De Rolihlahla Madiba a Nelson Mandela
   18 de julho de 2018   │     22:08  │  5

por Aprigio Vilanova*

Cidade do Cabo, África do Sul:, 11 de fevereiro de 1990: Nelson Mandela saindo da prisão ao lado da mulher, Winnie. ©Louise Gubb / The Image Works

Há cem anos nascia, na aldeia de Menzo, território de Transkei, no sudeste da África do Sul, Rolihlahla Madiba Mandela, um dos personagens mais importantes da história do século 20.

Nelson Mandela, como ficou mundialmente conhecido, foi o maior político da África do Sul, líder da luta contra o Apartheid (separação em inglês) e o responsável pela pacificação política do país. 

Mesmo não tendo conseguido extirpar a mazela da discriminação racial no país, haja vista a formação secular do preconceito, Mandela se tornou um dos personagens centrais para entender a história do século passado.

Madiba, como era carinhosamente chamado pelos sul-africanos, virou referência no combate a segregação racial e na luta pela garantia dos direitos humanos. Mandela foi um combatente fervoroso a favor da democracia, da educação e da luta pela igualdade entre negros e brancos.  

Em 1990, Mandela é solto após passar 27 anos preso na Cidade do Cabo, em 1993 ganha o prêmio Nóbel da Paz e, no ano seguinte, é eleito o primeiro presidente negro da África do Sul. É considerado o mais importante líder político da África Negra. 

“O ressentimento é como beber veneno e, depois, esperar que ele mate os teus inimigos.”Nelson Mandela

Foi o político responsável por liderar a reunificação da África do Sul e considerado o único capaz de promovê-la de forma pacifica.

Infância

Batizado de Rolihlahla, o encrenqueiro na tradução livre do dialeto xhosa, recebe o nome que ficou mundialmente conhecido no seu primeiro dia de aula. A professora de Mandela disse que ele precisava de um nome cristão e então o batizou de Nelson. 

O pai de Nelson, Henry Mphakanyiswa ou Henry Mandela, era chefe da tribo dos tembus, um dos grupos étnicos da nação xhosa, mas por conta de uma discussão com um juiz branco por conta de uma vaca perdeu seu título e suas posses.

Aos nove anos perde o pai de Mandela e a situação da família muda. O líder da nação dos tembus, Jongintaba, tio, tutor e padrinho de Mandela, garante os estudos do sobrinho. Mandela, aos 16 anos, é iniciado no ritual de passagem de seu grupo étnico e entra na vida adulta.

O ritual consistia em danças, cantos e no ato que selava a entrada na vida adulta: a circuncisão.

Universidade, política na universidade e a fuga do casamento arranjado

Ao completar 20 anos, começa seus estudos no curso de Direito, na Universidade de Fort Hare, a única universidade para estudantes negros. A essa época, 1938, a África do Sul ainda era uma colônia inglesa, mas o Apartheid, regime de segregação racial, só viria a ser implantado em 1948.

Mandela aos 20 anos com o terno que o tio e tutor, Jongintaba, mandou fazer para o sobrinho frequentar a universidade

Ainda na universidade, começa sua militância política, no movimento estudantil, por melhoria na qualidade da universidade e acaba expulso. 

Após a expulsão retorna para sua região onde nasceu, mas após, Jongintaba, articular seu casamento, Mandela foge com o primo e o irmão para Joanesburgo.

Formação, primeiro casamento e a luta política

Após a fuga, trabalha numa mina de ouro, mas acaba demitido, a pedido do padrinho, após descobrirem a fuga do casamento na tribo que pertencia. A rede de relações de seu padrinho o perseguiu devido a fuga e acabou vivendo de favores.

Até o dia que conheceu o diretor de uma imobiliária, Walter Sisulu, que o encaminha para estagiar em um escritório de advogados de um amigo, o Witkin, Sidelsky & Eidelman. Mandela termina sua graduação em Direito pela Universidade de Witwatersrand.

A vida na cidade, longe da zona de influência da sua família, é que o jovem Mandela percebe o abismo que separava os negros e os brancos. 

Mandela se casa, em 1944, com Evelyn Ntoko Mase, parente de Sisulu, e, por influência da esposa, se filia ao Congresso Nacional Africano (CNA), movimento e partido político fundado, em 1912, para lutar pelo direitos da população negra.

Eleição do Partido Nacional e a oficialização do Apartheid

As eleições de 1948 foram vencidas pelo Partido Nacional (PN), agremiação de extrema direita, o que agrava a conjuntura interna da África do Sul e institucionaliza, em 1949, o regime de segregação social, o apartheid.

O apartheid foi um regime jurídico-político-econômico-social, implantado pela minoria branca, para subjugar e segregar a população não branca. O apartheid separou a população em brancos, bantus ou negros e de cor ou mestiços. 

Os impedimentos para os não brancos foram de toda ordem. Proibidos de votar, de adquirir terras na maior parte do país, de se casarem e se relacionarem amorosamente inter-etnicamente, de frequentarem as mesmas praias, as mesmas escolas, os mesmos postos de trabalho.  

A política segregacionista implantada pelo PN levou Mandela a radicalizar a sua luta política que até então baseava no pacifismo. Vários líderes se colocaram contra a esta política nefasta, Oliver Tambo e o arcebispo Desmond Tutu se somaram a luta contra a segregação.

A radicalização de Mandela 

Mandela segue sua luta, mas agora decidido a não obedecer aos impedimentos impostos aos não-negros. Em 1952, inicia a Campanha do Desafio e organiza o Dia do Protesto, convocando os negros de todo o país a subverterem a ordem ocupando os lugares destinados aos brancos.

É preso por dois dias, as prisões continuam até ser condenado, com mais 19 ativistas, a nove meses de trabalhos forçados, com base na Lei de Repressão ao Comunismo. Após cumprir a pena os planos de radicalizar o movimento começa a ganhar adeptos dentro do CNA.

Em 1961, Mandela funda o Umkhonto we Sizwe (“A Lança da Nação”), a ala armada do partido CNA. Mandela viaja para a Inglaterra compra livros sobre revoluções e guerrilhas, volta para África e percorre o continente visitando lideranças.

Na Etiópia, se encontra com o imperador Haile Selassie e lá recebe treinamento militar. Retorna à África do Sul, sua volta é marcada por uma espécie de retorna as origens guerreiras. Mandela é fotografado vestindo os trajes típicos de sua tribo.

Mandela vestido com os trajes de sua tribo após seu retorno à África do Sul, momento em que radicaliza a atuação

ara ser preso e condenado novamente. Já na prisão, seu esconderijo é descoberto e lá são encontrados diversos documentos que revelam o plano de iniciar uma guerrilha contra o regime sul-africano.

“Um homem pode descansar em paz quando fez aquilo que considera ser o seu dever para com o seu povo e o seu país.”

Nelson Mandela

É julgado novamente e, desta vez, condenado a cumprir a pena de prisão perpétua que só será extinta, em 1990, após muita pressão externa. 

Inspiração

Mandela inspirou muitos artista pelo mundo e rendeu alguns filmes. Aqui separo duas músicas e dois filmes sobre este importante líder.

Asimbonanga (não vimos ele), composta por Johnny Clegg e gravada em 1987; 

Oração Pela Libertação da África do Sul, gravada por Gilberto Gil e retrata o preconceito na África do Sul.

Luta pela Liberdade (2007)

fontes para pesquisa: Autobiografia: Nelson Mandela, Longa Caminhada até a liberdade.             https://www.nelsonmandela.org/                                                          

*Jornalista formado na Universidade Federal de Ouro Preto – MG

COMENTÁRIOS
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  1. PROGRESSISTA PORRETA

    SERÁ QUE É MERA COINCIDÊNCIA OU TEM TUDO HAVER COM NOSSO RESIDENTE LULA? NÃO, NÃO É COINCIDÊNCIA. A HISTÓRIA DE UM SE CONFUNDE COM A DO OUTRO. LULA LIVRE JÁ. APARTHEID JÁ MAIS SERÁ ACEITO NO BRASIL. O JÁERA BOSSOMERDA NUNCA VAI SER PRESIDENTE.

  2. desportista

    Tic tac tic tac tic tac madrugada de 19 de julho de 2018 e a direita golpista ainda não tem um candidato viável. Abç.

  3. kuka Beludo

    Enquanto isso a setenta e poucos anos atrás, nascia em Garanhuns-PE o meliante Lula ladrão ! Cachaceiro, encrenqueiro, preguiçoso, não queria saber de estudar, mas nem que a vaca tussa. Em um pau de Arara se mandou pra São Paulo pra alívio do povo de Garanhuns, Aleluia !!!! Lá chegando criou piquetes nas portas das fábricas, apanhava da polícia, inimigo da trabalho sempre incentivou os funcionários a não trabalhar também, toque fogo, quebre, até que agente consiga ganhar dinheiro sem trabalhar, ganhou o Nobell de formador de quadrilha. Depois juntou- se ao que tinha de pior na América do Sul, Fidel, Cheguevara, Hugo Chaves e outros lixos, resultado, colheu o que plantou, vai terminar seus dias na cadeia vendo o Sol nascer quadrado.

    1. RAPHAEL

      ENQUANTO ISSO O CACHACEIRO LIDERA DISPARADO AS INTENÇÕES DE VOTO PARA A PRESIDÊNCIA DO BRASIL COM MAIS DO DOBRO DO SEGUNDO COLOCADO, O JAÉRA BOLSONARO, QUE DE TANTO ANDAR PARA TRÁS NAS PESQUISAS, DE CANDIDATO CARANGUEJO, VAI ACABAR VIRANDO MICRÓBIO ELEITORAL KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

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