Monthly Archives: agosto 2016

Oração dos coxinhas. Senhor, escutai as preces dos coxinhas, amém
   17 de agosto de 2016   │     17:46  │  6

Brasília – Rezem antes de dormir e ao acordar. Conclua sempre com o amém.

Pelo fim da estabilidade no emprego público, rezemos ao Senhor!

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Pelo fim das universidades públicas gratuitas, rezemos ao Senhor!

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Pelo fim do FIES, Pró-UNE e Bolsa Família, rezemos ao Senhor!

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Pelo fim do crédito educativo, rezemos ao Senhor!

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Pela fixação da aposentadoria só aos 80 anos de idade, para homens e mulheres, rezemos ao Senhor.

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Pela jornada de trabalho de 100 horas semanais, com o intervalo de apenas 5 minutos para o almoço, rezemos ao Senhor.

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Pela extinção do Ministério Público do Trabalho e da Justiça do Trabalho, rezemos ao Senhor!

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Pela instalação da universidade paga, com mensalidade mínima de 5 mil reais, rezemos ao Senhor!

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Pelo fim do financiamento para compra da casa própria, rezemos ao Senhor!

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Pelo fim do programa Minha Casa, Minha Vida, rezemos ao Senhor!

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Pela privatização do Corpo de Bombeiros, rezemos ao Senhor!

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Pela desmilitarização da Polícia Militar, rezemos ao Senhor!

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Pelo fim do 13º salário, rezemos ao Senhor!

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Pela redução dos valores das aposentadorias e pensões, rezemos ao Senhor!

Senhor, escutai as preces dos coxinhas.

Amém.

Roberto Villanova

16 de agosto de 2016

Brasília – Dois terroristas islâmicos prepararam atentados a bombas no Brasil durante as Olimpíadas. Mas, não conseguiram levar a empreitada adiante.

Motivo: um deles, ao desembarcar no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, teve a bomba roubada e o outro pegou chicungunha e está internado.

A mais nova piada do humorista Zé Lezin seria apenas mais uma piada se não pudesse ser transposta para a realidade nacional.

Imaginem os “terroristas” que foram presos numa operação “espetaculosa” comandada pelo ministro da Justiça, com a cobertura do ministro da Defesa. Os “terroristas” presos são todos integrantes do bando do “Elizeu”, ou seja, lisos de dinheiro, e pretendiam comprar pela Internet – pasmem! -, um fuzil AK 47 pelo plano “fiadório”, segundo o próprio ministro da Justiça revelou.

Diga aí: é ou não é o País da piada pronta como bem definiu outro humorista, o José Simão?

Aliás, sobre o José Simão, tem essa explicação plausível diante da impossibilidade de se entender o motivo de o oficial de justiça não ter conseguido até hoje entregar a intimação do juiz Sergio Moro para a esposa do deputado Eduardo Cunha.

O Moro mandou o Usain Bolt entregar a intimação para a mulher do Lula e mandou o Rubens Barrichello entregar a intimação à mulher do Cunha.

Somente assim, com a piada do José Simão, é que se pode entender o que está se passando no Brasil. As provas contra a esposa de Cunha são irrefutáveis e foram levantadas pelo Ministério Público suíço, o que descarta de imediato e invalida a priori qualquer tentativa de se colocar como vingança dos “petralhas”.

A esposa de Cunha foi flagrada pelas autoridades suíças com 1 milhão de dólares, que ela não pode explicar a origem porque não tem emprego nem renda e depende do marido.

Mas, no País da piada pronta, felizmente tem espaço para o equilíbrio e a sensatez. Basta ler o que disse em recente palestra em São Paulo o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa:

“Nosso país está paralisado há mais de um ano em função de uma guerra entre facções políticas. Sabemos por alto que se trata de ambição, de ganância, de apego ao poder, tentativa de se perpetuar no poder para se proteger, mas também para continuar saqueando os recursos da nação”.

E sobre a votação do pedido de impeachment no Senado, Joaquim Barbosa definiu:

– “Aquilo ali era uma pura encenação para justificar a tomada do poder.

E assim, no País da piada pronta, onde só os humoristas definem a realidade explicita e só um ex-ministro do Supremo Tribunal Federal desvenda a verdade oculta, é que se pode entender a conclusão indignada de Joaquim Barbosa:

– “Colocar no lugar do presidente alguém que ou perdeu a eleição presidencial para o presidente que está saindo, ou alguém que sequer um dia teria o sonho de poder disputar uma eleição para presidente da República… (pausa) o Brasil, anotem, vai ter que conviver por mais de dois anos com essa anomalia”.

Vida longa para o Zé Lezin e José Simão, que podem ser levados a sério.

Cunha se sente abandonado por Temer e faz ameaças. Mas, Temer parece que perdeu o medo do Cunha
   15 de agosto de 2016   │     18:16  │  11

Brasília – Abafado pelos noticiários sobre as Olimpíadas, o recado que o deputado Eduardo Cunha mandou para o Michel Temer é chantagem, mas a chantagem e a traição fazem parte da República brasileira.

Cunha confessou que está se sentindo abandonado por Temer e abandono para ele é traição. Cunha ameaçou abrir a boca e contar tudo o que sabe.

Até agora o Cunha tem tido muita sorte, mas muita sorte mesmo, pelo juiz Sergio Moro não ter conseguido achar o endereço da esposa de Cunha a fim de lhe entregar a intimação para depor.

A esposa do deputado terá de explicar como conseguiu 1 milhão de dólares depositados na Suíça, se não tem renda. Ela é dependente do marido, e o marido é acusado de lavar dinheiro da corrupção na Suíça.

Está sendo difícil localizar a esposa do deputado. Típico caso para o Sherlock Homes resolver com a lupa.

Mas, e o que o Cunha quer mais afinal?

A esposa não foi localizada para receber a intimação para depor na Operação Lava Jato e ele poderia negociar a suspensão do mandato por seis meses, no lugar da cassação.

Ocorre que essa negociação para a suspensão do mandato por seis meses, com Cunha voltando à Câmara em 2017, não é consenso. Há quem aponte o desgaste para o governo, que ficaria marcado por salvar o Cunha da cassação.

Foi por isso que o Michel Temer sumiu das vistas do Cunha.

E foi também por isso que o Cunha ameaçou abrir a boca e contar tudo o que sabe. Ele não tem conseguido conversar com o Temer.

Por telefone nem pensar! A conversa tem que ser pessoal. Sim, mas onde?

A delação de Cunha atingiria o governo Temer, mas é pouco provável que a investigação progredisse, assim como se tornaram simplórias as delações do empresário Marcelo Odebrecht contra Serra, Temer e Padilha.

Na delação premiada o empresário disse que deu 21 milhões de reais para o Serra, 10 milhões de reais para o Temer e 4 milhões de reais para o Padilha.

Mas, a delação foi relegada ao plano inferior. O mesmo pode acontecer com a delação do Cunha, que não teria sequência e logo cairia no esquecimento. Além disso, é fácil reverter o impacto porque a imagem que fica é de revolta por não ter sido salvo pelo governo que ele abriu as portas do poder para que pudesse entrar.

Cunha se sente traído mas, como um homem inteligente que é, deve saber que a República brasileira surgiu da traição e está condenada a viver assim. Pelo menos, até que seja efetivamente proclamada.

Bem vindos ao passado
   14 de agosto de 2016   │     13:35  │  7

por Aprigio Vilanova

Parece incrivelmente anacrônico afirmar isso, mas só parece. A história não é linear e nem caminhamos para o progresso como quer fazer crer o ideário positivista, voltamos para o início do segundo milênio.

Com os três meses do governo interino de Michel Temer (PMDB-SP) a agenda política que segue sendo colocada em prática nos joga no Brasil dos anos 20, voltamos para antes do Estado Novo.

A política do café com Leite foi o período entre a república dos alagoanos (Deodoro e Floriano) e o estado novo de Getúlio Vargas. Basicamente era manter o poder nas mãos das elites agrícolas do Sudeste.

O Brasil recém saído da escravatura e pouco industrializado não conhecia direitos trabalhistas, também não conhecia serviço de atendimento universal de saúde, não existia uma rede de ensino público superior. Vale ressaltar a contribuição dos imigrantes italianos para o surgimento do movimento sindical no Brasil.

O Brasil do presidente interino Michel Temer está a passos largos para o passado. O programa é um salto para o atraso.

Sucateamento das universidades e institutos federais com o corte progressivo de verbas na educação, reformas na CLT que visa exclusivamente a extinção de direitos conquistados com a luta histórica dos trabalhadores brasileiros, implementação de um projeto que visa a mercantilização da saúde pública.

Esses são apenas alguns graves projetos de lei que caminham no Congresso Nacional e que fazem parte do pacote para o passado de Temer e seus aliados. O que impressiona é que uma plataforma política com essa agenda não ganharia as eleições.

A imprensa já noticia cortes que podem chegar a 45% nos investimentos e de até 20% no custeio da universidades. O Globo já se apressou em lançar editorial elencando os absurdos do ensino federal brasileiro.

Diz o editorial, mais ou menos, assim: A universidade pública brasileira é feita para a elite e portanto é necessário a privatização. Ora, que a universidade brasileira historicamente sempre foi lugar da classe média e da elite brasileira todos sabemos.

Já existiu até lei de cotas para filhos de usineiros ingressarem sem avaliação nos cursos de agronomia, vejam sem avaliação. Com as cotas para negros, índios e estudantes do ensino público a repercussão já sabemos.

Mas o problema é que o editorial do O Globo parte de um pressuposto verdadeiro, a universidade para ricos; para chegar a uma conclusão criminosa, a solução é a privatização. Não há outra maneira de nos tornarmos uma nação enquanto não priorizarmos a educação no nosso país.

As universidades precisam mesmo é serem popularizadas, cada vez mais os espaços precisam ser preenchidos pelas camadas historicamente excluídas da nossa população.

Temer assume o comando da operação para salvar Eduardo Cunha da cassação
   12 de agosto de 2016   │     1:41  │  25

Brasília – O Michel Temer assumiu o comando da operação para evitar que o deputado Eduardo Cunha seja cassado. Temer, que convenceu Cunha a renunciar a presidência da Câmara para facilitar a operação destinada a evitar a sua cassação, convenceu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a empurrar a votação do pedido de cassação de Cunha para setembro.

E mais: que a sessão fosse marcada para uma segunda-feira, dia em que os deputados estão voltando dos estados de origem e não tem sessão deliberativa exatamente porque dificilmente se atinge o quórum regimental.

Cunha ameaçou delatar o que sabe de maus feitos caso seja cassado e perca o foro privilegiado. Denunciado na Operação Lavo Jato, mas protegido pela imunidade parlamentar, Cunha é uma bomba ambulante e todos, inclusive o Temer, têm medo que ele para se vingar da cassação conte tudo o que sabe.

Dizem que Cunha sabe mais do que o empresário Marcelo Odebrecht, que confessou ter dado 21 milhões de reais para o José Serra, 10 milhões de reais para o Temer e 4 milhões de reais para o Elizeu Padilha e tudo sob o crivo de caixa 2.

Cunha sabe mais porque operou com praticamente todas as empreiteiras.

Há nesse esforço concentrado para evitar a cassação do Cunha o fato estranho de há 3 meses o juiz Sergio Moro não conseguir entregar a intimação à Cláudia Cruz, esposa de Cunha, para que ela explique como conseguiu 1 milhão de dólares depositados na Suíça, se não tem renda alguma?

O oficial de justiça foi duas vezes à residência do casal, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, nos dias 14 e 16 do mês passado, e não conseguiu encontra-la para entregar a intimação de Moro. O advogado dela explicou que Cláudia passa a semana em Brasília com o marido e volta nos finais de semana para o Rio de Janeiro.

Não seria o caso de aguardá-la no aeroporto?

Não sei; só sei que o oficial de justiça não conseguiu até agora entregar a intimação e a esposa de Cunha permanece inatingível para a Operação Lava Jato. Esse desencontro encaixa-se perfeitamente no plano comandado por Temer para salvar o Cunha da cassação do mandato e evitar que ele, para se vingar, relate o que sabe.

O plano para salvar Cunha tem inclusive a compensação para aplacar a ira popular. Cunha teria o mandato suspenso até o final do ano e só retornaria em 2017, quando a amnesia nacional já o teria deixado no passado remoto.

Está tudo esquematizado. Afinal, para Temer é melhor o desgaste momentâneo por ter-se empenhado em salvar o mandato de Cunha a ter de padecer diante da bombástica delação que vier a fazer.

Para cassar o mandato de Cunha são necessários 257 votos entre os 513. Como a sessão foi marcada para uma segunda-feira, dia de baixa frequência em plenário, a possibilidade de evitar a cassação aumenta consideravelmente porque Cunha controla 200 deputados, a maioria evangélicos iguais a ele, que é o dono da rede Assembleia de Deus Madureira.

E, confiante de que não será cassado, Cunha já planeja disputar novamente a presidência da Câmara na legislatura que se inicia em 2018.