Monthly Archives: dezembro 2016

Feliz Ano Velho!
   31 de dezembro de 2016   │     16:50  │  30

Brasília – Sendo 2016 o ano político que não vai acabar após a meia-noite deste sábado, 31, só resta desejar Feliz Ano Velho.

Empurraram para 2017 todas as pendências de 2016, o que equivale dizer que o ano que deveria ser novo trará os mesmos velhos problemas.

O pior é que não dá mais para culpar o governo velho – o governo Dilma é passado.

Aliás, logo na segunda-feira após a divulgação do resultado oficial da eleição em 2014 o golpe começou a ser praticado com a ação do PSDB pedindo a impugnação da chapa DilmaTemer.

Mediante negociação e, obviamente, o compromisso de Temer de se sujeitar às ordens do PSDB, a solução foi encontrada o que evitou a convocação de nova eleição presidencial.

Sim, porque se o Temer fosse impedido de assumir teria de ser convocada nova eleição presidencial. Em 2017 essa exigência não se aplica mais, porque se cumpriu a metade, mais um dia, do mandato presidencial.

Mas, o Temer não pode vacilar.  O processo do PSDB pedindo a cassação da chapa está para ser julgado no Tribunal Superior Eleitoral e tudo indica que o julgamento se dará no primeiro trimestre do ano novo.

Entenda-se por PSDB o senador Aécio Neves, que é o principal interessado no processo. Sabendo que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, é candidato a presidente em 2018, o Aécio pode ser capaz de tudo – aliás, como tem sido.

Sendo assim, exceto no calendário, o ano é 2017. Mas, no diagnóstico político e, especialmente, por não ter resolvido os problemas do ano velho, 2016 permanecerá provocando sobressaltos.

Em 2017, que tenhamos todos um Feliz Ano Velho!

Agora danou-se tudo! A culpa da crise é de Deus…
   29 de dezembro de 2016   │     14:31  │  129

Brasília – “Se Deus quiser venceremos a crise” – diz o Michel Temer.

A posteriori o governo já tem a explicação caso não vença a crise ou, o que é pior, caso a crise se agrave.

É porque Deus não quis resolvê-la.

Mas, a verdade é que Deus não tem nada a ver com a trapalhada em que meteram a nação. Aviso de que não iria dar certo não faltou.

A ilegitimidade do governo, ainda que se esmere de ter seguido a Constituição para chegar ao poder, é o principal entrave – e não Deus, que nada tem a ver com a trapalhada que foi patrocinada.

Os investidores estrangeiros, e até mesmo os nacionais, se retraíram e os números dos indicadores econômicos são cada vez piores.

A queda da arrecadação, o desemprego crescente, e a desconfiança generalizada, tudo isso é consequência.

E não se deve combater as consequências antes de se eliminar a causa, senão permanece-se no ciclo vicioso.

A verdade é que o país está paralisado por falta de comando e não cabe mais repetir o discurso que coloca a culpa no governo que se derrubou com o golpe parlamentar.

Ao contrário dogoverno derrubado com o golpe parlamentar, que enfrentava a oposição radical no Congresso, o governo atual tem todo o apoio necessário e a tranquilidade parlamentar para agir.

E o que está faltando?

Está faltando Deus ajudar ou está faltando legitimidade e credibilidade no governo?

A recuperação do país não depende de Deus, como querem responsabilizá-Lo, mas única e exclusivamente da confiança e do respeito que o governo possa adquirir junto à população.

E, por enquanto, esses requisitos imprescindíveis parecem distantes.

Já se fala à boca miúda em um novo governo, que seria eleito pelo Congresso Nacional no primeiro trimestre de 2017, o que alimenta essa incerteza e deixa o atual governo ainda mais fragilizado.

O processo de cassação da chapa Dilma-Temer, em curso na Justiça eleitoral, deixa o governo ainda mais vulnerável. E caso o governo substitua o ministro da Fazenda, Henrique Meireles, as consequências serão ainda piores porque passa a imagem de um governo que não sabe o que está fazendo.

Portanto, livremo-nos Deus dessa enrascada; não foi Ele que colocou o país nessa situação.

Quem colocou o país nessa enrascada foi a cultura golpista que ilustra a história da República, protagonizada por maus brasileiros.

E, pelo que se vê arremedo algum colocará o país nos trilhos novamente. Sem a participação popular, sem o voto livre, nenhum governo terá legitimidade.

E sem legitimidade, nenhum governo pode implementar os projetos econômicos necessários à retomada do crescimento e o combate ao desemprego.

Deus apenas fica observando para identificar ora os que usam o Seu nome em vão, ora para marcar os que agem sorrateiros e dissimulados.

Um tucano pousa na PF em Brasília
     │     7:08  │  58

por Aprigio Vilanova

Incrível mesmo é saber que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi prestar depoimento na sede da Polícia Federal, em Brasília. A investigação averígua se o senador adulterou dados da CPI dos Correios, em 2005.

O ex-senador, Delcídio do Amaral, em sua delação, afirmou que Aécio Neves tentou impedir a CPI de recolher informações relativas ao Banco Rural sobre o mensalão mineiro.

Aécio Neves era governador de Minas e, segundo Delcídio, enviou emissários para barrar a quebra de sigilos de pessoas e empresas investigadas na CPI.

O jb.com repercutiu a notícia partir da publicação veiculada em Época. Mas na mídia televisiva nem sequer uma referência. O jornalismo televisivo brasileiro ignorou o depoimento de Aécio Neves.

Dois dias se passaram e nada sabemos do depoimento do senador mineiro. Incrível mesmo é saber que nada vaza quando o assunto é depoimento tucano.

O senso comum já fez escola e uma parte da população brasileira acredita que a compra da reeleição de Fernando Henrique Cardoso e o mensalão mineiro não inauguram um novo momento na corrupção brasileira.

Até o otimista anda depressivo
   26 de dezembro de 2016   │     21:58  │  86

Por Aprigio Vilanova

O cenário político-econômico que se desenha para 2017 não será dos melhores, aliás, está longe de um ambiente promissor que alente a maior parte dos brasileiros.

Especialistas otimistas de mercado estimam um crescimento de 0,2 por cento. Os pessimistas preveem cenário de depressão com PIB encolhendo. O desemprego continua crescendo e já são mais de 12 milhões de desempregados.

As contas do governo fecharam novembro com o rombo de R$ 38,4 bilhões, é o pior mês desde o inicio da série histórica em 1997. Somado, o déficit nas contas públicas, já ultrapassou os R$ 94,2 bilhões.

E grande parte para o pagamento de juros ao mercado financeiro. Vale lembrar que o governo Temer aprovou um déficit primário de R$170 bilhões. O déficit primário já é projetado para 2017, 2018 e 2019.

Por mais que o governo Temer e sua base aliada insistam em atribuir a culpa do cenário atual ao governo Dilma, este argumento não se sustenta. Michel Temer é presidente, mesmo que de forma interina, desde maio.

Quase oito meses se passaram e o que se descortinou foi um cenário que só piora, ainda tem eleição para a presidência do Senado e as articulações para a campanha política de 2018. Pelo que se vê 2017 será ainda mais agitado.

A suruba das empreiteiras com a viúva
   24 de dezembro de 2016   │     4:28  │  89

por Aprigio Vilanova

Entre as dez maiores empreiteiras do país, pelo menos sete estão envolvidas no esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato. A relação entre estas construtoras e o governo federal é antiga, dos tempos de Juscelino Kubitschek.

Com JK e a construção de Brasília, estas empreiteiras se reuniram para uma obra governamental pela primeira vez. Antes estavam circunscritas apenas as abrangências regionais.

JK elevou a condição de atuação nacional. Viraram irmãs e a viúva a gente já sabe quem é.

Na ditadura militar a relação atingiu o ápice. Todas as obras faraônicas do milagre econômico foram realizadas por estas mesmas empreiteiras. Se com a construção de Brasília estas empreiteiras se nacionalizaram, com a ditadura militar elas extrapolaram as fronteiras do país.

O historiador Pedro Campos em sua tese de doutorado “A ditadura dos empreiteiros”, investigou as relações entre as empreiteiras e o governo federal. Campos fala sobre o tamanho dos contratos:

“Se eles eram grandes, cresceram exponencialmente no regime militar. Se elas hoje são muito poderosas, ricas e têm um porte econômico como construtoras, posso dizer que elas eram maiores. O volume de investimentos em obras públicas era muito maior. Digamos que foi uma lua-de-mel bastante farta e prazerosa”.

A Ponte Rio-Niterói, por exemplo, foi concluída por um consórcio formado pela Camargo Correa, Mendes Júnior e Rabello. Após atrasos o governo cancelou o contrato com o primeiro consórcio de empreiteiras.

A Lava Jato trouxe a luz as relações nada republicanas entre o poder público e as empresas privadas. A relação promíscua é antiga e os esquemas de corrupção, propina idem.

Para Campos “Todos os indícios são de que a corrupção não aumentou. O que a gente tem hoje é uma série de mecanismos de fiscalização que expõe mais, bem maior do que havia antes. Na ditadura não tinha muitos mecanismos fiscalizadores, e o que havia era limitado”.