Maior crime socioambiental do país segue impune após três anos
   5 de novembro de 2018   │     13:13  │  1

Pichação escancara o crime cometido

por Aprigio Vilanova (texto, fotos e vídeo)*

Há exatos três anos, 5 de novembro de 2015, se deu o maior crime socioambiental da história do Brasil. Um tsunami de lama de rejeito de ferro devastou os distritos de Bento Rodrigues e de Paracatu de Baixo, pertencentes a cidade de Mariana, região central de Minas Gerais.

O rompimento da barragem de Fundão, pertencente a mineradora Samarco, subsidiária das mineradoras Vale e BHP Billinton, deixou um saldo de 19 pessoas mortas e um rastro de destruição que chegou até o Oceano Atlântico.

Rua destruída no distrito de Bento Rodrigues

O rejeito do beneficiamento do ferro não destruiu apenas a vegetação, ele também soterrou as nascentes, colocou em risco a bacia hidrográfica do rio Doce, provocando sérios danos ao ecossistema da região, mas destruiu sobretudo a história de milhares de pessoas.    

O rompimento da barragem de Fundão é considerado o maior acidente causado por rompimento de barragem no mundo. Foram ao todo cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, o que equivale a, mais ou menos, 25 mil piscinas olímpicas.   

Passados estes três anos desde a destruição nenhum responsável foi punido e as famílias atingidas seguem esperando a reconstrução do distrito. No processo criminal são ao todos 21 réus que irão a julgamento pelos crimes de inundação, desabamento, lesão corporal e homicídio com dolo eventual.

O processo segue lento e a justiça Federal ainda ouve testemunhas. Ao todo, foram indiciados 22 pessoas, entre os réus estão o presidente da Samarco Ricardo Vescovi, o diretor-geral de Operações a época, Kleber Terra, 11 integrantes do conselho de administração da empresa. além do engenheiro, Samuel Loures, por emissão de laudo enganoso.  

O Ministério Publico federal (MPF) também moveu uma ação civil pública com vistas a reparação ambiental e socioeconômica. O MPF estima que os prejuízos causados pelo rompimento da barreira ultrapassem os R$ 150 bilhões.

Escola municipal totalmente destruída

Clique e assista aos vídeos na região

O último réveillon 

O morador atingido que preferiu ter seu nome preservado nos relatou como era a vida na comunidade de Bento Rodrigues e como foi o último réveillon comemorado entre os moradores da região.

Pacaratu de Baixo

Este foi o segundo distrito de Mariana devastado pela enxurrada de lama da barragem de Fundão. O distrito teve cerca de 80% das suas construções destruídas, a igreja da comunidade foi uma da únicas edificações que resistiu. 

 

*Jornalista formado na Universidade Federal de Ouro Preto – MG

 

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