Monthly Archives: agosto 2016

Lembrando Juscelino: “Feliz a nação que pode vaiar o seu presidente”. Dito isso, ele foi aplaudido
   25 de agosto de 2016   │     1:12  │  12

Brasília – Começa nesta quinta-feira 25 a contagem regressiva para encerrar o ciclo do Partido dos Trabalhadores no poder. O final dar-se-á de forma melancólica, mas isso não apaga o feito inédito desde 1889 quando se proclamou a República – é que nunca, na história deste País, um partido político conseguiu permanecer por tanto tempo no poder.

Da eleição do Lula em 2002, a reeleição em 2006, a eleição da presidente Dilma em 2010 e a reeleição em 2014 formam o ciclo de 14 anos, que nenhum outro grupo político conseguiu.

Proclamada com um golpe em 1889, a República brasileira coleciona pelo menos mais 20 golpes entre golpes militares e civis, ou em conjunto. Quem perde a disputa nas urnas costuma tomar o poder à força ou mediante tramas, nas quais se criam os meios de se burlar a lei e a própria Constituição – que, na prática, consagra o blefe quando proclama que todo poder emana do povo e no nome do povo será exercido.

Conversa.

O poder emana mesmo de quem se junta para exercê-lo de qualquer forma, inclusive à força. Vejam o exemplo do Senado, onde alguns senadores que não obtiveram voto algum porque são suplentes que estão no exercício do mandato alheio vão cassar os votos de 54 milhões de eleitores.

E tudo assim, muito simples e rápido, com apenas um sim quando for chamado a votar e anular os 54 milhões de votos legítimos e que dizem ser soberanos e não é. Como explicar que alguém que não obteve voto algum possa anular o voto do cidadão que cumpriu com o dever cívico de ir às urnas e agora descobre que o voto dele nada vale?

É complicado para entender.

Nada mais há para fazer por parte da presidente Dilma, a não ser arrumar a bagagem, porque o fato já está consumado desde o dia seguinte à divulgação do resultado da eleição no segundo turno em 2014. A demora se deve à criação do meio pelo qual se pode dar aparência de legitimidade ao ilegítimo.

O que vai acontecer no dia seguinte é difícil de prever porque se o novo governo colocar em prática as medidas duras que estão aguardando apenas o desfecho da votação do afastamento da Dilma, a reação não virá apenas do PT e simpatizantes, mas especialmente da classe média que vaiou o Michel Temer no Maracanã e defende uma solução diferente para o impasse político.

Não é fácil. Temer terá a tarefa hercúlea para se desincumbir, que é atrair a atenção da nação e conquistar a classe média que o vaiou no Maracanã. E sobre as vaias, repasso aqui a memorável lição do então presidente Juscelino Kubistchek e que o Temer, quem sabe, pode tomá-la como inspiração.

Durante uma solenidade no Rio de Janeiro, o presidente Juscelino Kubistchek não conseguiu iniciar o seu discurso devido às vaias. Ele não desistiu e permaneceu no palanque; calou-se, ouviu as vaias até quando os que o vaiavam cansaram.

E como quem diz: cansaram? O Juscelino pegou o microfone e falou:

Feliz a nação que pode vaiar o seu presidente!

Conclusão: foi aplaudido. Sim, tem o detalhe: o Juscelino Kubistchek foi eleito pelo voto popular; ele não foi içado ao poder e isso faz a diferença, mas, quem sabe na República brasileira com mais de 20 golpes, um golpe a mais ou a menos é “bronca safada”.

Deus salva então o Brasil!

Denunciada na Lava Jato, esposa de Cunha mora onde não mora ninguém e por isso ainda não foi intimada
   23 de agosto de 2016   │     19:36  │  11

Brasília – O juiz Sergio Moro marcou para sexta-feira 26, em Curitiba, a audiência com a sra. Cláudia Cordeiro Cruz, esposa do deputado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Claudia é acusada de depositar 1 milhão de dólares na Suíça, produto de evasão de divisa e lavagem de dinheiro, de acordo com a acusação baseada em provas levantadas e encaminhadas pelo Ministério Público suíço.

O advogado Pierpaolo Boltini, que defende Cláudia, ofereceu dois endereços para o juiz, mas um deles não vale porque se trata da residência oficial do presidente da Câmara – e o marido não é mais o presidente.

No outro endereço, no Rio de Janeiro, a Cláudia não foi encontrada para assinar a intimação.

Está difícil encontrar a mulher do Cunha, que, ao mesmo tempo em que consegue esconder a mulher, também consegue manobrar para escapar da cassação do mandato.

Deixando claro que está sendo conduzido pelo próprio Cunha, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, manteve a sessão que vai julgar o ex-presidente para uma segunda-feira, quando não há quórum para se deliberar nada.

Diante das manobras que foram feitas, começando pelo tempo de duração do processo contra o Cunha, que é o mais longo da história do Congresso brasileiro desde a proclamação da República, até a data marcada para votação  numa segunda-feira, ganha corpo a informação de que  o ex-presidente da Câmara não será cassado, apesar da gravidade das denúncias e das provas irrefutáveis contra ele.

O motivo é a ameaça que Cunha fez de entregar todo mundo caso seja cassada ou se a mulher dele vier a ser presa.

O próprio Michel Temer está preocupado com as ameaças de Cunha, que é uma verdadeira bomba ambulante.

No que se refere ao julgamento na Câmara, o que foi acertado é que haverá apenas a punição com a suspensão do mandato até 1° de fevereiro de 2017. Mas isso só não basta porque Cunha exige também que a mulher dele seja inocentada no processo na Operação Lava Jato, e isso depende do juiz Sergio Moro.

Vamos aguardar então até sexta-feira 26. Se a mulher do Cunha não comparecer à audiência em Curitiba ou se a audiência for cancelada, então, o Cunha é mesmo o cara da República brasileira dos golpes.

 

A jaula de ferro, segundo o jornal alemão, duas baixas e os terroristas trapalhões. Mas, valeu!
   21 de agosto de 2016   │     21:06  │  6

Brasília – O jornal alemão Süddent Zeitung publicou que o Michel Temer deu entrevista à imprensa estrangeira, durante a abertura das Olímpiadas, protegido por uma “jaula de ferro”.

Isso explica o real motivo de o Temer não ter comparecido à solenidade de encerramento, o que é uma desfeita para a história milenar das Olimpíadas.

É como se o dono da casa não fosse até a porta se despedir e agradecer os visitantes.

Perto de se reunir com o chamado G 20, o grupo dos Países mais ricos, Temer chegará a Pequim fragilizado por essa demonstração de incapacidade de se dirigir à nação.

Como confiar num governo que não tem coragem de encarar os próprios governados?

O mais complicado do ponto de vista interno é como o Temer vai comandar o desmonte das conquistas sociais, se não tem condições de se dirigir à nação? Chegará o momento em que não basta se recolher ao estúdio e editar os testos; será preciso encarar a nação.

A classe média que vaiou Temer na abertura das Olímpiadas, no Maracanã, é a mesma classe média que foi às ruas contra a Dilma. E essa classe média não está satisfeita com a solução proposta e apelidada de impeachment, porque não confia nos atores.

Nessa primeira Olímpiadas na América do Sul o que ficou registrado como curiosidade e fato inédito é a ausência de Temer no encerramento, os mártires – a onça Juma e o soldado morto por traficantes – e os terroristas trapalhões que pretendiam comprar um AK 47 fiado e ainda por cima pela Internet.

Interessante é que na olimpíada política na qual se disputa o jogo de carta marcada, também há cenas que misturam a tragédia com o humor.

Imagine que todos os algozes da Dilma no Senado estão denunciados na Operação Lava Jato – e ela não; ela não cometeu crime nenhum.

Talvez isso explique a indignação do jornalista alemão, que chamou de “jaula de ferro” a blindagem ao Temer na entrevista à imprensa estrangeira na abertura das Olimpíadas.

E assim, com “jaula de ferro”, dois mártires e os terroristas mulçumanos trapalhões que pretendia comprar um AK 47 fiado e pela Internet, terminou mais uma Olímpiadas da Era Moderna.

Da Era Moderna? Sim, a exceção é o Brasil político porque esse ainda se utiliza de golpes como nos velhos tempos…

Temer decide não ir encerra as Olimpíadas e Dilma decide encarar os algozes no Senado
   19 de agosto de 2016   │     23:37  │  7

Brasília – A primeira Olimpíada na América Latina ( desculpem-me: do Sul )ficará marcada por dois acontecimentos políticos – um diretamente ligado aos jogos e outro ligado ao jogo político.

As vaias na abertura das Olimpíadas mostraram para o Michel Temer que não há escapatória. A assessoria de Temer pediu e foi atendida para que o nome dele não fosse anunciado, mas não havia como o cerimonial evitar que Temer declarasse os jogos abertos às competições, assim como não tem como escondê-lo para evitar que declare os jogos encerrados – e aí, tome vaia.

Seria o fato inédito na história das Olimpíadas não só na Idade Moderna, mas Antiga. Desde os primórdios os Jogos Olímpicos servem para os reis, príncipes, ditadores e presidentes de repúblicas se exibirem – e a exceção será o Temer, o que coloca o Brasil na exceção na história milenar das Olimpíadas.

Temer também será vaiado quando chegar a Pequim para a reunião do G 20 e, isto não será bom para ele, pois os demais mandatários entenderão que estão tratando com um presidente sem respaldo popular.

É importante entender e levar em conta que não é apenas o PT que está vaiando Temer, mas a maioria esmagadora daqueles que saíram às ruas pedindo nova eleição. Esses não querem Dilma nem Temer.

E enquanto o Temer foge das ruas, a Dilma decide encarar os algozes no Senado. E se for provocada pelos senadores Magno Malta, Ronaldo Caiado ou o Aécio Neves ela poderá – ou não -, dar uma resposta que vão humilhá-los.

É por isso que existem duas correntes: uma defende que Dilma deve responder as provocações e outra que deve ignorá-las.  Dilma ainda não decidiu como vai reagir, mas, considerando-se que é a oportunidade de se dirigir ao mundo, ela pode sim desmascarar cada um dos seus algozes, pois estão todos denunciados na Operação Lava Jato.

E ela não está.

Dilma decide ir se defender no Senado e tem resposta pronta caso seja provocada
   17 de agosto de 2016   │     22:32  │  25

Brasília – A presidente Dilma decidiu ir ao Senado, embora ela já saiba que na prática o processo do impeachment é jogo de carta marcada; não é um embate efetivamente jurídico, pois é muito mais encenação.

A maioria dos senadores já decidiu cassar o voto do eleitor e tirá-la do poder. Não há crime; a Dilma não cometeu crime nenhum e é por isso que ela decidiu encarar os senadores.

E é bom não provocá-la, porque a resposta será arrasadora. Ela responderá, por exemplo, que não é investigada pela Operação Lava Jato.

Se o senador Magno Malta provocá-la como aquele “vá com Deus”, a Dilma responderá:

… E de cabeça erguida, porque não cometi nenhum crime nem estou denunciada na Operação Lava Jato.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowiski, marcou para o dia 28 a sessão para os senadores ouvirem a Dilma. É a oportunidade da presidente falar não apenas para o Brasil, mas para o mundo.

E o mundo ainda não entendeu como uma presidente que não cometeu crime algum pode ser apeada do poder apenas para se reverter no tapetão o resultado da eleição?