Bolsonaro: populismo nacionalista e democracia autoritária
   11 de outubro de 2018   │     16:33  │  20

por Aprigio Vilanova*

O populismo é um fenômeno político que apela para questões que buscam estabelecer uma relação mais próxima com as massas ou com as camadas populares, como queiram. O populismo é ambidestro, por mais que queiram atribuir, no senso comum, aos políticos de esquerda. 

No caso de Bolsonaro, o discurso é construído tendo como base este fenômeno. Com uma breve análise nos discursos de Bolsonaro é possível entender que a construção da fala vai no sentido de atingir os medos da população brasileira e de se apresentar como a única voz representante dos desejos populares.

O líder populista acredita que encarna os desejos da população e se coloca como única e possível alternativa para atender os anseios do povo. Mas não se dá conta que representa apenas a vontade de uma parte do povo. A frase slogam, insistentemente, repetida na campanha que é o povo brasileiro é um só é sintomática. O povo brasileiro não é igual, é composto por diversos grupos identitários.     

Quando um candidato declara que o objetivo é combater os ativismos, ele está dizendo que as vozes dissonantes precisam ser silenciadas. Nenhuma sociedade, que se pretende democrática, é composta sem o ativismo dos segmentos minoritários que buscam garantir direitos que possam representar conquistas frente a perseguição historicamente vivida por esses grupos.

Rejeita as autoridades constituídas e caminha no sentido de alicerçar as bases para a sua supressão ou a cooptação das instituições. O desejo, por exemplo, de dobrar o número de integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) revela o caráter populista e autoritário do candidato.

Outro sintoma revelador, é a suspeição relativa ao resultado do processo eleitoral se a apuração não confirmar a sua vitória. Pensa o populista autoritário: – Se eu ganhar está correto, se eu perder é fraude. Estas posições evidenciam o comportamento baseado no autoritarismo.    

13º do Bolsa Família e o populismo de campanha

O objetivo de Bolsonaro é furar a bolha dos eleitores ricos e de classe média, que é majoritário entre seus apoiadores, e conquistar os votos das camadas menos favorecidas. A sinalização vai neste sentido, principalmente após o resultado revelado nas pesquisas de intenção de votos e o resultado no primeiro turno.

É nesse sentido que o candidato, Jair Bolsonaro, anunciou a promessa do pagamento do 13º Bolsa Família para os beneficiários do programa. O 13º do Bolsa Família não é novidade como promessa, Marina Silva (REDE) já havia feito esta promessa na campanha presidencial de 2014.

A proposta, anunciada como ideia do vice, Hamilton Mourão (PRTB), é uma tentativa de desconstruir a imagem desgastada de Mourão que, por algumas vezes, criticou direitos históricos do trabalhador brasileiro, inclusive o 13º salário dos trabalhadores.

Mas, também, de buscar desfazer as manifestações nas quais Bolsonaro faz duras críticas ao beneficio e seus beneficiários. Além, é claro, de acreditar que com esse tipo de promessa conquista o voto dos eleitores mais vuneráveis. 

A campanha de Bolsonaro acredita e credita que a rejeição ao candidato, no nordeste, é devido as críticas do candidato ao benefício; pura ignorância. É acreditar que o eleitor nordestino é mesmo um miserável e não vota nas realizações que estão a sua mostra, mas em benefícios assistencialistas.

*Jornalista formado na Universidade Federal de Ouro Preto – MG

COMENTÁRIOS
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  1. NUNES

    O articulista acredita e que o voto do nordestino é ideológico e é não manipulável. Lembro-se do tempo em que o FHC do PSDB ganhava nos nove estados do nordeste propagando que o PT de Lula iria tomar casas e propriedades rurais e outras mentiras absurdas. Parece que o PT aprendeu a receita com os malditos tucanos e, para se manter no poder, em toda eleição vive tocando o terror, semeando boatos sobre a extinção do bolsa família, caso os adversários (seja qual for) vençam, além de outros “fakes”.
    Outra receita que o PT rapidamente aprendeu, capitaneado pelo pragmatismo do seu líder presidiário, foi lotear os ministérios e outros cargos sob o pretexto de garantir a chamada governabilidade.
    No Brasil, no imaginário popular, criou-se a ideia do presidencialismo imperial, onde o presidente pode tudo, sem nem precisar combinar nada com os parlamentares. Dessa forma, sempre priorizei a eleição dos nossos representantes no Congresso Nacional, deixando a eleição presidencial em segundo plano. Infelizmente não tivemos a renovação necessária no Poder Legislativo. Há muito tempo, não se governa por decreto-lei, por isso, considero impossível que a oração de São Francisco não volte à cena, vença quem vencer. Ademais, considero os dois candidatos remanescentes fraquíssimos. Ficamos sem opção e com uma eleição polarizada que, sem dúvida, será decidida pelo voto nordestino entre o BOLSANARO X BOLSA FAMÍLIA.

  2. Ednaldo

    O BolsoASNO é o candidato das milícias. Os recentes casos de violência contra seus opositores no Brasil todo, promovidos pelos bolsomínions, não deixam a menor dúvida.

  3. Johann Sebastian Bach

    Em tempos pré-históricos, os paleontólogos contam que os seres humanos caçavam esses animais enormes empurrando os bichos para os precipícios, com suas lanças. Eles caiam lá embaixo e então se transformavam em hamburgers. Boa idéia, a de nossos parentes antigos.

    Hoje é igual: continuamos empurrando dinossauros para sua liquidação. Só que agora, ao invés de lanças, usamos posts na internet. Dinossauros nazistas, dinossauros comunistas, ou dinossauros muçulmanos, imperialistas, sejam quais forem em seu pseudo poder e imponência, eles tem em comum o desprezo por nossa pequenez e pensam que podem tudo. Mas não podem.

  4. Lúcio rios

    Caro Bobinho, sou do sudeste e moro a 19 anos no nordeste, veja a votação das capitaes do nordeste, só deu BOLSONARO, a votação do Haddad no nordeste, e em 80%, da classe menos favorecida, ou seja, quem ganha algun dinheiro com programas sociais, isto é fato.

  5. César Alcântara Bernestein Arruda Silva

    Aprijo Bob, lhe desafio a fazer uma análise do discurso e da prática dos “governos” petista de Lula e Dilma! Ah, favor incluir a fala da Dilmanta ( como estocar o vento e guardar nas nuvens….de cá pra lá, de lá pra cá) ) kkkkkkk…..bora!

  6. Interiorano

    O fato é que a maioria da população se cansou de PT e outros partidos que existem! E aí, como é a maioria que quer outro candidato, sem promover desavenças, respeite se a decisão da maioria! O PT que pregava tanta ética e esteve quase 13 anos Poder, ao invés de estancar a corrupção, a mesma sextuplicou se no seu governo! Então, não reclamem!

  7. Julius Robert Hoppenheimer

    Mudar a fachada e fazer cara de bonzinho não dará um só voto ao É-Dado, e ele sabe disso. A maquiagem toda só se destina preparar o terreno para dar ares de credibilidade a uma vitória fraudulenta obtida nas maquininhas.

  8. Diogo Cordeiro

    Ativistas não querem garantir direitos, e sim, incutar seus ideais a uma nação! Desculpa, mas votar em um candidato que, categoricamente, usa uma bandeira vermelha e não verde e amarela, é no mínimo, quer afundar ainda mais o País. O povo está cansado! Já dois anos esse mesmo povo tirou a primeira marionete do poder e agora, vai acabar com a dominância do PT no País, onde os resultados para deputados e senadores, Já mostram o quanto essa mancha vermelha não impera mais nessa República.

  9. Pedra Noventa

    Cada eleitor vota de acordo seu caráter, eu não voto em candidatos do PT que é verdadeiramente uma facção criminosa e comandada por um presidiário condenado por corrupção e roubo do dinheiro dos brasileiros.

    1. Melquíades de Souza

      Por que Bolsonaro não toma vergonha na cara e vai dizer isso olho no olho, num debate com Haddad?

  10. Adriano

    Bolsonaro autoritário? Sei. E o Haddad que quer regular a imprensa. Cuidado Bob se o Haddad ganhar você vai perder sua autonomia como jornalista e vai falar e publicar somente o que o partido quadrilha PT quiser. O programa do PT é um manual de ditadura bolivariana aos moldes da Venezuela e defender isso é muita canalhice.

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