O ex-juiz Sérgio Moro vai se filiar ao Podemos, dia 10 que vem, para disputar a presidência da República embalado pela oportunidade de ser considerado “a terceira via” na disputa presidencial. Atualmente morando nos Estado Unidos, Moro se desligou da Alvarez & Marsal, empresa de consultoria responsável pela recuperação das empresas brasileiras que o ex-juiz ajudou a destruir com os golpes da Operação Lava Jato.

Ainda não se sabe quem será o candidato a vice-presidente, mas a expectativa é de que o Podemos convidará o general Hamilton Mourão para compor a chapa. O atual vice-presidente de Bolsonaro se sente desconfortável no governo, e o próprio Bolsonaro já comunicou que deverá escolher outro nome para ser o seu vice na eleição do ano que vem, provavelmente alguém indicado pelo centrão.

Bolsonaro sempre desconfiou que o objetivo de Moro era disputar a presidência da República, e quando teve certeza disso, tratou de minar os espaços do então ministro da Justiça, até obrigá-lo a se demitir. O golpe contra Moro lembrou o ensinamento de Maquiavel, na sua obra “O Príncipe“, embora duvide-se que Bolsonaro tenha lido o clássico publicado pela primeira vez em 1514, quatorze anos após o “descobrimento” do Brasil.

Na obra, Maquiavel ensina que “o príncipe” ou o governante, deve se livrar daquele que o ajudou a chegar ao poder, porque ele também almeja o poder – é isso, em síntese, o que diz Maquiavel. Reproduzindo o ensinamento, conforme na obra do pensador, tem-se que “aquele que é a causa do poderio de alguém se arruína, pois tal poder foi alcançado ou através da astúcia ou da força e ambas são suspeitas para aquele que se tornou poderoso.”

Não acredito que Bolsonaro conheça a obra de Maquiavel, mas acho que foi instruído por algum “guru”, provavelmente o Olavo de Carvalho, que é um intelectual, ainda que se utilize dos seus conhecimentos para a prática política nefasta. Com a candidatura de Moro a disputa presidencial vai rachar a direita e o centro, dificultando ainda mais a reeleição de Bolsonaro.

Até agora já se apresentaram para disputar a presidência da República, concorrendo com o mesmo eleitorado de Bolsonaro, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, o governador de São Paulo, João Dória, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB. Eles são os representantes de Minas Gerais, São Paulo e o Rio Grande do Sul, além de Moro, representante do Paraná.

A eleição presidencial em 2022 se prenuncia como o mais concorrida desde a redemocratização do país.

 

 

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