O PT rachou, o Lula sumiu e a Dilma se perdeu
   13 de julho de 2013   │     14:49  │  6

A divisão no PT é cada vez mais acentuada no Congresso Nacional; na Câmara, o deputado federal Cândido Vaccarezza, que foi substituído na liderança do partido, tem se posicionado abertamente contra decisões da presidente Dilma.

O exemplo mais recente foi a proposta para o plebiscito, que Cândido rechaçou imediatamente surpreendendo a próprio oposição. Sem discutir se era decisão do partido, ele declarou publicamente que era contra e ajudou a sepultar a ideia.

É verdade que o PT é um conglomerado de idéias e tendências que envolvem até a religião, com a ala ligada à Igreja Católica. Tem os intelectuais marxistas, que predominam especialmente no funcionalismo público, e sindicalistas públicos e privados.

Nunca foi uniforme; apenas parecia que era.

Mas essa aparente uniformidade não haveria mesmo de durar no PT e agora o partido já não consegue mais disfarçara divisão. São vários os fatores que levaram a essa ruptura interna; a insatisfação pode ser identificada já na indicação da candidata Dilma Rousseffe à presidência da República.

 Dilma foi uma ativista de esquerda na luta contra a ditadura, mas não é da ala autêntica do PT; ela pertencia ao PDT e era admiradora do lendário Leonel Brizola – que se contrapunha ao PT como crítico ácido.

Mas entrou no PT e passou por cima de todo mundo que se achava à frente, e foi indicada para a sucessão de Lula. Uma banda do PT engoliu atravessada e se mantinha resignada, ainda que se remoendo por dentro.

No inicio do governo, a presidente Dilma retirou algumas cartas do jogo que o Lula deixou armado; a demissão de ministros voltou a sacolejar a unidade aparente no partido.

Depois veio o episódio da sucessão na presidência da Câmara e do Senado, que o PT exigia o cumprimento do acordo com o PMDB para a alternância entre os dois partidos. O PT queria que a presidente Dilma interferisse para o partido ficar com a presidência do Senado.

Se na Câmara houve a alternância, com a saída do deputado Marco Maia  e a eleição do deputado Henrique Alves, o mesmo deveria acontecer no Senado com a substituição do senador José Sarney por um senador do PT.

Mas quando a presidente colocou isso para o senador Renan, ele observou que o acordo foi feito na Câmara sem a participação do Senado, onde o PMDB tem maioria. Logo, a alternância do poder estava restrita à Câmara.

Dilma viu que era difícil dissuadir Renan de ser o candidato a presidente e, pior ainda, de derrotá-lo. Com essa posição, Renan aguçou a ira petista contra ele e essa ala, para se vingar, impôs a Dilma a missão de encontrar outro candidato no PMDB.

Dilma obedeceu e tentou a última cartada, que foi pedir ao senador Edison Lobão, ministro de Minas e Energia, que voltasse ao Senado e disputasse a presidência com o apoio dela. E aí a presidente ouviu o que não esperava do senador Lobão.

– “Eu volto (para o Senado), mas para votar no Renan pra presidente”.

Dilma teve a comprovação de que não teria chance de reverter o quadro, e a ala do PT insatisfeita ainda pensa que ela poderia ter sido mais atuante. Afinal, é a presidente da República.

Essa ala insatisfeita do PT, embora não se tenha (ainda) as provas, pode entrar no mínimo como suspeita no vazamento de informações que abalam o governo, como no caso do boato sobre o fim do programa Bolsa Família.

É essa ala do PT que trama contra Dilma e defende a volta do Lula, que sumiu estrategicamente para preservar o governo e, muito mais, a ele próprio.

A eleição de 2014 será a prova de fogo para a continuidade dessa aparente unidade do PT. Ainda mais, quando se viu as demonstrações recentes de fiasco numa área onde o partido já foi imbatível – que são as manifestações de ruas.

A manifestação convocada pelas centrais sindicais foi um fiasco. E pior é que eles constataram que não têm mais a hegemonia das ruas. Ou seja: a era da predominância já era. 

COMENTÁRIOS
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  1. paulo nelio rezende

    PODER EXECUTIVO FORTE. LEGISLATIVO SUBMISSO. TENTATIVA DE APARELHAMENTO DO PODER JUDICIÁRIO. PARTIDO HEGEMÔNICO. OPOSIÇÃO DEITADA EM BERÇO ESPLÊNDIDO. O QUE OS CORRUPTOS TEM A TEMER?. QUEM TEM A TEMER SOMOS NÓS. PODEMOS SAIR NAS RUAS?, TEMOS TRANSPORTE COLETIVO, SAÚDE, EDUCAÇÃO E SEGURANÇA QUE SÃO DEVERES DO ESTADO? A DESPEITO DISSO, METEM MÃO EM NOSSOS CONTRACHEQUES, E NOS LEVAM 27.5% DE IMPOSTOS POR MÊS. PORÉM, ESTAMOS FELIZES COM TUDO ISSO. TANTO ASSIM QUE NÓS OS REELEGEMOS. AGORA CHORAR É BOBAGEM. E VEJAM BEM, O BARBUDO VAI VOLTAR. SÓ PEÇO A DEUS QUE ME LEVE ANTES. QUE ME POUPE DE VER TAL PESSOA COM SUAS METÁFORAS ESTAPAFÚRDIAS, 24 HORAS POR DIA.

  2. Ana Maria

    Não vejo uma queda do PT. Ainda vejo um partido forte que realizou muitas transformações sociais no país. Não faço parte de partidos politicos, mas acredito que a Dilma tem muito a realizar. Os movimentos sociais de todos que desejam mudanças devem permanecer pois só assim seremos uma nação democratica.

  3. Carlos

    Sinceramente, eu não sou simpatizante de nenhum partido político e fico apreensivo com essa possível volta de Lula. Vamos ser sinceros : Lula não fez um mau governo porém, isso deve se a duas coisas essenciais que foram a continuação da política econômico financeira (manutenção da estabilidade do real) e a política social (transformação do bolsa escola em bolsa família) ambas, iniciadas no governo anterior”. Porém, têm algumas coisas que no governo Lula foram nota ZERO. Exemplos : Se fizermos uma análise sem nenhuma demagogia, percebe se que Lula só priorizou/”tinha olhos” para a “classe sem renda” pois sabia que os votos dela eram “favas contadas”. Não é a toa que ele sempre se gabava de ganhar qualquer eleição. Esqueceu porém que quem mais sente nos bolsos o peso do aumento dos preços é a classe média/baixa. E esta, como têm um grau de cultura maior do que a classe paupérrima, foi ficando indignada com a precariedade nos serviços públicos essenciais (educação, habitação, saúde, segurança e transporte) e com a “onda de corrupção, maracutaia, trambicagem e impunidade” que nos governos Lula e Dilma foi maior do que em qualquer outro governo. Por isso, me preocupa que tipo de governo teremos nessa possível volta de Lula. Eu, sinceramente, gostaria que o/a presidente/a eleito/a em 2014 não fosse do governo do PT. Podia ser do PPS, PSB, PV, etc..

  4. E a implosão?

    Bom ,se o PT rachou agora está faltando a IMPLOSÃO que seja benvinda então a dita cuja e ” NOS FARELOS E FUMAÇAS DA IMPLOSÃO, LÁ SE VÃO TODOS OS ALOPRADOS”………….

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