O eleitor vota por paixão ou por revolta. Só existem essas duas motivações para o voto, mas se existe políticos denunciados por crime e no exercício do mandato a culpa é única e exclusiva da Justiça.

Ou seja: não é culpa do eleitor não, porque eleitor não é juiz nem desembargador.

Quando se coloca a culpa no eleitor, está-se protegendo o verdadeiro culpado. Vamos observar o que vai acontecer em 2014, com os candidatos denunciados por crimes e que não foram julgados até agora devido a uma lentidão incompreensível da Justiça.

Essa lentidão incompreensível confunde a sociedade. Será que estão esperando que o denunciado obtenha o direito imoral à impunidade parlamentar, para então se pronunciar? É isso o que fica transparecendo, pois tempo para julgar houve e até demais.

E por que não julgaram? O que estão esperando?

Diz-se: o eleitor não sabe votar. Sabe sim.  O que deve estar acontecendo é que alguém protege a imoralidade, seja pela omissão, pela incompetência ou pela conivência mesmo. Ou medo.

No momento em que a sociedade exige reformas gerais, uma delas é exatamente o fim do chamado “foro privilegiado”, que só tem servido para proteger criminosos. O foro privilegiado é inconstitucional porque torna o princípio da igualdade perante a lei numa piada.

Piada de mau gosto, claro.

A luz no final do túnel apareceu e, infelizmente, não foi acesa como consequência do despertar da responsabilidade, e sim como produto da revolta da sociedade diante de tanta impunidade. E essa impunidade alimenta o lema: você pode matar, você pode roubar, desde que tenha direito ao foro privilegiado.

A prisão do deputado federal Natan Donadon é motivo de comemoração, mas ao mesmo tempo leva a sociedade a indagar: e os outros que praticaram o mesmo crime, e até crimes piores, quando também serão punidos?

Ficar apenas na prisão do Natan Donadon confunde a sociedade, que começa a conjecturar sobre se não se trata de mais um boi de piranha – que é aquele que vai à frente para salvar a boiada.

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