEDERAL.