Brasília – O personagem bíblico Nabucodonossor costumava “fumar uma erva” e, fingindo-se em êxtase, começava a rastejar imitando uma serpente.
Washington, a Capital dos Estados Unidos, foi construída em duas grandes fazendas de maconha que pertenciam ao general George Washington e Thomaz Jeferson.
A canabis sativa, que varia de nome de acordo com a região, está na história e é besteira pelejar contra quem faz parte da história – e, ainda mais, bíblica.
O presidente do Uruguai, José (Pepe) Mojica, percebeu isto; ele mesmo deu entrevista ao canal fechado da Globo dizendo que nunca fumou maconha, mas não é hipócrita para deixar de reconhecer que o problema não é a maconha e sim o comércio do tráfico – que leva à corrupção policial e outros crimes.
– “O que eu quero é controlar quem usa e quem planta e, com isso, eliminar de vez o traficante” – disse o presidente Uruguaio.
E advertiu:
– “Mas não fiquem pensando que no Uruguai se pode fumar maconha livremente, porque não é verdade. Vão se arrepender quem pensar assim”.
Só o tempo vai poder dizer se o presidente Uruguaio está certo ou não; qualquer opinião agora é pura ilação.
A questão crucial, que país nenhum conseguiu até hoje equacionar, é o fato de o combate às drogas não ter obtido resultado positivo. Pelo contrário, no começo era apenas a maconha e, no rastro do combate à maconha, no lugar de extingui-la, surgiram outras drogas pesadas.
Antes era só a maconha, e hoje é a maconha, a cocaína, a heroína, o haxixe, o ópio, a merla, o crack e as drogas químicas LSD e ecstasy.
E mais as drogas vendidas nas drogarias com as tarjas pretas, cujo efeito no organismo é incomensuravelmente maior.
Em Maceió, até o começo da década de 1960, a maconha era vendida livremente no mercado público, na ala dos raizeiros, com o sugestivo nome de “remédio para dor de mulher”.
Dizem que chá melhor para a TPM ninguém jamais produziu.
Até o final da década de 1970 existiam em Maceió apenas quatro “bocas de fumo”, que só vendiam maconha.
Hoje são milhares que vendem de tudo: o que de último possa existir no mundo das drogas rolando mundo afora, se pode comprar em Maceió.
É interessante porque todos os dias a polícia, nos 27 estados, prende em média “dois traficantes” por dia.
Vejamos o caso de Alagoas. Dois traficantes por dia são iguais a 730 traficantes por ano, e isto seguidamente, ou seja, entra ano e sai ano.
E ninguém consegue acabar com o tráfico.
Aliás, nem mesmo os traficantes do Rio de Janeiro conseguiram impedir que o “crack” entrasse na cidade. E olha que eles fizeram de tudo para impedir.
Para o traficante carioca o “crack” era “um inimigo” porque, sendo de uso compulsivo, leva o viciado a praticar crimes para adquirir dinheiro e comprar a droga. E, praticando crimes, o viciado em “crack” atrai a polícia.
Além disso, o preço é baixo.
Na década de 1980 o carioca foi surpreendido com centenas de latas do Leite Ninho, de 2 quilos, cheia de maconha que davam costa nas praias.
A versão da polícia, que a imprensa acreditou e espalhou, foi de que um navio havia se livrado da carga para escapar da abordagem.
O Gilberto Gil compôs a música Novidade, que diz assim:
A novidade veio dar à praia
Na qualidade rara de baleia
Metade o busto de uma deusa Maia
Metade o seu rabo para a ceia…
A novidade era a guerra, entre o feliz e o esfomeado.
O feliz era quem conseguia achar a lata; o esfomeado era o quem madrugou na praia e não achou nada.
E o Gil arremata:
Ó, mundo tão desigual…
A versão da polícia estava errada; foi uma desculpa arranjada às pressão para explicar “o fenômeno” das latas de Leite Ninho cheias de maconha.
Na verdade, as latas de Leite Ninho com maconha foi a última tentativa que os traficantes cariocas fizeram para evitar que o “crack” entrasse na cidade.
Pensavam eles que, abarrotando a praça com a canabis de graça, expulsariam o “crack” por eliminação. Ledo engano.
Até os traficantes cariocas perderam para o “crack” e tiveram que aceitá-lo. E se até os traficante cariocas perderam para o “crack”, quem haverá de vencê-lo mantendo-se esse modelo de combate às drogas que estimula outras drogas e a corrupção do agente público incumbido de combatê-la?
Otimo texto Bob… So um minimo adendo: a letra da musica de Gilberto esta errada… “A novidade veio dar à praia
Na qualidade rara de sereia
Metade o busto
D’uma deusa Maia
Metade um grande
Rabo de baleia… A novidade era o máximo
Do paradoxo
Estendido na areia
Alguns a desejar
Seus beijos de deusa
Outros a desejar
Seu rabo prá ceia..”
E viva ao remedio de dor de mulher!