Jô Soares: O Collor só tinha 12 ministros. Por isso caiu
   14 de março de 2013   │     9:17  │  5

O tempo é mesmo o senhor da razão, para que alguns menos empedernidos cheguem agora à conclusão de que o impeachment do presidente Fernando Collor deveu-se a fatores que se sobrepuseram ao arrazoado processual aparentemente legítimo.

O Fiat Elba e o PC Farias foram simplesmente os biombos onde se camuflaram a verdadeira causa. E a verdadeira causa é que, aos 40 anos de idade e o mais novo presidente da República eleito no país, Collor pensava que estava inaugurando uma nova Era no país.

Ou seja: que poderia governar sem alianças, porquanto se elegeu presidente por um partido de vida efêmera.

Quem assistiu o programa do Jô Soares na terça-feira, com a entrevista do jornalista Merval Pereira falando sobre o livro que escreveu sobre o mensalão, ouviu o Jô dizer comparando as denúncias aos fatos relacionados ao impeachment do Collor.

Quer dizer que o processo do Collor é fichinha!…– disse Jô.

Fichinha! – concordou Merval.

Folgo-me porque sempre procurei desnudar a versão oficial do impeachment do Collor e o fiz no fito de explicar e não de bajular. O motivo – na verdade, os motivos – de terem apeado Collor do poder foram outros.

Concordo, e o hoje senador Collor também, que o presidente mesmo deu esses motivos e não entra aí a questão da poupança ainda que isso tivesse desagradado à esmagadora maioria da população – que estava acostumada a acordar com a conta da poupança duplicada.

Colocava-se 100 reais na poupança e ao acordar no dia seguinte tinha lá 200 reais. Há de se convir que país nenhum sustentaria essa farra de dinheiro estéril, ou seja, que não servia à produção mas à especulação financeira.

Era preciso dar um basta.

No programa da quarta-feira, 13, com “as meninas do Jô”, novamente uma descoberta que o Jô Soares não deixou passar despercebida ao comentar sobre o tamanho do estado brasileiro com os seus 39 ministérios e a grande maioria deles inúteis.

O Collor só tinha doze ministros. Foi por isso que caiu! – disse o Jô.

E que ninguém me diga que há boa vontade com o Collor, especialmente o Jô, que sempre o execrou. Trata-se de um reconhecimento público ao se descobrir que o impeachment foi uma armação; um golpe sórdido com aparência, mas apenas aparência, de cruzada moralista.

Agora seja!

E entre os motivos que levaram Collor a ser apeado do poder está exatamente este de não ter transformado o seu governo num balcão de negócios. Collor achava, e aí está o seu erro maior na época, que seria possível construir uma base de sustentação política apenas pelas idéias convergentes.

E isto é impossível no jogo político. A presidente Dilma sabe que é um absurdo esse número exagerado de ministérios – são 39, o maior ministério do mundo! – mas sabe também que não tem opção: ou cede ou não governa.

Tal qual o filme que se viu antes com o governo Collor tentando enxugar a máquina que está mal-acostumada e só funciona azeitada com a superlotação.

Entendam agora porque o Collor caiu.

COMENTÁRIOS
5

A área de comentários visa promover um debate sobre o assunto tratado na matéria. Comentários com tons ofensivos, preconceituosos e que que firam a ética e a moral não serão liberados.

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do blogueiro.

  1. jorge

    Acho que é muito tempo para reconhecer a injustiça cometida.
    Só acho uma explicação para a mobilização nacional a favor do impeachment.
    Propaganda subliminar a favor do impeachment.

    Não confie em tudo que vê, em tudo que escuta.

  2. Joana Macedo

    Caro Bob, eu concordo com você, de fato acho que o ocorreu com o Collor foi uma grande injustiça, ele estava novo na política com grandes ideias, mas foi cortado dela pois não se uniu aos poderosos para como você mesmo disse “não tornar seu governo como balcão de negócios” !!! Ainda bem que ele voltou com força total e está podendo de fato está mostrando seu trabalho

  3. Roberto Villanova Post author

    Prezada Luciana: agradeço a participação e peço-lhe para fazer justiça, caso realmente me dê a honra de acompanhar-me como blogueiro. Se assim é, então você deve concluir que esta é a minha opinião desde quando me iniciei como blogueiro, em julho de 2005, no primeiro blog de Alagoas. Se por acaso encontrar algum texto que contradiga a minha posição atual eu prometo que desisto. Mas se comprovar que mantenho coerência, por favor continue me honrando com a sua leitura e a sua crítica seja ela negativa ou positiva. Abs e muita paz.

  4. luciana sarmento

    Quem viu o Sr. escrever,anos atrás : O jeito Téo de ser,feito um visionário,e estava certo,fica a imaginar,do que o dinheiro é capaz.faz um homem da sua linhagem,cair na vala comum dos vendidos,as pessoas mudam de trabalho,pela sua melhora,mas só os pequenos mudam de pensamento e idéias,por dinheiro,tornou-se um pau mandado desse senador medíocre,por um punhado de dinheiro,jogando toda a sua estória,escrita junta a seu nome no blog,em um mais do mesmo,que lhe seja de grande precisão essa grana, e que consiga o que merece.

  5. Tuta

    Quando não se joga o mesmo jogo dos outros todos eles se juntam para tirá-lo da brincadeira. Ou dá ou desce.

Comments are closed.