Bloqueio de rodovias! Quem se sentir prejudicado que bloqueie também
   4 de julho de 2013   │     12:05  │  1

Os médicos decidiram sair às ruas protestando, em tese, por melhorias na saúde pública, e fecharam a via pública; os caminhoneiros protestando contra os preços do pedágio e do diesel fecharam as rodovias e os prefeitos em Tocantins, protestando contra a “falência dos municípios”, também fecharam uma rodovia.

Agora é assim: se o Incra não decide rápido as demandas de terra, os sem-terra fecham a rodovia; se os clandestinos do transporte alternativo estão insatisfeitos, também fecham a rua.

Se querem uma lombada na pista ou um semáforo, eles fecham as ruas; se querem moradias, assistência social, educação, salários…o escambau! Eles fecham as ruas e o direito de ir e vir que a Constituição consagra vira peça de ficção, porque parece que todos nós estamos nos acostumando com o desrespeito.

Não deveria ser normal, mas virou. Ser impedido de seguir viagem devido aos protestos nas rodovias bloqueadas já faz parte roteiro; quem vai de Maceió para Recife, ou vem de lá para cá, é recomendável antes saber se não tem protesto em Novo Lino, Joaquim Gomes ou Messias.

Pouco importa se quem está na rodovia tem urgência de chegar no destino; pouco importa se quem está na rodovia tem compromisso com hora marcada – que fique no meio do caminho; que se dane com os compromissos.

Que se lixe!

Dir-se-á que essa é a forma para chamar a atenção das autoridades, mas isso é um absurdo porque as autoridades têm helicóptero e trafegam por cima. Dir-se-á que essa é a forma do desabafo, mas isso também é um absurdo porque quando o desabafo contraria a lei vira deboche.

Deboche coletivo.

Interessante é que, no caso do protesto dos médicos com a falsa bandeira de luta por melhorias na saúde pública, o que se pretende na verdade é impedir a solução de um problema crucial para a população – que é a assistência médica onde o profissional médico não quer estar, apesar do salário-mínimo de 13 mil reais.

Ninguém está preocupado com o coletivo; nesses protestos, o que se pretende é valorizar o individualismo embutido no corporativismo que predomina em todas as áreas.

Imaginem que a bandeira de luta de todos os sindicatos, federações e centrais de trabalhadores é a redução da jornada de trabalho semanal de 44 para 40 horas. Pois não é que a Câmara Federal aprovou esta semana exatamente o contrário?!

Pois foi.

A lei que estipulava 11 horas de descanso diário, com tolerância de no máximo 2 horas de extra por dia para os caminhoneiros, foi alterada para 14 horas, com no máximo 4 horas de extra. Essa incoerência nada mais é do que a constatação dessa falsa luta, onde o que na verdade prevalece é o interesse individual.

Ou seja: se está bom para mim, o resto que se sentir prejudicado que feche rodovia também. 

COMENTÁRIOS
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  1. Marcos

    Se critiquei o blogueiro quando escreveu um texto infeliz sobre os cães cruelmente assassinados outro dia, fico feliz de poder elogiá-lo hoje. Essa moda de fechar rodovias e avenidas em protestos chegou ao fim da linha.
    O motorista que é apenas mais uma vítima de trocentos descasos do poder público, ainda se vê como vítima de qualquer categoria que se acha no direito de causar transtornos a quem nada pode fazer para resolver suas demandas.
    Quer protestar em Alagoas, que vão à Praça dos Martírios aporrinhar quem poderia e deveria fazer algo. Se estiver um dia com algum ente querido tentando chegar a um hospital, e houver algum protesto bloqueando a rua dar-lhes-ei três buzinadas para repensar a sandice. Mas entre o corporativismo de uns poucos e a saúde de alguém amado, passo por cima do corporativismo sem pensar duas vezes, mesmo que sejam médicos.

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