Surpreendido com a recusa do presidente do Flamengo, Randolfo Landim, para presidir o conselho administrativo da Petrobras, o presidente Bolsonaro ainda não encontrou outro nome para substitui-lo.

Landim, que é amigo de Bolsonaro, teve o nome indicado pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, com o aval imediato do presidente da República. Ele iria presidir o conselho da Petrobras, composto por 13 outros diretores, recebendo um salário que pode chegar a 500 mil reais por mês, e mais participação nos lucros.

Mas, recusou o cargo.

Por que Landim recusou esse cargo, que é um dos mais cobiçados da administração pública brasileira?

Na carta encaminhada ao ministro Bento Albuquerque, ele disse que estava empenhado na administração do Flamengo, o time de futebol com o maior número de torcedores – são quase 40 milhões -, no mundo, e declinou do “honroso convite”.

Na carta de recusa o presidente do Flamengo escreveu:

-“Apesar do tamanho e da importância da Petrobras para o nosso país, e da enorme honra para mim em exercer este cargo, gostaria de informá-lo que resolvi abrir mão desta indicação, concentrando todo meu tempo e dedicação para o ainda maior fortalecimento do nosso Flamengo“.

A recusa surpreendeu Bolsonaro, que até agora não encontrou um substituto. Embora tenha se tornado conhecido graças ao futebol, Landim é um antigo servidor da Petrobras, onde trabalhou por 26 anos chegando a presidir a Gaspetro e a BR Distribuidora, e ao deixar a estatal passou a atuar na iniciativa privada, primeiro como sócio do empresário Eike Batista na petroleira OGX.

Após se desentender com Eike, ele fundou a própria empresa, a Ouro Preto Óleo e Gás, que acabou vendendo.

Apesar da justificativa para a recusa do convite do governo ter sido os afazeres como presidente do Flamengo, os comentários são de que Landim não acredita na mudança da política de preços da empresa, e entende que o desgaste em relação a essa política não compensaria seus esforços.

A política de preços da Petrobras atrelada à variação do preço internacional do barril de petróleo, foi adota no governo Temer e mantida por Bolsonaro, que não vai mudá-la. Isso quer dizer que a troca na direção da Petrobras é apenas uma jogada política no ano eleitoral, para tentar retirar a responsabilidade do governo nessa política de preços.

Sendo assim, seguirá o jogo, beneficiando prioritariamente os acionistas da Petrobras, que só no ano passado dividiram o lucro líquido de 101 bilhões de reais. Quanto aos brasileiros, no máximo o governo promete subsidiar os preços do gás de cozinha e do diesel, mas, ainda assim, não por muito tempo.

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