Matou o irmão e foi ler um livro, lá na Jatiúca
   7 de agosto de 2013   │     12:49  │  2

Em meados da década de 1980 aconteceu um crime em Maceió, que a imprensa divulgou sem se aprofundar nos detalhes: o irmão mais novo matou o irmão mais velho a facadas.

Foi lá na Jatiúca.

O irmão mais novo vivia dizendo que “um dia eu mato esse cara”, referindo-se ao irmão mais velho, que tentava enquadra-lo nos estudos e na própria vida.

Um dia todos fomos surpreendidos com a notícia. Fulano cumpriu a ameaça e matou o irmão, depois pegou um livro e sentou à porta de casa aguardando a polícia chegar.

Quando a polícia chegou ele se levantou, fechou o livro e disse enquanto entregava a arma do crime, uma faca de serra para cortar pão.

– “Fui eu que matei!

E se entregou numa boa. Para entender o crime é preciso saber que o criminoso era usuário de droga ilícita e estava sendo medicado com Gardenal, uma droga lícita e igualmente devastadora.

Fatos assim aterradores sempre existiram na crônica policial, mas não se deve acostumar-se a eles porque seria fomentar a banalização do crime. Devemos procurar entendê-los.

Mas como entender essa versão de que um menor de 13 anos de idade mata os pais, a avó e a tia e depois se mata? Teria esse menor a informação de que a medicina o desenganou e previu sua morte aos 4 anos de idade? E com essa informação teve um surto psicótico e decidiu por fim à família?

É isso?

Ou devemos prestar a atenção no que disse o major Olimpio Gomes, ex-presidente do Clube dos Oficiais da Polícia Militar de São Paulo e ex-deputado estadual?

O major Olimpio contou que esteve na cena do crime, viu os cinco corpos inertes e ouviu de alguns companheiros de farda a observação de que não se poderia descartar a hipótese de “treta da polícia”.

Isso mesmo! Treta da polícia.

É claro que não se deve fazer ilações antes do resultado da perícia, até porque o esclarecimento desse crime depende muito mais da técnica do que do faro policial.

Mas, atribuir assim de pronto a autoria ao menor de 13 anos é o mesmo que aceitar a explicação imbecil daquela religiosa que pôs a culpa “na falta de Deus no coração”.

Imagine que essa versão simplória cria mais uma “arma mortal”, que é a “falta de Deus no coração” – que mata, segundo a versão chinfrim.

Ainda que à distância, por enquanto eu prefiro a analisar a versão do major Olímpio: pode ter sido “treta”. Só não sei ainda se tem policiais envolvidos na treta.

Mas, se tiver não será surpresa.

COMENTÁRIOS
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  1. QUESTIONADORA

    Esta matéria foi interessante porque chama a atenção para efeitos colaterais dos medicamentos, no caso de Jatiúca.
    Já quanto ao menino que supostamente matou os pais, se houve “treta”, tem algo muito pesado por trás, para motivar uma chacina tão hedionda de inocentes.

  2. Gato tem 7 vidas+eu só tenho uma...

    Chama urgente meu herói de plantão,George Sanguinetti.Aguele que desmoralizou o legista da Universidade Estadual de Campinas(Unicamp)Badan Palhares;Sanguinetti pode provar que não foi o garoto que cometeu o crime lá em São Paulo.O assassino profissional que cometeu este crime, pode pode ser alguém do crime organizado, ou pode ser os colegas de farda envolvidos em roubo de caixa eletrônicos de bancos,que foram denunciados por uma das vítimas…Por falar em roubo de caixa eletrônico,como ficaram as investigações dos ladrões aqui de Alagoas,aquele ex-deputado que continua comandando o crime ai do Jacintinho?!

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